Manaus, 16 de maio de 2024
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Manaus, 16 de maio de 2024

Cenário

PDT busca espaço no Sindicato dos Metalúrgicos

PDT busca espaço no Sindicato dos Metalúrgicos

Há mais de uma década no controle do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindimetal), o Partido dos Trabalhadores (PT) terá, agora, que disputar espaço com o Partido Democrático Trabalhista (PDT), na luta pelos direitos dos associados. Membros pedetistas do sindicato, insatisfeitos com a administração do presidente do Sindimetal, Valdemir Santana (que também é dirigente municipal do PT, em Manaus), criaram o Núcleo Sindical do PDT.

Valdemir Satana e Afrânio Barão: PT e PDT, respectivamente, na gestão do Sindicato dos Metalúrgicos (Reprodução/Facebook)

O Sindimetal representa interesses de, aproximadamente, 90 mil trabalhadores do Polo Industrial de Manaus (PIM). O núcleo pedetista tem 253 lideranças, representadas por Afrânio Barão, que é secretário-geral do sindicato.

Afrânio apontou pelo menos três pontos negativos da gestão do presidente do Sindimetal que causaram a ruptura do grupo e, segundo ele, comprometem a luta pelos direitos dos trabalhadores, apesar da significativa arrecadação da entidade.

“Diante de inúmeras tentativas de buscarmos a resolução desses problemas sem nenhum êxito, resolvemos criar um núcleo independente dentro do sindicato que vai buscar lutar de fato pelos direitos dos trabalhadores, independente, de questões partidárias”, afirmou Barão.

O primeiro ponto citado pelo presidente do Núcleo Sindical do PDT é a ausência da criação de políticas públicas para os trabalhadores e o excesso de política partidária. “Apesar de sermos do PDT, a nossa bandeira é suprapartidária e vamos lutar para que todos os sindicalistas de todos os segmentos possam somar forças para a busca de melhorias para classe e fortalecimento do polo industrial”, afirmou Afrânio Barão.

Transparência

Ele apontou, também, a falta de transparência na divulgação das receitas e despesas do Sindimetal.  “Núcleo Sindical exige transparência com as contas e patrimônio dos trabalhadores que contribuem para a manutenção do sindicato  e buscam resgatar a confiança e o respeito da sociedade”, disse.

O comprometimento com ações específicas para os trabalhadores do Polo Industrial de Manaus foi o terceiro ponto questionado na gestão de Valdemir Santana. “Não observamos o planejamento de projetos específicos para atender à demanda da classe trabalhadora”, disse Afrânio.


Ele explicou que o Sindimetal é um dos maiores sindicatos do Estado em arrecadação, mas não se vê na entidade, por exemplo, cursos de qualificação profissional, projetos de cultura e lazer, além curso de formação para liderança sindical tão solicitado pela classe. “Lamentamos que ações básicas como essas precisem ser cobradas”, concluiu o presidente do Núcleo do PDT, no Sindimetal.

‘Normalidade’

A assessoria de imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos viu com normalidade a criação do Núcleo do PDT dentro da entidade. Segundo a assessoria, outras legendas partidárias, também, participam da gestão do sindicato.  

“MDB, PCdoB, PT, PSol, PSDB, PSB e o DEM formaram seus núcleos com o objetivo de defender a sua aproximação aos trabalhadores filiados e não filiados, atraindo-os para dentro da base política de suas próprias agremiações partidárias”, informou o texto enviado ao Amazonas1 pela assessoria do Sindimetal.

Sobre a criação do Núcleo do PDT, a assessoria do Sindimetal atribuiu a interesses eleitorais do governador Amazonino Mendes, que é presidente da sigla no Amazonas, e deve disputar a reeleição neste ano.

“No caso do PDT, a luta é formatada em cima de uma disputa por cargos na diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas. O acordo teria sido costurado na sede do governo Amazonino Mendes, que pretende entrar no chão de fábrica via dissidentes sindicais”, apontou a nota do Sindimetal.

Afastado

Valdemir Santana e toda a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos foi afastada da presidência do Sindicato dos Metalúrgicos, no dia 26 setembro do ano passado. O afastamento foi determinado pelo juiz plantonista da 12ª Vara do Trabalho de Manaus, Adilson Maciel Dantas, por conta de denúncias de irregularidades na última eleição da entidade, ocorrida em abril de 2017.  

Uma junta governativa provisória assumiu o comando do sindicato. Nos primeiros dez dias de auditoria foram encontradas diversas saídas de dinheiro das contas do Sindmetal sem comprovação. O sindicato arrecada mais de R$ 1,5 milhão mensal, segundo a Junta Governativa, mas as contas bancárias estavam praticamente zeradas.

No, dia 30 de novembro de 2016, dois meses depois do afastamento, a Justiça decidiu reconduzir Valdemir à presidência do sindicato.