
(Foto: Divulgação/Arthur Castro)
A Pri Apoio Administrativo e Operacional Ltda. se tornou um símbolo do poder paralelo que opera nos bastidores do Governo do Amazonas. Mesmo com indícios de irregularidades investigados por órgãos de controle e suspeitas que podem chegar ao Judiciário, a empresa segue inabalável, garantindo contratos milionários com a Secretaria de Educação (Seduc) e mantendo, teoricamente, a prestação de serviços de limpeza nas escolas públicas estaduais.
A empresa, que agora atende pelo nome de Potencial Serviços Terceirizados de Conservação, Manutenção e Limpeza Ltda., mudou de nome pelo menos duas vezes nos últimos anos, mas manteve o mesmo CNPJ e os mesmos sócios: Adinildo Amaral de Lira e Hinaldo Sérgio de Melo Rodrigues.
Antes, se chamava New Pri Serviços de Conservação e Limpeza Ltda., e posteriormente Pri Apoio Administrativo e Operacional Ltda., até adotar a atual denominação.
De acordo com servidores da própria administração, essas mudanças sucessivas de nome não alteram a essência da empresa, nem sua atuação — apenas confundem o rastreamento de vínculos e contratos, dificultando a fiscalização e permitindo que ela continue participando de licitações milionárias mesmo sob investigação.
Poder paralelo
Os números confirmam o poder da Pri — agora Potencial. A empresa já recebeu mais de R$ 270 milhões da Seduc entre 2021 e 2025, em apenas dois contratos de limpeza e conservação de escolas públicas.
O Contrato nº 031/2021, o mais expressivo, previa inicialmente R$ 28,3 milhões anuais, mas foi aditivado e reajustado até chegar a R$ 43,6 milhões por ano.
Mesmo após suspeitas de superfaturamento e alertas técnicos sobre a execução dos serviços, nenhuma medida efetiva foi adotada. A empresa segue operando normalmente e mantendo um fluxo privilegiado de pagamentos, com notas fiscais liquidadas antes do dia 5 de cada mês — um privilégio que ignora o decreto de limitação de empenhos e o discurso de austeridade fiscal do governador Wilson Lima.
Enquanto fornecedores menores enfrentam filas e atrasos, a Potencial — sucessora direta da Pri — continua recebendo em dia e ampliando sua presença no governo.
Nos bastidores, servidores descrevem a empresa como “intocável”, com trânsito livre entre gestores da Seduc e figuras políticas do alto escalão.
Investigação
Os órgãos de controle já identificaram indícios de sobrepreço, aditivos em série e má execução dos serviços, com escolas que permanecem sujas e em péssimas condições, apesar dos valores milionários desembolsados.
Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que as apurações devem avançar para a Justiça, com possibilidade de bloqueio de recursos e responsabilização de gestores e representantes da empresa.
Ainda assim, o grupo segue atuando como se tivesse superpoderes administrativos.
As mudanças de nome e os contratos inflados permitiram à Pri/Potencial blindar-se institucionalmente, enquanto as escolas públicas continuam sem estrutura, sem limpeza adequada e sem transparência sobre os serviços pagos.
A permanência dessa empresa no topo dos contratos da Seduc, mesmo sob suspeitas e investigações, revela muito mais sobre o funcionamento da máquina pública do que sobre a própria prestadora.
No governo Wilson Lima, os contratos certos parecem não ter fim, os fornecedores estratégicos nunca são atingidos, e a conta — sempre milionária — segue sendo paga pelo contribuinte.
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