Manaus, 11 de maio de 2024
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Manaus, 11 de maio de 2024

Economia

Por que os alimentos são mais caros no interior do Amazonas? Saiba os motivos

Moradores do interior do Amazonas pagam mais caros nos alimentos; economista e consultor de empresa, Ailson Rezende explica a alta nos preços

Por que os alimentos são mais caros no interior do Amazonas? Saiba os motivos

Foto: divulgação / Freepik

Amazonas – Desde o início da pandemia provocada pela covid-19, o preço dos produtos alimentícios começaram a sofrer reajustes nas prateleiras dos supermercados em todo o Brasil. Começou com a alta do arroz, depois do feijão, óleo de cozinha e das carnes vermelhas e do frango e, agora, todos os itens da cesta básica (carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo, manteiga) já apresentam alta.  No Amazonas, não tem sido diferente e não é só por conta da pandemia da covid-19, essa diferença sempre existiu.

Nas cidades do interior em comparação com a capital Manaus, os preços destes produtos que compõem a cesta básica sofrem alterações distintas, mas qual a explicação par isto?

Segundo o economista e consultor de empresa, Ailson Rezende, um dos motivos para essa diferença de preços principalmente nos produtos alimentícios, é pela baixa produção nas 61 cidades do interior do Amazonas, que faz com que mercadorias sejam levadas da capital para os municípios.

“O interior do Estado produz muito pouco e precisa levar da capital os mais diversos produtos, principalmente os gêneros alimentícios. Com preços elevados na capital, o produto chega ao interior ainda mais caro, pois são adicionados ao preço inicial dos produtos frete, seguro e ganhos dos revendedores”, ressaltou Rezende.

Outro impostos também são acrescidos aos produtos quando chegam ao destino final e são vendidos ao consumidor. “Além dos tributos, da capital, outro deles incidem no preço final da mercadoria. Ao chegar no interior, o produto vendido sofre novamente a incidências dos tributos na venda, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Programas de Integração Social (PIS) e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS), etc.”, afirma o economista.

O consultor disse que se a redução da alíquota de ICMS sobre os produtos da cesta básica fossem mantidos, os preços poderiam ser mais baixos. “Infelizmente o governo estadual retirou a redução da alíquota do ICMS sobre os produtos da cesta básica, deixando o preço dos produtos ainda maiores em Manaus”, comentou.

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Tefé

Para Débora Wendy Vargas Ramos, desempregada no momento e moradora do município de Tefé (522 km de distância de Manaus), os preços estão ficando cada vez mais caros. Ela relatou que antes comprava um litro de óleo a R$ 4,00, mas há comércios que vendem até por R$ 10.

“Aqui por perto o açúcar está R$ 3,50, o arroz a R$ 4,50, o óleo R$ 8, o feijão R$ 4, um quilo de carne em média R$25. O óleo a gente comprava de R$ 4, 5, agora está R$8 e tem lugar que a gente encontra de R$10”, informou ela.

Débora Wendy disse que mora com a mãe, que gasta em média R$300 para as compras, porém o valor não dar mais para “comer” o mês inteiro. “Moro com minha mãe e o que ela compra não dar para um mês inteiro. Ela separa em média R$ 300 para o mercado”, diz Débora.

Tabatinga

Para a professora Érica Moura Mendes, de Tabatinga (1.107 km de distância de Manaus), solteira e mãe de duas filhas, o que está mais tem pesado na compra da cesta básica é o frango e a carne.

“O preço do arroz aqui em Tabatinga é R$ 3,50, mas depende do arroz. Já o feijão de custa entre R$ 8 reais e R$ 9 reais. O açúcar mais comum é R$ 3,00 reais, o melhor já sai a R$ 4,00 e o óleo de cozinha está R$ 8,00. O que está mais caro aqui é o frango sadia que saí em média R$25 reais e carne para cozido R$ 35 a R$ 40 reais o quilo”, disse Érica.

Érica contou que gasta em média R$175 nas compras mensais, mas com os preços aumentando a cada dia, o valor não vai suprir nem parte de suas necessidades se continuar dessa forma.

Tomada de Preço

O consultor também relembrou que a Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) realiza tomada de preços dos produtos alimentícios da cesta básica e é perceptível essa variação a cada pesquisa.

“A Comissão de Defesa do Consumidor da ALEAM faz pesquisa de preços da cesta básica em Manaus utilizando 26 itens, de acordo a pesquisa de fevereiro, o preço destes produtos da cesta básica teve aumento de 44,3%, o grupo de alimentos mais baratos foi de R$ 201,13 e a cesta mais cara custa R$ 290,32, com variação de R$ 89,19”, enfatizou Ailson Rezende.