Manaus, 1 de maio de 2024
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Cenário

Semed não garante quando vai reabrir escola fechada desde janeiro para reforma

Reforma de R$ 700 mil em escola na Cidade Nova começa com atraso e faz alunos estudarem novamente de forma remota

Semed não garante quando vai reabrir escola fechada desde janeiro para reforma

Foto: Antônio Mendes/Portal AM1

Manaus – Os alunos da Escola Municipal Antônia Alexandrina, localizada na rua Rogério Magalhães, Núcleo 13, bairro Cidade Nova, zona oeste de Manaus, estão sem aulas presenciais desde o início do ano para serviços de reforma na estrutura da unidade. Acontece que os trabalhos deveriam ter sido finalizados em março, mas só começaram nesta semana. A obra, inclusive, tem o custo total de mais de R$ 700 mil.

Segundo informações de pais de alunos, inicialmente, o serviço a ser realizado na escola seria o de construção de um refeitório, que estava em falta na unidade. Os alunos e responsáveis teriam sido avisados que as obras iriam ser realizadas em 2022 com prazo de entrega em abril. Mas passou janeiro, fevereiro, março e nada das obras começarem.

A avó de um dos alunos, dona Maria de Fátima, de 63 anos, que também é líder comunitária afirmou que chegou a se reunir com a direção da escola para saber o que estava acontecendo. Segundo a idosa, foi informado que foram encontrados outros problemas na estrutura da escola, por isso, houve a necessidade de ampliar as obras para uma reforma geral na unidade.

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“Ano passado teve o ano letivo normal e esse ano não começou devido à reforma, que era o refeitório, só que começou tarde e a previsão que deram era de final de abril para maio, só que começou a reforma agora, com previsão de 90 dias. Só que encontraram um defeito muito grande na estrutura do forro, que foi comido por cupim. A fiação estava só engatilhada. Aí vai ser feito [sic] uma reforma geral”, disse ao Portal AM1, que esteve no local nessa terça-feira (19).

Passados cerca de quatro meses desde o início do ano letivo, as obras só tiveram início nesta semana, na segunda-feira (18), exatamente no mesmo dia em que uma professora denunciou o atraso das obras nas redes sociais. E não há garantias de quando a obra termina, como você vai ler nesta matéria.

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“Os alunos estão sem aula presencial com a justificativa de que ela entraria em reforma no início desse ano, porém, o que se vê é que a reforma nem sequer começou. Isso é um descaso com a educação, pois as crianças que estudam nessa escola já vêm de dois anos sem aula presencial por conta da pandemia”, escreveu a professora.

Estrutura

No local, a reportagem do Portal AM1 percebeu que a escola municipal, que possui cerca de 380 alunos matriculados, está totalmente sem manutenção, com a pintura descascando, portão velho. Um toldo azul na área frontal da escola está todo rasgado. Sem contar o cupim que foi encontrado no forro da unidade, segundo informações citadas acima. Ou seja, os alunos passaram o ano passado inteiro estudando em condições precárias.

Enquanto a obra não sai do papel, os alunos estão em casa, a exemplo do período da pandemia, estudando de forma on-line. E como a reforma iniciou somente nesta semana e tem previsão de 90 dias, os serviços devem acabar em julho. Vale destacar, ainda, que Manaus vive um período de chuvas intensas, o que pode atrasar os trabalhos ainda mais.

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R$ 700 mil

Ainda no local, o Portal AM1 conseguiu verificar a placa da realização da obra que terá custo total de R$ 707,865 mil. A empresa responsável pelo serviço será a Diretriz Engenharia e Serviços Administrativos Ltda, que pertence aos empresários Márcio Frota Barroso e Antônio Juciney Silva Maciel. De acordo com a Receita Federal, a firma possui capital social de R$ 2 milhões.

Fabiana Teles, de 47 anos, que possui um neto de 7 anos, que é autista, disse que o valor dessa obra é exorbitante e que daria para construir 4 escolas-modelo. Fabiana conta que já tentou matricular seu neto autista na escola Antônia Alexandrina, mas não consegue porque nunca tem vaga para ele. Ela afirma que sente falta, nas escola da Secretaria Municipal de Educação (Semed), de um cuidado maior para alunos com deficiência.

“Um colégio desse valor não tem um serviço para crianças especiais. A gente é mandado para outros colégios, graças a Deus eu consegui nesse daqui [colégio]. Mas com esse valor aí, eu faço é quatro, se não sobrar dinheiro. Nunca tem vaga para o meu filho. A gente sabe que o colégio precisa de reforma, mas não um valor exorbitante”, disse Fabiana ao Portal AM1.

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“Você está vendo que é preciso, a escola está precisando de reforma. Mas com esse valor aí, dava para fazer uma escola-modelo de inclusão, que é o que a gente está precisando, porque realmente tem poucas escolas no modelo de inclusão. Aí faz com esse valor exorbitante e na maior cara de pau e está errado isso, todo mundo percebe que isso está errado. Não existe um valor desse para fazer uma escola bem pequenininha dessa!”, continuou.

SEMED NÃO SABE QUANDO VAI ABRIR A ESCOLA

A reportagem procurou a Semed para entender por que houve atraso na obra e como os alunos estão realizando as atividades neste período da reforma na unidade. Embora a placa em frente à escola aponte que o serviço deve durar 90 dias, a reposta da Semed à reportagem diz que os trabalhos terão duração de 120 dias, ou seja, os alunos ficarão mais tempo sem ir para a escola. E diz na nota “caso não haja imprevistos.”

A pasta é comandada pela irmã do prefeito David Almeida, Dulce Almeida. Nas redes sociais, o prefeito afirma que a irmã vai colocar a educação entre as melhores do Brasil, mas pelo visto, a missão não é para este mandato.

Além disso, a pasta também informou que as crianças devem receber aulas on-line e por meio da TV aberta no canal 20.3 e no YouTube.

Leia a nota:

“A Secretaria Municipal de Educação (Semed) informa que as obras na Escola Municipal Antônia Alexandrina, localizada no bairro Cidade Nova, zona Norte, já iniciaram. O órgão afirma que o prazo para conclusão da reforma é de 120 dias, caso não haja imprevistos, como as chuvas intensas que podem atrapalhar o andamento da construção. A Semed esclarece que durante o período das obras, os alunos matriculados na unidade de ensino continuam com as aulas remotas pela TV aberta no canal 20.3 e no YouTube no canal do Centro de Mídias e Tecnologias Educacionais (Cemteds) da Semed. Além disso, recebem todo o apoio dos professores e da diretora da escola”.

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