Manaus, 6 de maio de 2024
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Brasil

Tiradentes: 1792 a 2021; luta pela liberdade continua

No feriado de Tiradentes, líderes de movimentos sociais do Amazonas destacam principais lutas e causas que ainda valem a pena

Tiradentes: 1792 a 2021; luta pela liberdade continua

Foto reprodução

MANAUS, AM – Celebrado nesta quarta-feira (21), Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes, foi um dos primeiros homens a morrer pela Independência do Brasil. Embora fosse dentista, no entanto, seu feito mais famoso foi ser um dos líderes da Inconfidência Mineira. Embora o fato tenha ocorrido há mais de 300 anos, a “batalha” não terminou. Seja por liberdade de expressão, pelo direito de ser quem somos, por questões étnicas, de origem, por questões financeiras e por questões de gênero e sexualidade, o brasileiro busca liberdade e igualdade de direitos.

Tiradentes nasceu em 12 de novembro de 1746. Filho de portugueses, o quarto de nove filhos, ficou órfão aos 11 anos. Um tio, dentista, passou a criar Joaquim. O garoto, que logo se tornou um homem, foi mascate, minerador e alferes da Guarda Real.

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Tiradentes: história e luta

Tiradentes também foi o principal mentor da Inconfidência Mineira. O movimento foi o primeiro a negar fidelidade à Coroa de Portugal, em virtude dos altos impostos cobrados. Insatisfeitos com as cobranças feitas pela metrópole, a elite das então Minas Gerais, inspirada pelo iluminismo francês, tinha como maior objetivo a mudança da Coroa, de Lisboa para o Brasil.

Assim como em todas as lutas, algumas pessoas dão a vida na defesa dos ideais. Este foi o caso de Tiradentes. Preso em 1789, ele foi enforcado e esquartejado no Campo de Lampadosa, no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1792. Quando a República foi proclamada, Tiradentes foi lembrado como herói nacional.

O pintor Pedro Américo retratou o esquartejamento de Tiradentes logo após sua morte. Foto: Reprodução

Em resumo, Tiradentes morreu porque escolheu o que considerava liberdade, e, nos dias de hoje, muitos seguem o mesmo caminho. Ele é considerado o primeiro herói, e por isso, ganhou uma data própria de celebração: o dia de sua morte. Ele foi o primeiro mártir da luta pela independência do Brasil.

A luta de Tiradentes nos dias de hoje

Na atualidade, semelhantemente aos sombrios anos 1790, muitas lutas têm seus mártires. Na área da igualdade racial, por exemplo, os principais nomes são Martin Luther King Jr, Malcolm X, Rosa Parks e o brasileiro Abdias do Nascimento.

Ainda assim, um dos principais problemas do Brasil é o racismo estrutural, na visão de Alberto Jorge Silva. Ele, que é sacerdote da sacralidade de matriz africana no Amazonas, aponta que o racismo estrutural é a base para diversos  problemas.

Ativistas negros

Foto: Reprodução

“É a base para a intolerância religiosa, a homofobia, o sexismo e tantos outros males. Quando se diz que no Brasil não há racismo, estamos mascarando um problema muito sério. O pobre não tem liberdade. Gays, prostitutas e pobres não podem ter acesso a nada, porque o Estado segrega e não permite”, diz o sacerdote.

Alberto ainda salienta que pobres, pretos, pardos, indígenas e gays são maioria, mas nas cadeias, hospícios, bolsões de miséria e na prostituição.

“Somos também maioria nas doenças, como na pandemia. Quem é a grande vítima do racismo estrutural? Pobres, pretos, pardos e indígenas, consideradas minorias políticas”, aponta.

A liberdade na comunidade LGBTQIA+

Na busca por igualdade e respeito, Sylvia Rivera, Marsha P. Johnson, Josephine Baker e Virginia Wolf se destacaram ao longo do século, em defesa da comunidade LGBTQIA+. No entanto, há ainda um longo e árduo caminho a ser percorrido.

Bandeira LGBT

Foto reprodução

Para Gabriel Mota, presidente do grupo Manifesta LGBT+, a comunidade ainda tem diversas lutas a serem vencidas. O principal deles, talvez, seja a manutenção dos seus direitos civis. Ele também lembra que a população trans tem lutado constantemente pela garantia de direitos, até mesmo básicos, como por exemplo o trabalho e a educação.

“Hoje, uma das nossas principais lutas é a manutenção dos direitos, como a garantia do casamento igualitário para casais homoafetivos e o direito à adoção por parte desses casais. Já para a população trans, os desafios incluem o reconhecimento da liberdade de gênero nas instituições públicas. Em segundo lugar, outro desafio é a inclusão dessa comunidade no mercado de trabalho formal”, conclui.

Em todas as esferas, a luta por uma causa e pela liberdade está presente. A defesa dos ideais é uma luta que não deve morrer e o exemplo de Tiradentes está muito firme, em cada 21 de abril, para reafirmar isso.