Manaus, 29 de março de 2024
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Manaus, 29 de março de 2024

Política

Marcelo Amil: ‘o PMN será um tentáculo do Amazonino’

O advogado Marcelo Amil foi surpreendido pela Executiva Nacional do PMN que colocou na presidência do partido o ex-secretário da Amazonastur na gestão de Amazonino Mendes, o empresário Orsine Júnior

Marcelo Amil: ‘o PMN será um tentáculo do Amazonino’

Divulgação

“Eu estava recebendo pressão para colocar a turma do Amazonino no partido desde o início do ano. Eu neguei. Dormi presidente e acordei destituído do cargo”. A declaração é do advogado Marcelo Amil que anunciou nesta segunda-feira, 3, que não é mais o presidente regional do Partido da Mobilidade Nacional (PMN).

Assume a presidência do PMN no Amazonas o ex-secretário da Amazonastur da última gestão de Amazonino Mendes (sem partido), o empresário Orsine Júnior. A vice-presidência fica com João Schineider Santos, a tesoureira será Carliette Batista de Oliveira, a vogal com Ana Carolina Alves Rodrigues Ramos e o secretário permanece Afonso Maria Aquino de Melo. 

Leia mais em: PMN contará com seis candidatos LGBTQIA+ nas eleições 2020

Ao Amazonas1, Amil afirmou que esperava o mínimo de decência da executiva nacional em avisar que ele seria retirado do partido.

“Nunca pedi para ser presidente e fui convidado pelo Carlos Massarollo (presidente nacional). Assumi o desafio e estávamos transformando o PMN no Amazonas. Uma pena que ele não acreditou nisso e de repente abriram mão desse trabalho. O PMN será um tentáculo do Amazonino”, afirmou Marcelo Amil.

À imprensa, o advogado enviou uma nota onde afirma que “a turma do Amazonino” prometeu “passar um trator” por cima da diretoria de Marcelo Amil. “Eu disse que esperaria o trator porque quis acreditar que o estatuto do partido seria respeitado, que um partido estatutariamente socialista não se renderia a qualquer coisa que não fosse sua ideologia. Infelizmente, eu estava enganado”, diz a nota.


Leia abaixo a carta de Marcelo Amil ao anunciar a saída do PMN

Por esta carta torno público que não sou mais o presidente estadual do PMN Amazonas.

Em julho de 2019, eu fui chamado à convenção nacional do partido em São Paulo, onde eu sequer era convencional, e recebi do presidente Carlos Massarollo o convite para ser presidente do partido. Aceitei o desafio.

Encontrei um partido com prestações de contas vencidas, com contas bancárias encerradas, com diretórios irregulares, sem sede e sem nenhuma relevância na política local. Dediquei meus dias a mudar isso. Construímos diretórios, apresentamos uma alternativa à cidade de Manaus. Apesar dos assédios, conseguimos arregimentar mais de cinquenta pré-candidatos a vereador(a).

Demos vida ao partido nomeando uma coordenação do PMN Diversidade, fomos pioneiros na luta pelo respeito orientando nossos diretórios a reservar vagas para candidatos LGBTQ+. Inserimos o PMN nas comunidades por meio da criação de zonais. Iniciamos a realização de cursos de formação política para nossos militantes nas comunidades. Criamos um webprograma exclusivo para divulgar o partido. Já tínhamos datas para nomear a coordenação de mulheres e o PMN jovem. Colocamos o PMN no centro do debate político sobre a sucessão à Prefeitura de Manaus. Transformamos o PMN num partido de verdade.

Desde o mês de janeiro, eu venho recebendo pressões para receber no partido um grupo ligado ao ex-governador Amazonino Mendes. Recusei-me. Conversei, por ordem do presidente nacional, com pessoas desse grupo. Ouvi deles que seria passado um trator por cima de mim. Eu disse que esperaria o trator porque quis acreditar que o estatuto do partido seria respeitado, que um partido estatutariamente socialista não se renderia a qualquer coisa que não fosse sua ideologia. Infelizmente, eu estava enganado.

Na manhã de ontem (1º), eu fui surpreendido com a desativação do diretório que eu presidia, e hoje visualizei no site do TRE a nomeação de uma nova direção. Lamento que o presidente Massarollo, que me pediu pra ir a SP onde me convidou para presidir o partido, não tenha tido a hombridade de me telefonar para dizer que eu não seria mais presidente. Minha gestão iria em tese até maio de 2020.

Infelizmente, o trator do atraso passou por cima das flores do futuro. Sigo meu caminho defendendo tudo em que sempre acreditei. Me alegra saber que a esmagadora maioria dos companheiros que fiz no PMN se dispôs a continuar na caminhada, pois quem mudou não fomos nós, foi o PMN. Agradeço a todos os apoiadores e, principalmente, aos jornalistas que sempre abriram o espaço para o debate saudável de temas relevantes a nossa sociedade.