Manaus, 18 de maio de 2024
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Manaus, 18 de maio de 2024

Cidades

Shows de Joelma e Barões da Pisadinha são cancelados pela Justiça do Amazonas

O contrato da cantora paraense custou R$ 230 mil, e o da banda custou R$ 480 mil, inconcebível para a precariedade em que se encontra o município.

Shows de Joelma e Barões da Pisadinha são cancelados pela Justiça do Amazonas

Foto: Reprodução/ Instagram

Eirunepé, AM – Os shows da cantora Joelma e da banda Barões da Pisadinha que estavam previstos para acontecer no mês de outubro no município de Eirunepé (distante 1.159 quilômetros de Manaus ) foram cancelados pela Justiça do Amazonas. A decisão foi assinada pelo juiz Jean Carlos Pimentel dos Santos, responsável pela Vara da Comarca do Município.

O Inquérito Civil (n. 2022/0000072726.01PROM_EIR) foi instaurado com base em denúncia encaminhada à Ouvidoria-Geral do MPAM, apontando suposta irregularidade nos contratos firmados pela prefeitura com a empresa Top Hits Music LTDA – EPP, ao custo total de R$ 710 mil. O contrato da cantora paraense custou R$ 230 mil, e o da banda custou R$ 480 mil.

Na decisão, o juiz observou que o Poder Judiciário pode assegurar que as medidas tomadas pela Administração Pública “não transbordem em voluntarismos desproporcionais ou fora de forma contra os particulares”. Ao mesmo tempo, ponderou que não caberia ao Judiciário optar pela “adequada política pública a ser aplicada pelo Executivo ou Legislativo, sob pena de incorrer em ativismo judicial”.

“Entretanto, é responsabilidade do Judiciário preservar a integridade do Direito, por meio, principalmente, da estabilização dos precedentes”, observou, em trecho da decisão.

Leia mais: MP investiga gastos de mais de R$ 700 mil em shows de Joelma e Barões da Pisadinha

“Desta forma, com base em entendimentos do Superior Tribunal de Justiça, proferidos em casos análogos ao dos autos, em que foram acolhidos os argumentos do Ministério Público, ensejando a suspensão da realização de ‘shows’ com valores vultosos e custeados pelo Poder Público”, citando os ocorridos recentemente nas Comarcas de Urucurituba e Tabatinga, ambos no interior do Estado, “entendo que o demandante comprovou os requisitos indispensáveis para a concessão da tutela de urgência pleiteada, razão pela qual a suspensão do evento musical objeto da demanda é medida que se impõe”, escreveu o magistrado em sua decisão.

Ação do MPE

O Ministério Público do Estado do Amazonas informou que a ação é oriunda do Inquérito Civil nº 040.2022.000256, o qual foi instaurado pelo órgão a partir de notícia recebida na Ouvidoria-Geral do MPAM, com denúncia de suposta irregularidade na contratação dos shows artísticos pela Prefeitura Municipal de Eirunepé, “tendo em vista o valor vultoso a ser pago aos artistas”.

Conforme os autos, a Prefeitura Municipal de Eirunepé confirmou a realização do evento musical, bem como o valor de R$ 710 mil, a ser pago por meio da empresa Top Hits Music Ltda (EPP) – apenas pelos shows das atrações nacionais -, e que o procedimento foi de licitação por inexigibilidade.

O Ministério Público, ainda conforme os autos, informou que o valor a ser gasto com todas as despesas oriundas do evento poderia chegar bem próximo de R$ 1 milhão, alegando ser uma “quantia estratosférica” para um Município de 36.121 habitantes, e que, no caso de ocorrência do evento e do pagamento pelo demandado, haveria “prejuízos incalculáveis ao erário e à população do Município, com total afronta aos princípios e interesses públicos, pois tal recurso público será melhor destinado a serviços públicos básicos e essenciais”.

Confira o documento: