Manaus, 17 de maio de 2024
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Cultura

‘Porto de Lenha’ ganha nova versão e clipe no Youtube após 40 anos; confira

A primeira versão da canção "Porto de Lenha" foi feita na década de 70 e até os dias atuais é entoada como símbolo cultural do Amazonas

‘Porto de Lenha’ ganha nova versão e clipe no Youtube após 40 anos; confira

Foto: divulgação / Torrinho

Manaus – Uma das canções mais entoadas ao longo de quarenta anos, em Manaus, “Porto de Lenha” composta pelo cantor Torrinho e pelo escritor e jornalista Aldísio Filgueiras, o “hino amazonense” ganhou uma versão repaginada, em clipe lançado nesta quarta-feira (17), por meio do canal no Youtube.

De acordo com o compositor Torrinho, essa versão é mais moderna e traz juventude em seu acordes, mas que as versões anteriores gravadas em 1983 e 1992. Ele também contou ao Portal Amazonas1, que quando a compôs não imaginava que ela se tornaria uma representatividade e a composição ficou “engavetada” por dois anos, até que foi cantada pela primeira vez.

“Porto de Lenha foi feita de uma forma completamente despretensiosa, tanto que ficou engavetada mais de dois anos após ser composta. Foi apresentada publicamente pela primeira vez na peça “Tem Piranha no Pirarucu” (Zona Franca Meu Amor), de Márcio Souza, no Teatro experimental do SESC, em fins dos anos 70, quando a anistia dava seus primeiros passos e a censura começava a liberar espetáculos até então proibidos pela ditadura militar”, relembra.

Para Torrinho sem sombra de dúvidas, “Porto de Lenha” é seu “inegavelmente” o maior sucesso ao longo de sua carreira artística.

“Jamais poderíamos imaginar, eu e AldÍsio, que quatro décadas depois ainda seria cantada por jovens que nem sequer tinham nascido quando ela foi concebida. Sempre digo: Porto de Lenha, sob o ponto de vista técnico/estético, está muito longe de ser a melhor música que fiz. No entanto, pelo aspecto sociológico e histórico, trata-se inegavelmente da obra mais significativa de toda a minha trajetória como compositor”, celebrou.

Foto: reprodução / Porto_de_Lenha

 

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O artista disse ainda, que o motivo para a repaginação desse “hino amazonense” é a mesma retratada quando “Porto de Lenha” foi composta na década de 70, no caso trazendo à tona a cultura amazônica em contraponto à cultura europeia, predominante no século 19, principalmente no período “Áureo da Borracha”, por isso a música se tornou um símbolo cultural do Amazonas até os dias atuais, sem perder sua essência ao longo dos tempos.

“A motivação é fruto do próprio significado da música, que apesar de ter sido composta em meados dos anos 70, vem sendo executada e cantada por várias gerações. Uma representatividade que surpreende a mim e a meu parceiro Aldísio Filgueiras, pois trata-se de uma mensagem datada, que no entanto possibilitou inúmeras leituras atualizadas, sobretudo pelos mais jovens. É a terceira gravação que faço dessa música. A primeira, no álbum coletivo Nossa Música, de 83; a segunda, como canção-titulo do meu primeiro LP/CD, em 92; e agora, com a roupagem moderna e jovial de grupo Subversos.”, disse ele.

Nova versão

A nova versão conta com a participação vocal do grupo carioca Subversos e arranjos de Paulo Malagutti Pauleira, que também fez o piano e dos músicos Alex Rocha, no contrabaixo, e Diego Zangado, na bateria.

Torrinho contou que a primeira ideia era fazer a nova versão de “Porto de Lenha” era com o grupo Boca Livre, mas isso não aconteceu, pois o mesmo se desfez. Daí ele repensou e convidou o Subversos, pela criatividade demonstrada em outros trabalhos do grupo e que a junção de outros artistas experientes foi um sucesso e o resultado foi surpreendente.

“A ideia inicial era gravá-la com o Boca Livre, de cujos integrantes sou amigo há cerca de 30 anos. Porém, um desentendimento interno entre eles culminou com a extinção do grupo. Imediatamente me veio a intenção de convidar o Subversos, um grupo jovem, extremamente criativo, que tem uma sincronia perfeita de vozes e ainda fazem uma bela percussão corporal. Para elaborar o arranjo, convidei o experiente Paulo Malaguti, atual integrante do histórico MPB4, com trabalhos importantes em outros grupos vocais, como Céu da Boca e Arranco de Varsóvia. O resultado foi maravilhoso”, comemorou o artista.

Foto divulgação / Porto_de_Lenha

Foto divulgação / Porto_de_Lenha

Sobre o projeto

O projeto foi contemplado pelo Prêmio Feliciano Lana , por meio da Lei Aldir Blanc , da Secretaria de Cultura do Amazonas (SEC-AM).

Torrinho contou que só com o incentivo conseguiu realizar a produção no Rio de Janeiro, com gravação no campus da Fiocruz, no bairro de Manguinhos e que tem tentado se reinventar na pandemia provocada pela covid-19.

“É claro que nossa intenção é sempre manter o canal Porto de Lenha, no Youtube, atualizado, com novas produções, inclusive músicas inéditas. Na medida do possível estaremos trabalhando para isso, dentro das possibilidades, procurando “driblar” as limitações impostas pela pandemia”, finaliza.

Assista ao clipe: