Manaus, 28 de junho de 2024
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Cenário

Salário de governador é reajustado acima da inflação com anuência das assembleias legislativas

No entanto, especialistas como o cientista político Carlos Santiago destacam a discrepância entre os salários dos governadores e a média da população.

Salário de governador é reajustado acima da inflação com anuência das assembleias legislativas

Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

Manaus (AM) – Nos últimos anos, os governadores brasileiros têm os salários aumentados em mais de 100%, com reajustes aprovados pelas respectivas assembleias legislativas estaduais. Um levantamento realizado com base em dados disponibilizados por tais assembleias e portais de transparência mostram que, em 2024, os governadores de alguns estados estão recebendo salários consideráveis – com reajuste bem acima da inflação – o que não sucede quando o aumento se dá ao salário de um trabalhador comum.

No topo da lista de salários altos, está o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD), com vencimento mensal bruto de R$ 44 mil. Por outro lado, o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), recebe o menor salário entre os governadores, R$ 20,6 mil bruto.

Destaca-se também a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), cujo salário é de R$ 42,1 mil. Isso é por conta de ela ter optado pela remuneração de sua função anterior como procuradora do Estado, mantendo-se acima da média.

Amazonas

O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), aparece na lista de 2024 na 12ª posição com proventos de R$ 34.070,00 ficando atrás de outros governadores do Norte, como Marcos Uchoa (União Brasil), de Rondônia; com R$ 35.462,22; Helder Barbalho (MDB), do Pará, com salário de R$ 35.363,55 e Antonio Denarium (PP), de Roraima, que recebe R$ 34.299,00.

A análise dos salários revela uma tendência curiosa: governadores de estados considerados “pobres” das regiões Norte e Nordeste estão entre os que recebem os maiores vencimentos.

No entanto, especialistas como o cientista político Carlos Santiago destacam a discrepância entre os salários dos governadores e a média da população. Enquanto estes reconhecem a importância de uma compensação adequada para os ocupantes desses cargos, apontam que os reajustes excessivos podem transmitir uma mensagem negativa em um país marcado pela desigualdade social e pela prestação insuficiente de serviços públicos.

“É muito importante que ele tenha um bom salário, um bom ambiente de trabalho, com todas as condições necessárias para o exercício do cargo. No entanto, estão acontecendo reajustes do salário e benefícios, de quem ocupa o cargo no Poder Executivo e, com isso, tem ainda o efeito cascata; já que há carreiras dos servidores públicos vinculados ao salário do chefe do Poder Executivo e, inclusive, estão muito acima da inflação”, afirmou Carlos Santiago.

O processo de determinação dos salários dos governadores, decidido pelos deputados estaduais, tem sido objeto de escrutínio, especialmente quando envolve aumentos substanciais, como observado nos casos de Minas Gerais, Maranhão e Pernambuco, onde os governadores aprovaram reajustes que superaram 100% em anos anteriores.

Embora o debate sobre a remuneração dos governadores seja complexo, é essencial considerar a responsabilidade de garantir que esses reajustes sejam justos e proporcionais, alinhados com as necessidades e realidades da população que eles servem.

Confira abaixo a lista em ordem dos ganhos:

1º – Pernambuco – Raquel Lyra (PSDB) – R$ 42.145,88 (recebe como procuradora do estado);
2º – Sergipe – Fábio Mitidieri (PSD) – R$ 41.650,92;
3º – Acre – Gladson Cameli (PP) – R$ 40.137,69;
4º – Minas Gerais – Romeu Zema (Novo) – R$ 39.717,69;
5º – Mato Grosso do Sul – Eduardo Riedel (PSDB) – R$ 35.462,27;
6º – Rondônia – Marcos Rocha (União) – R$ 35.462,22;
7º – Rio Grande do Sul – Eduardo Leite (PSDB) – R$ 35.462,22;
8º – Bahia – Jerônimo Rodrigues (PT) – R$ 35.462,22;
9º – Pará – Helder Barbalho (MDB) – R$ 35.363,55;
10º – São Paulo – Tarcisio de Freitas (Republicanos) – R$ 34.572,89;
11º – Roraima – Antonio Denarium (PP) – R$ 34.299,00;
12º – Amazonas – Wilson Lima (União) – R$ 34.070,00;
13º – Piauí – Rafael Fonteles (PT) – R$ 33.806,39;
14º – Paraná – Ratinho Junior (PSD) – R$ 33.763,00;
15º – Maranhão – Carlos Brandão (PSB) – R$ 33.006,39;
16º – Amapá – Clecio Luis (Solidariedade) – R$ 33.000,00;
17º – Paraíba – João Azevedo (PSB) – R$ 32.434,82;
18º – Espírito Santo – Renato Casagrande (PSB) – R$ 30.971,84;
19º – Mato Grosso – Mauro Mendes (União) – R$ 30.862,79;
20º – Distrito Federal (Brasília) – Ibaneis Rocha (MDB) – R$ 29.951,94;
21º – Alagoas – Paulo Dantas (MDB) – R$ 29.365,63;
22º – Goiás – Ronaldo Caiado (União) – R$ 29.234,38;
23º – Tocantins – Wanderlei Barbosa (Republicanos) – R$ 28.070,00;
24º – Santa Catarina – Jorginho Mello (PL) – R$ 25.322,25;
25º – Rio Grande do Norte – Fátima Bezerra (PT) – R$ 21.914,76;
26º – Rio de Janeiro – Claudio Castro (PL) – R$ 21.868,14;
27º – Ceará – Elmano de Freitas (PT) – R$ 20.629,59.

 

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