Manaus, 20 de maio de 2024
×
Manaus, 20 de maio de 2024

Manchete

Defesa diz que Melo é perseguido por ferir interesses políticos, no Fantástico

Defesa diz que Melo é perseguido por ferir interesses políticos, no Fantástico

Ex-governador foi preso duas vezes em dezembro (Foto: Reprodução/Fantástico/Rede Globo)

Integrante do grupo político que governa o Amazonas desde a década de 1980, o ex-governador José Melo (PROS) alega, por meio da sua defesa, que “feriu os interesses políticos e de um grupo criminoso organizado e, por isso, está sendo acusado falsamente”. Melo, que foi secretário de Estado nas gestões de Amazonino Mendes (PDT) e Eduardo Braga (MDB), além de vice de Omar Aziz, (PSD), está preso desde o dia 31 de dezembro e seus passos são acompanhados de perto por quem tem medo de uma possível delação premiada.

José Carlos Cavalcanti, advogado de Melo (Foto: Reprodução/Fantástico/Rede Globo)

A afirmação de que o ex-governador é alvo de perseguição é do advogado José Carlos Cavalcanti Júnior, em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, exibida neste domingo (8).

O ex-governador foi levado de uma mansão onde vive para uma cela da Polícia Federal (PF) em plena passagem de ano, depois que se preparava para passar o Réveillon em seu imóvel avaliado em R$ 7 milhões.

Melo foi alvo da Operação Estado de Emergência, a terceira fase da Operação Maus Caminhos, que investiga desvios de mais de R$ 110 milhões da saúde pública do Estado. Ele já havia sido preso no dia 21, oito dias depois da deflagração da segunda fase da Maus Caminhos, batizada de Custo Político.

Prisão onde Melo passou a virada de ano (Foto: Reprodução/Fantástico/Rede Globo)

O dinheiro, que deveria ter sido aplicado em hospitais, por exemplo, foi usado para bancar a mordomia de políticos e funcionários públicos. “A coisa pública passou a ser, em um determinado momento, a ser propriedade desse grupo”, afirmou o deputado Alexandre Saraiva, superintendente da PF no Amazonas, em entrevista ao Fantástico.

Ex-governador foi preso duas vezes em dezembro (Foto: Reprodução/Fantástico/Rede Globo)

Relação com o poder

José Melo foi secretário municipal de Educação em 1993, na gestão do então prefeito de Manaus Amazonino Mendes. Amazonino era parte do grupo de Gilberto Mestrinho, que chegou ao governo do Estado em março de 1983.

Em 1995, já no segundo mandato de Amazonino no governo do Estado, Melo assumiu a Secretaria de Estado da Educação (Seduc).

No terceiro mandato de Amazonino como governador, José Melo se licenciou do cargo de deputado federal, entre 2000 e 2002, para assumir as funções de secretário de Coordenação do Interior do Estado do Amazonas.

Em 2003, Melo tornou-se secretário de Estado de Governo na gestão do hoje senador Eduardo Braga, permanecendo no cargo até 2010.

Naquele ano, concorreu ao cargo de vice-governador do Amazonas, na chapa composta com o candidato Omar Aziz, então no PMN. Omar foi eleito governador ainda no primeiro turno.

Melo chegou ao cargo de governador em abril de 2014, depois que Omar deixou o cargo para disputar a eleição para o Senado.

Operação para desarticular grupo criminoso

A operação Maus Caminhos foi deflagrada em 2016 para desarticular um grupo que possuía contratos firmados com o Governo do Estado para a gestão de três unidades no Estado, uma em Manaus, outra em Tabatinga e uma em Rio Preto da Eva.

A gestão dessas unidades de saúde era feita pelo Instituto Novos Caminhos (INC), do médico e empresário Mouhamad Moustafa, preso três vezes desde o início das investigações.

Luxo para ex-secretários presos

De acordo com a Polícia Federal, parte do dinheiro desviado bancou luxo para ex-secretários presos. Pedro Elias, que chefiou a Susam, foi ao Rio de Janeiro e se hospedou no Copacabana Palace. Entre hotel, carro e segurança deu R$ 48.536.

Pedro Elias se hospedou no Copacabana Palace (Foto: Divulgação)

Para Afonso Lobo, da Fazenda, foram dados vinhos que custam, pelo menos, R$ 33 mil.

Já o irmão do ex-governador, Evandro Melo, que chefiou a secretaria de Administração, era quem mais recebia propina. Moustafa chegou a afirmar que pagava R$ 300 mil por mês para ele.

“Além disso, (esse dinheiro desviado) proporcionava viagens em jatinho particular. Este empresário (Moustafa) gostava de se gabar por corromper. Dizia que isso era o dom dele”, explicou o delegado da PF, Alexandre Teixeira.

Mansão de Melo, estimada em R$ 7 milhões pela PF ((Foto: Reprodução/Fantástico/Rede Globo)