Manaus, 3 de maio de 2024
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Manaus, 3 de maio de 2024

Cidades

Seap ainda não apresentou projeto para nova unidade do semiaberto

Justiça desativou Compaj semiaberto em abril de 2018, e determinou que Seap apresentasse uma proposta de construção de nova unidade

Seap ainda não apresentou projeto para nova unidade do semiaberto

Unidade do Compaj semiaberto tinha sido construída na década de 80. Nova unidade para abrigar presos do semiaberto segue sem definição.

A unidade semiaberto do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), que ficava ao lado da unidade do regime fechado, no quilômetro 8 da BR-174, foi desativada em abril de 2018, dois meses após anunciarem a decisão assinada por dez juízes do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM).

Após 1 ano e 6 meses da interdição do semiaberto masculino, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) ainda não construiu uma nova unidade e nem apresentou projetos para início das obras. 

Entre as determinações para a desativação, a Justiça solicitou que o Governo apresentasse uma proposta de construção de nova unidade prisional, destinada ao semiaberto, em local distante das demais unidades prisionais, localizadas no quilômetro 8 da BR-174 e no Puraquequara.

O pedido para uma estrutura em local diferente levou em consideração uma proposta encaminhada pela própria Seap para a Vara de Execuções Penais (VEP), que indicava que a situação do semiaberto não poderia continuar em espaço próximo do regime fechado. 

A assessoria de imprensa da Seap recebeu o questionamento da reportagem do Amazonas1, se já existe um estudo de qual área ou espaço deve abrigar a nova unidade ou uma previsão para o início das obras, mas obteve como resposta que “o semiaberto foi desativado por decisão judicial”, não respondendo então sobre projetos da secretaria para atender a determinação da Justiça. 

Todos os presos do regime semiaberto estão atualmente sobre monitoramento eletrônico, e nos últimos 12 meses o aumento de tornozeleiras já alcançou um crescimento de 134%. 

Busca por locais provocou manifestações 

Em 2018, dois locais surgiram como possíveis endereços para uma nova unidade. Porém, todas as duas possibilidades foram descartadas por órgãos, classes empresariais e moradores das áreas que estavam sendo estudadas.

Ainda no mês de março do ano passado, em meio aos procedimentos para aplicar tornozeleiras nos presos do semiaberto e desativar por total o espaço, surgiram rumores de que o novo semiaberto seria em uma área urbana da capital, provavelmente no bairro Distrito Industrial, zona Sul.

A declaração foi feita à época pelo juiz da VEP, Ronnie Stone, que justificou que o Polo Industrial de Manaus (PIM) agregaria maiores oportunidades de trabalho para mão de obra dos presos do semiaberto. 

O prédio da fábrica Brasjuta, na rua Guaruba, no Distrito Industrial, foi cotado pela imprensa por ter sido um espaço visitado por duas vezes pelos técnicos da Seap, mas a informação não foi confirmada pelo secretário da Seap na antiga gestão, coronel Cleitman Coelho.

Em carta aberta ao secretário de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) do período, Bosco Saraiva, o superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa), Appio Tolentino, informou que a área é destinada exclusivamente a instalação de estabelecimentos industriais, e que a construção de uma unidade prisional no espaço era inviável e não tinha amparo na legislação vigente. 

Entre os meses de junho e julho, foi noticiado que a Seap estaria alugando um galpão de 23 mil metros quadrados localizado na Avenida do Turismo, no bairro do Tarumã, zona Oeste.

A ideia não foi bem vista por moradores das proximidades, que realizaram manifestação contra a instalação de uma unidade prisional no bairro. 

Ação Civil Pública

No dia 03 de agosto de 2018, o Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM), por meio de seis Promotorias de Justiça em conjunto, impetrou a Ação Civil Pública (ACP) para obrigar o Estado do Amazonas a providenciar instalações físicas para o funcionamento da unidade prisional do regime semiaberto.

O MP-AM solicitou ao Judiciário, que o Estado comprovasse no prazo de 60 dias, por publicação em Diário Oficial, com indicação formal de um novo espaço para a unidade. 

Além disso, a ACP previa que o Governo apresentasse em 90 dias a unidade em efetivo funcionamento, e que os presos do regime, que estão utilizando tornozeleiras eletrônicas, estivessem custodiados nesse novo presídio.