Manaus, 10 de maio de 2024
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Manaus, 10 de maio de 2024

Política

Saiba mais sobre os três alvos de operação da PF na alta cúpula do CMA

A possível conivência do CMA com as ações antidemocráticas foi evidenciada com a concentração de manifestantes em frente ao Comando Militar.

Saiba mais sobre os três alvos de operação da PF na alta cúpula do CMA

(Foto: ABr/Exército/YouTube)

Manaus (AM) – Dos treze alvos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (8), três foram chefes do Comando Militar da Amazônia (CMA). A operação da PF apura responsabilidades dos envolvidos na tentativa de golpe que resultou na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023, uma semana após Lula (PT) assumir a Presidência da República.

A possível conivência do CMA com as ações antidemocráticas foi evidenciada com a concentração de manifestantes em frente ao Comando Militar em novembro de 2022, com a intenção de impedir a troca do Poder Executivo Nacional. Alguns documentos da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas e da Procuradoria-Geral do Estado enviados à Casa Civil e ao Judiciário, após a retirada dos manifestantes, apontam apoio do CMA aos manifestantes.

Os integrantes do ato golpista também teriam sido recebidos pelo CMA antes de a Polícia Militar (PM) cumprir a ordem de retirada pelo STF. A  secretaria fez alguns apontamentos sobre a colaboração do CMA:

  • Participou de duas reuniões do gabinete de crise;
  • Disponibilizou; para quem solicitou;
  • Espaço para guarda temporária de material usado no manifesto;
  • Realizou negociação de maneira individual e dentro do quartel (diferente do que foi tratado em reunião, quando seria em conjunto com a PM).

General Heleno

O general Augusto Heleno, que comandou o CMA de 2007 a 2009, teria coordenado o monitoramento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O objetivo era prender Moraes após a assinatura do decreto do golpe de Estado, que ficou conhecido como “minuta do golpe”.

Mesmo após ter sido acusado de comandar tropa em massacres durante operação de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, Heleno foi escolhido pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) para ser ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Como chefe do GSI, Heleno era responsável pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Nesse período, a Abin teria usado ferramentas de geolocalização em dispositivos móveis, como celulares e tablets sem a devida autorização judicial e sem o conhecimento dos investigados. O objetivo era atacar opositores e garantir a permanência de Jair Bolsonaro no poder.

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(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Theophilo Gaspar

Outro investigado pela PF, o general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, teria dado permissão para a tentativa de golpe, segundo revelou a investigação. Theophilo coordenou e comandou o Comando Militar da Amazônia de 2020 a dezembro de 2022.

“Os elementos probatórios reunidos ao longo da investigação evidenciaram que os investigados se utilizaram diretamente dos cargos públicos que exerciam tanto em ações relacionadas à tentativa de execução do Golpe de Estado, quanto para eximir possível responsabilidade criminal pelos atos até então já realizados. É o caso do General Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, atual comandante do Comando de Operações Terrestres (COTER) do Exército”, afirmou a PF.

Segundo o relatório, os investigados se utilizaram diretamente dos cargos públicos que exerciam tanto em ações relacionadas à tentativa de execução do Golpe de Estado, quanto para eximir possível responsabilidade criminal pelos atos até então já realizados. É o caso do General Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, atual comandante do Comando de Operações Terrestres. Theophilo Gaspar.

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(Foto: COT/Exército)

General Paulo Sérgio Nogueira

Homem de confiança do então presidente, o general Paulo Sérgio foi nomeado ministro da Defesa no dia 1º de abril de 2022, após Braga Neto deixar a pasta para ser vice de Bolsonaro. Um ano antes, Paulo Sérgio assumiu como comandante do Exército. Nogueira fazia parte do grupo de oficiais de alta patente que dava apoio e articulava o projeto golpista.

Como os outros oficiais do grupo, Paulo tinha a função de influenciar e incitar os grupos militares e civis, garantindo as ações para colocar em prática as ações antidemocráticas até culminar com o golpe de Estado, segundo a PF.

Segundo o ministro Gilmar Mendes, Paulo Sérgio teria assediado o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), enviando cartas durante o ano de 2022, diariamente.

“O TSE sofreu um assédio, não da população ou dos torcedores para a eleição de Bolsonaro, mas do ministro da Defesa, que todo dia pela manhã escrevia uma carta ao ministro (Edson) Fachin, e o ministro Fachin respondia à tarde”, disse Mendes durante palestra.

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(Foto: Ministério da Defesa)

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