Manaus, 15 de junho de 2024
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Manaus, 15 de junho de 2024

Cidades

Trânsito em Manaus já matou 113 pessoas em 2024; motociclistas são maioria

Neste mês de maio são realizadas campanhas educativas sobre o trânsito, porém os primeiros meses de 2024 foram marcados por acidentes graves e fatais.

Trânsito em Manaus já matou 113 pessoas em 2024; motociclistas são maioria

Com o impacto da colisão, o motociclista foi arremessado a 5 metros - (Foto: Divulgação)

Manaus (AM) – 113 pessoas perderam a vida no trânsito de Manaus entre janeiro e 20 de maio deste ano. Os números representam um aumento de 15% dos casos registrados no mesmo período do ano passado, de acordo dados do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU).

Somente neste mês, o qual é celebrado o “Maio Amarelo”, que visa gerar conscientização social sobre a importância da segurança no trânsito, foram registradas ao menos 10 mortes.

Conforme aponta o IMMU, somente as mortes envolvendo motociclistas este ano chegaram a 54, número 31% maior que o registrado no mesmo período do ano passado, quando 41 motociclistas faleceram no trânsito da capital.

Um dos casos foi do motociclista Luciano Moraes de Jesus, de 42 anos, que morreu após ser atropelado por um micro-ônibus do transporte Alternativo, conhecido como “Amarelinho”, na avenida Curaçao, Zona Norte de Manaus, no dia 9 deste mês. Com o impacto da colisão, a vítima foi arremessada por alguns metros e a moto ficou presa no coletivo.

Outro motociclista vítima do trânsito de Manaus foi Iago Rodrigues Cabral, 23. Ele morreu na noite do último dia 16 ao ser atropelado por um carro na avenida Autaz Mirim, bairro São José, na zona Leste de Manaus.

 

O casal morreu no local do acidente — (Foto: Divulgação)

Segundo informações da Polícia Militar, o jovem trafegava pela avenida em uma motocicleta quando foi atingido por um carro. Com o impacto, a vítima foi arremessada e teve várias fraturas pelo corpo. Iago não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local do acidente.

No último sábado (18), um casal morreu durante um grave acidente na BR-319, no bairro Distrito Industrial, Zona Sul. Maria Gelsa Farias de Almeida, de 50 anos, e Paulo Avani dos Santos Aviz, 33 anos, também estavam em uma motocicleta.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ainda foi acionado para prestar assistência às vítimas, mas elas não resistiram devido à gravidade dos ferimentos.

Cabeça esmagada

Em março, dois motociclistas morreram após terem as cabeças esmagadas por uma carreta e um caminhão. Um dos acidentes aconteceu na avenida Torquato Tapajós, nas proximidades da comunidade União da Vitória, no bairro Tarumã, Zona Oeste.

Carla Giovana da Silva, de 23 anos, esperava o sinal abrir para poder seguir o trajeto, quando acabou perdendo o controle do veículo e esbarrou em um ônibus do transporte público e caiu no chão. Logo em seguida, uma carreta passou por cima da cabeça dela.

Na avenida das Torres, Manoel Sousa da Costa, de 49 anos, teve o mesmo fim trágico. A vítima teve a cabeça esmagada por um caminhão-betoneira. Ele estava no sentido Centro quando colidiu na lateral de um carro, se desequilibrou e caiu na pista.

 

O acidente que resultou na morte de duas irmãs aconteceu na avenida Brasil — (Foto: Divulgação)

Seis mortes em apenas uma semana

Abril foi marcado por seis mortes em apenas uma semana. Um dos casos foi o que vitimou as irmãs Vitória Natália de Souza, de 18 anos, e Maria Paula Marinho de Souza, de 15 anos, na avenida Brasil, no bairro Compensa, na zona Oeste da cidade. No veículo, estavam seis pessoas. Eles voltavam de uma festa, conforme a polícia.

Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o carro, modelo Toyota Etios, de cor prata, perde o controle e colide contra uma árvore do canteiro central da avenida. Com a gravidade da colisão, três das vítimas ficaram presas às ferragens, sendo Vitória e Maria Paula, que morreram no local, e outra irmã delas, que sobreviveu. Outras três pessoas tiveram ferimentos leves.

Já Vitória Pinheiro da Silva, de 19 anos, morreu após a motocicleta que ela estava como passageira ser atingida por um ônibus, na avenida Brigadeiro Hilário Gurjão, no bairro Jorge Teixeira, na Zona Leste de Manaus. Com o impacto, a mulher caiu no chão e a roda do ônibus passou por cima da cabeça dela, quebrando o capacete.

Foto: Divulgação

Outro acidente que ganhou bastante repercussão foi um causado por imprudência, o qual vitimou o motociclista Irivaldo da Silva Conceição, de 36 anos. O engenheiro civil Fábio da Silva Moreira, de 40 anos, que dirigia um T-Cross branco, de placa GHB-8J91, invadiu o viaduto do complexo de Flores na contramão e atingiu em cheio a moto de Erivaldo — que estava com a esposa. O carro arrastou o casal por aproximadamente 150 metros.

Erivaldo morreu na hora. Já a mulher dele teve as duas pernas quebradas e foi levada em estado grave para o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto.

Maio Amarelo precisa de atenção 

O especialista em trânsito Haniery Mendonça afirma que o Maio Amarelo pode ajudar a diminuir o índice de acidentes. No entanto, ele destaca a necessidade de um olhar mais sério e comprometido por parte dos governantes, que, muitas vezes, delegam responsabilidades sem fornecer os recursos adequadamente.

“Muita gente acha que o Maio Amarelo é uma data comemorativa, mas não é. Na verdade, é uma data de levantamento e planejamento para o próximo ano, ou seja, os dados são verificados no período de um ano. O número de sinistros dispararam principalmente agora no começo de 2024. Com isso, tem que verificar o que foi que aconteceu para poder trabalhar novamente, para poder fazer com que as coisas voltem ao normal, que é principalmente chegar a zero de sinistros”, afirma.

O trânsito de Manaus precisa de atenção, afirma o especialista Haniery Mendonça – (Foto: Divulgação/Semcom)

Entretanto, segundo o especialista, a falta de investimento em campanhas educativas e em infraestrutura, como sinalização e controle de velocidade, contribui para a persistência dos acidentes.

 “O grande problema é que o trânsito é sempre deixado de lado, ele não é levado a sério, e aí você vai ver que quem deveria estar se preocupando com isso, que são principalmente os gestores, como o governador e prefeito, não se preocupam. Eles jogam a responsabilidade somente para os secretários, que é o diretor do Detran-AM e o diretor do IMMU, e eles têm que se virar, mas eles não conseguem fazer tudo sem a permissão dos gestores maiores”, enfatiza.

Segundo Haniery Mendonça, o objetivo do Maio Amarelo é justamente envolver toda a sociedade e os responsáveis pela gestão do trânsito, não apenas a reflexão, mas também a ação coordenada para reduzir os acidentes e criar um ambiente mais seguro nas vias públicas.

O especialista pontua que os radares de velocidade já deveriam ter sido instalados para ajudar nesse controle de velocidade, um dos causadores de acidentes.

“Os radares já deveriam ter sido instalados há muito tempo. Agora é claro, através de estudos, bem sinalizados e etc. Outra coisa: você vê a propaganda do Rapidão, aquela propaganda totalmente errada, o que acaba incentivando as pessoas a transitarem em uma velocidade maior. São pequenas coisas que acabam induzindo os condutores ao erro”, pontua.

 

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