Fomento ao empreendedorismo, cesta básica mais barata, incentivo para investir na bolsa de valores e um alívio no pagamento de dívidas com empréstimos. Esses são os resultados práticos na vida financeira do brasileiro com a decisão anunciada na última quarta-feira, 31, pelo Comitê de Políticas Monetárias (Copom) em reduzir a taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) para 6%, um recorde na queda da taxa básica de juros do Brasil.
Economistas e consultores de investimentos explicam que a medida busca dar início a um ciclo virtuoso da economia. A Selic determina o comportamento dos juros no mercado, ou seja, ficar com o dinheiro parado no banco não vai trazer muito rendimento depois dessa queda, o que obriga os empresários a produzirem mais se quiserem ganhos melhores. “Isso acontecendo, possivelmente, vamos ter maior geração de empregos e mais pessoas com renda, o que resulta em mais demandas por produtos, quanto maior a demanda mais empregos”, exemplifica o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), economista Wilson Périco.
Dívidas
Se os juros não são atrativos para quem contava com os rendimentos do banco, para quem emprestou dinheiro, a notícia é boa. Já que os juros diminuíram, o boleto também vai apresentar um valor menor. Essa seria a lógica, mas Périco alerta que “é possível renegociar dívidas, mas não é automático ou obrigatório pagar menos por causa da queda da Selic, isso porque muitos contratos têm acordos pré-fixados”.
Para as empresas que negociam na bolsa de valores a realidade é mais feliz. “Essas empresas também emprestam dinheiro e esses valores são indexados à Selic”, informa o assessor de investimentos, Gabriel Pozzetti.
Ou seja, quanto menor a Selic menor também o valor dos juros do empréstimo e o que “sobra” será investido no próprio país, prevê Pozzetti. “Se o empresário investir mais vai gerar mais emprego e, assim, a economia vai se movimentar de forma positiva”, afirmou.
Investimentos
Para quem investe na bolsa de valores não “há exatamente bons ou maus momentos”, afirma o economista e escritor Osíres Silva. Ele também acrescenta que esse ramo não é para amadores. “Alienígenas, neófitos mal informados normalmente só se dão mal. Ao que entendo, especular é um direito universal, porém de alto risco. Avaliação pessoal, feeling, bom assessoramento, evidentemente, deve preceder sempre a decisão do investidor”, alertou.
Para os mais conservadores o cenário não é positivo. A taxa da Selic em decadência reduz o ganho da popular Caderneta de Poupança e os ganhos no Tesouro Direto, uma espécie de empréstimo feito para o governo federal, também ficaram mais tímidos.
Fora do Brasil
“A gente está chegando a taxa semelhante ao dos países desenvolvidos como os Estados Unidos e quando isso acontece há um incentivo para o crescimento da produtividade do país”, informou o assessor de investimentos Pozzatti. A taxa Selic estava estabilizada há pouco mais de um ano em um percentual de 6,5%, a previsão do Banco Central é que haja novas reduções até dezembro.
No mesmo dia em que o Banco Central anunciou a Selic em 6%, os Estados Unidos também diminuíram a taxa deles de 2,5% ao ano para 2%. A última vez que os americanos alteraram a taxa foi na grande crise econômica de 2008. As duas medidas têm em comum a preocupação com a performance da economia nos países.
“É melhor investir na sua atividade, aumentar a produtividade do que ficar com o dinheiro parado. Se isso acontecer, possivelmente, até a geração de empregos pode acontecer e mais pessoas com renda significa mais demandas por produtos, quanto maior a demanda mais empregos. Entendo que é o ciclo virtuoso iniciando a rodar”, acrescenta Périco.
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