Brasília (DF) – Com a cirurgia do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o seu curto período longe das atividades políticas, a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, tem cuidado de sua agenda durante a sua recuperação. No entanto, a situação tem tomado uma repercussão negativa entre a população e dizem até que “Janja tem feito papel de vice-presidente”.
A primeira-dama foi ao Rio Grande do Sul nessa quinta-feira (28), acompanhada de ministros, para visitar as áreas atingidas pelo ciclone, e anunciou medidas para ajudar e resolver a situação da população do estado.
Em publicação nas suas redes sociais, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, já havia informado que iria ao Rio Grande do Sul, junto de Janja, por determinação de Lula. Segundo o ministro, a viagem seria para “acompanhar de perto o que o governo federal tem feito na recuperação de tudo que tem ocorrido”.
Após as ações de Janja chamarem atenção, por papéis que não eram de sua responsabilidade como primeira-dama, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados pediu uma explicação de ministros de Lula sobre as funções da socióloga.
Por outro lado, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) tem sofrido ataques nas suas redes sociais sobre o seu papel, que, para os opositores, tem sido diminuído e ofuscado por Janja.
Veja:
No dia que Janja estave no estado sulista, Alckmin participava da posse do ministro Luís Roberto Barroso como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta sexta-feira (29), o vice-presidente está no Ceará para visitar o complexo econômico Pecém, pois Alckmin também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do governo Lula III.
O artigo 79 da Constituição prevê que o vice “substituirá o presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o vice-presidente”, porém, Alckmin não deve assumir o posto porque Lula não irá se afastar do cargo. Durante a recuperação, o presidente vai continuar atuando do Palácio da Alvorada por até quatro semanas.
Para o analista político Helso Ribeiro, Alckmin não deixou seu papel de protagonismo no cargo, e que os ataques a Janja são mais feitos pela oposição de Lula.
“A primeira-dama, a Janja, ela é uma pessoa de sorriso fácil, ela não é aquela cara emburrada, né? Então isso incomoda também algumas pessoas. […] Não é mau que ela fique ao lado dele [Alckmim] e, portanto, direcionando uma ou outra agenda. Eu vejo que ela, socióloga, acaba tendo um protagonismo que talvez a dona Ruth Cardoso, ex-mulher finada do presidente Fernando Henrique, tinha”, disse Helso.
O professor Helso, que também é formado em Ciências Sociais Jurídicas de Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), comenta que as falas proferidas a Janja vêm de um machismo estrutural da sociedade.
“Nós temos, na sociedade, um machismo estrutural muito forte e isso nem sempre é visto, a não ser nas entrelinhas. Então uma mulher, quando ela domina, tem domínio intelecto, tem informação, às vezes incomoda e isso vai gerando especulações, está querendo se intrometer demais e tal. Eu, particularmente, não vejo a primeira-dama substituindo o vice-presidente, o Alckmin”, finaliza o especialista.
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