Iniciou na manhã desta quarta- feira, 5, o julgamento do dentista Milton César Freire da Silva, acusado de matar a ex-mulher, a perita criminal Lorena Baptista, em julho de 2010.
A sessão que iniciou às 9:58h, é presidida pelo juiz de direito da 1.ª Vara do Tribunal do Júri, Mateus Guedes Rio e deve se estender até sexta-feira, 07. Cerca de 160 pessoas entre familiares do réu e da vítima acompanham desde cedo o julgamento no Fórum Ministro Henoch Reis, na zona sul de Manaus.
Segundo Ennio Baptista, irmão de Lorena, a família está confiante na condenação do réu. “A nossa certeza é que a sociedade do Amazonas vai saber o que aconteceu no dia do crime. A conclusão do perito (contratado pela família) é categórica, foi homicídio na opinião dele”, disse.
Os familiares do réu preferiram não falar com a reportagem do Amazonas1.
Durante o julgamento serão ouvidas cinco testemunhas arroladas pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) e pelos advogados que atuarão como assistentes de acusação; cinco testemunhas arroladas pela defesa do réu; uma testemunha do Juízo; um perito e três assistentes técnicos. O Conselho de sentença é formado por três mulheres e quatro homens.
Além das provas periciais apresentadas pelos profissionais do Instituto de Criminalística da Polícia Civil do AM (IC-PCAM), os autos trazem material produzido por peritos contratados pela família do réu (Ricardo Molina de Figueiredo) e da vítima (Alberi Espíndola).
O MP-AM destacou os promotores José Augusto Palheta Taveira Júnior e Armando Gurgel Maia para atuar na acusação.
Os promotores terão como assistentes de acusação os advogados Felix Valois Coelho Junior; Catharina de Souza Cruz Estrella; Lúcia Honório de Valois Coelho; Diego Marcelo Padilha Gonçalves; Fábio Agustinho da Silva e Danilo Lima de Souza.
O acusado terá em sua defesa os advogados Felipe de Freitas Nascimento; Walter Junior Elesbão da Silva; Lino Chíxaro e Carla Dayany Luz Abreu.
O crime
De acordo com o inquérito policial, que originou a denúncia do MP-AM, em 5 de julho de 2010, por volta da meia-noite, Lorena chegou ao Condomínio Villa-Lobos, no bairro Parque 10 de Novembro, acompanhada do filho menor do casal, e foi recebida pelo porteiro do condomínio.
Lorena informou que ela e o filho iriam ao apartamento de Milton. Já no apartamento, ainda segundo a denúncia, após uma discussão entre vítima e acusado, Lorena sacou a arma que levava na cintura.
A arma teria sido tomada por Milton, que apontou para a cabeça de Lorena e atirou, causando a morte instantânea da perita. Milton deixou o filho aos cuidados de um vizinho e se evadiu a pé do local dos fatos.
Nota da Defesa
Em nota, a defesa do acusado destacou que a acusação não se trata de feminicídio, mas de homicídio simples, pela qual Milton já teria sido absolvido em fevereiro de 2014. Na época, a sentença entendeu que houve um disparo acidental quando Milton tentava desarmar a ex-mulher.
Confira um trecho da nota:
“Segundo destaca a sentença absolutória, as ações de Lorena Baptista na data dos fatos, “a qualfora até a residência do acusado, armada e portando luvas cirúrgicas, ratificam o entendimento de que a vítima encontrava-se em estado emocional desequilibrado”. Registra-se que, naquela madrugada, Lorena usou o filho de 11 anos para burlar a segurança do condomínio e surpreender Milton César, que dormia em sua residência. É importante lembrar, ainda, que na época dos fatos, o casal estava separado há mais de um ano e que nesse período de separação, a Perita da Polícia Civil já havia atentado contra a vida de Milton César com uma arma de fogo, ocasião em que ele conseguiu desarmá-la.”
Manifestação
As mulheres do Fórum Permanente das Mulheres de Manaus (FPMM) estão em manifestação em frente ao fórum. O grupo cumpre uma meta de fazer vigília em todos os julgamentos de caso de feminicídio do ano, e apesar da morte de Lorena Baptista ter sido considerada homicídio, o FPMM protesta contra a violência contra a mulher.
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