Prefeito de Itacoatiara enfrenta protesto de professores durante leitura de mensagem na Câmara

Itacoatiara (AM) – Na solenidade de abertura e retorno dos trabalhos legislativos da Câmara Municipal de Itacoatiara, no interior do Amazonas, o prefeito Mário Jorge Abrahim (Podemos) fez, nessa segunda-feira (5), a leitura da mensagem governamental anual do chefe do Executivo em meio a manifestações de professores no lado externo da Casa. Os protestos da categoria reivindicaram o pagamento de direitos, como o reajuste do piso nacional do magistério, abono do Fundeb e data-base.

Em seu discurso na tribuna da Casa, o prefeito fez um balanço da gestão, agradeceu a parceria com líderes políticos do Amazonas, como Eduardo Braga e Wilson Lima, e abordou ações da prefeitura. Com a presença de secretários e servidores da prefeitura de Itacoatiara que lotaram a plateia, Mário Abrahim falou por mais de uma hora e meia.

Entre os temas citados pelo prefeito, estão a saúde, infraestrutura, esporte, meio ambiente, a seca e a cheia dos rios, além de entregas realizadas pelo Executivo municipal no último ano. Abrahim também aproveitou o discurso para tecer críticas, sem citar nomes, aos prefeitos de gestões anteriores a dele.

Do lado de fora da Câmara, professores realizaram uma manifestação e uma passeata pelas ruas do município. Com cartazes e placas pedindo respeito, valorização e pagamento de direitos da categoria, os educadores iniciaram o protesto por volta de 15h30 e ficaram até as 18h em frente à Casa Legislativa, na tentativa de falar com o prefeito.

Por conta da lotação da CMI, os profissionais do magistério que participavam da manifestação não conseguiram entrar. Organizado pelo Sindicado dos Profissionais da Educação Municipal de Itacoatiara (Sinpemi), o protesto ocorreu após o descumprimento de um acordo informal de que a prefeitura pagaria o piso dos professores no último dia 31 de janeiro, o que não ocorreu.

De acordo com a professora Valdenice Furtado, presidente do sindicato, o vencimento atual recebido pelos profissionais da Educação da rede municipal de Itacoatiara é referente ao piso nacional de 2022. O valor, para educadores de início de carreira, que trabalham 20 horas semanais, é o equivalente a R$ 1.922,81. Se reajustado, a quantia chegaria a R$ 2.290,28 em 2024.

“No momento em que a gente não atualiza o vencimento inicial de carreira, nós estamos desvalorizando o profissional e nós estamos pedindo para que o prefeito de Itacoatiara apenas nos olhe”, destacou a professora.

Estudo técnico

A reportagem tentou ouvir o prefeito Mário Abrahim, após o gestor discursar na tribuna da Câmara Municipal. O chefe do Executivo local, por outro lado, preferiu não falar com a imprensa.

Contudo, a secretária de Educação de Itacoatiara, Vanessa Miglioranza, declarou que o município está realizando um estudo para verificar a melhor possibilidade para atender às reivindicações dos professores, a fim de prezar pela sustentabilidade do recurso financeiro.

“Assim como disse o prefeito no discurso dele, nós estamos já trabalhando com um estudo para que a gente possa estar viabilizando o piso ou o data-base, estamos vendo qual é a melhor forma de estar atendendo os anseios, obviamente, prezando pela sustentabilidade do recurso financeiro. Nós só tivemos uma reunião a presidência do sindicato e associação de professores, temos dia 9 uma nova reunião para estarmos colocando na mesa esse diálogo”, destacou a secretária.

“A gente espera, realmente, que tudo aconteça de forma serena e dentro dos padrões que a gente espera de um setor da Educação. O Executivo municipal está sempre aberto, apesar de acharem que não, a gente tem dialogado bastante com a categoria”, reforçou Vanessa Miglioranza.

Vanessa também falou do Processo Seletivo Simplificado (PSS) da Prefeitura de Itacoatiara para contratação de professores e pedagogos, que devem atuar já a partir deste ano. Segundo a secretária, todos os novos contratados já devem receber o piso nacional atualizado.

Entenda

A luta dos profissionais do magistério da rede municipal de Itacoatiara já dura quase um ano. Desde 2023, os educadores buscam o pagamento do reajuste salarial da categoria, estipulado em 14,95% pelo Ministério da Educação (MEC) em janeiro do ano passado. Para 2024, a classe também já busca o repasse atualizado com o novo acréscimo de 3,62% estipulado no mês passado.

(*) Bruno Pacheco – especial para o Portal AM1

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