Manaus, 17 de junho de 2024
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Teste de ‘corujinhas’ vai começar pelo Rapidão com sete radares em operação

Os novos radares devem operar de forma preventiva por 90 dias. Depois, disso, será avaliado o início da aplicação das multas.

Teste de ‘corujinhas’ vai começar pelo Rapidão com sete radares em operação

A iniciativa busca reduzir o número de acidentes - (Foto: Antônio Lima/Secom)

Manaus (AM) – Os primeiros novos radares de velocidade, as famosas “corujinhas”, devem ser instalados no Rodoanel Metropolitano de Manaus, o “Rapidão”. Ao todo, serão sete equipamentos de fiscalização, que devem servir como teste para poder ampliar o sistema para outras avenidas da capital amazonense.

A instalação deve acontecer em até 45 dias, ou seja, até o final de junho, segundo estipulou o prefeito de Manaus, David Almeida, durante entrevista a uma TV local.

A capital amazonense está sem radares de velocidade há nove anos, quando a Prefeitura anunciou, em 2015, a quebra de contrato com a empresa responsável pelo serviço.

A volta dos radares foi anunciada em março deste ano. O estudo técnico da instalação dos equipamentos, conforme o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), está sendo baseado no alto índice de acidentes de trânsito com vítimas lesionadas e óbitos.

De acordo com o prefeito David Almeida, todas as capitais brasileiras têm fiscalização de trânsito rigorosa. Ele destaca que a maioria das pessoas internadas em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e enfermarias são vítimas da imprudência e alta velocidade.

O prefeito relatou uma situação específica no “Rapidão”, próximo ao aeroporto, onde motociclistas estão realizando retornos perigosos que têm causado acidentes.

O Rapidão deve receber sete radares de velocidade – (Foto: Antônio Lima/Secom)

Quanto começa a multar?

Inicialmente, os radares funcionarão por 90 dias sem cobrança de multas, com o objetivo de disciplinar o trânsito e reduzir acidentes. Após esse período, a efetividade da medida será avaliada e, dependendo das estatísticas, os radares poderão começar a aplicar multas e talvez expandir a iniciativa para outras áreas da cidade de Manaus.

O prefeito enfatiza que a intenção não é punir, mas preservar vidas e diminuir a incidência de acidentes que causam tragédias familiares.

“Serão sete radares, somente no Rapidão, por 90 dias, sem a cobrança de multa, para que nós possamos assim disciplinar o trânsito, ajudando a diminuir essa incidência de acidentes, porque esses acidentes causam mortes, causam tragédias em famílias. Precisamos resguardar a vida das pessoas. Nós não queremos instalar radares para punir ninguém. Nós queremos usar o radar para exatamente coibir e diminuir esses acidentes”, pontuou.

No final de janeiro, um acidente grave foi registrado no Rapidão. Uma carreta em alta velocidade invadiu a contramão e destruiu várias casas. Uma idosa ficou gravemente ferida.

Em toda a cidade, somente entre janeiro e 20 de maio deste ano, 113 pessoas morreram vítimas de acidentes de trânsito.  Os números representam um aumento de 15% dos casos registrados no mesmo período do ano passado, de acordo dados do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU).

A carreta causou uma destruição – (Foto: Divulgação)

Os radares de fato podem reduzir os acidentes?

Para o especialista em trânsito Haniery Mendonça, os radares são eficazes na inibição de infrações, tanto de excesso de velocidade quanto de avanço de semáforo. Ele afirma que a instalação de radares é crucial para a segurança viária e ajuda a corrigir problemas criados por decisões políticas que não consideraram a segurança.

“O que acontece é que se constrói vias e, às vezes, se faz algumas mudanças, pensando principalmente na questão política, não na questão de segurança”, crítica.

Haniery destaca que, quando o “Rapidão” foi divulgado, ele previu os problemas que poderiam surgir devido à alta velocidade, o que foi confirmado por acidentes subsequentes.

“Agora, a previsão é que sejam instalados os radares para tentar corrigir um erro que foi colocado lá atrás, que foi fazer uma divulgação dizendo que ali é Rapidão, não é rapidão, ali é um caminho mais curto, você acaba encurtando porque você liga de um ponto A ao ponto B de uma forma que seja direta, não que seja rápida, porque a velocidade máxima permitida na via é 60 km/h.”

O especialista menciona que existem vários estudos sobre o trânsito, muitos realizados pelo IMMU. No entanto, a implementação de mudanças no trânsito exige a alteração de hábitos culturais, o que pode ser politicamente sensível e controverso. A falta de diálogo com a população e a desconfiança pública em relação aos órgãos competentes complicam a aceitação de novas medidas.

Haniery critica a falta de comunicação eficaz e diálogo aberto com a população. Ele acredita que campanhas educativas, como o “Maio Amarelo” são fundamentais para conscientizar sobre a segurança no trânsito. Contudo, ele lamenta que essas campanhas não estejam sendo devidamente promovidas ou discutidas, o que prejudica a credibilidade e a eficácia das ações propostas pelos órgãos de trânsito.

O Rapidão foi inaugurado em outubro de 2023 – (Foto: Antônio Lima/Secom)

O que acham os motoristas?

A instalação dos radares tem gerado reações mistas entre os motoristas. Alguns condutores ouvidos pelo Portal AM1 expressaram insatisfação, argumentando que o objetivo original do “Rapidão” era justamente oferecer uma via rápida para desafogar o trânsito. Eles temem que a presença dos radares comprometa essa função, tornando a viagem mais lenta.

“O Rapidão foi feito para ser rápido, para desafogar o trânsito. Com esses radares, vai ficar igual as outras avenidas de Manaus. Eu acredito que é preciso ter fiscalização, mas não com radares”, disse o motorista de caminhão Elias Ramos.

Quem compartilha do mesmo pensamento é Thiago Moura. Para ele, os radares comprometem a funcionalidade da via rápida.

“Esses radares só vão atrapalhar. Uma via que foi feita para ganhar tempo, agora, vai encher de radar e vai virar mais uma avenida lenta. Não faz sentido nenhum”, declara.

Por outro lado, há motoristas que apoiam a iniciativa, como Airton Castro, motorista de aplicativo. Para ele, os radares serão eficazes na redução de acidentes, especialmente quando as multas começarem a ser aplicadas.

“Quando o motorista sente no bolso, ele obedece,” afirma Airton, ressaltando a importância das penalidades financeiras para incentivar um comportamento mais seguro no trânsito.

O também motorista de aplicativo Keverton Santos apoia a medida, acreditando que trará mais segurança.

“Eu apoio totalmente. Já vi muitos acidentes por aqui e acho que os radares vão ajudar a diminuir isso. Quando começam a aplicar multas, o pessoal vai pensar duas vezes antes de correr; segurança em primeiro lugar”.

As opiniões se dividem, mas a medida visa aumentar a segurança e reduzir acidentes na via.

Quem vai prestar o serviço?

Quem vai prestar o serviço de instalação dos novos radares de velocidade é a empresa Consórcio Manaós. O contrato foi homologado no valor de R$ 23 milhões e publicado no Diário Oficial dos Municípios (DOM) do dia 12 de maio. O documento é assinado por Paulo Henrique Martins, presidente do IMMU.

 

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