Manaus, 19 de abril de 2024
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Cenário

Velódromo entregue por Arthur Neto é alvo de investigação do Ministério Público

Denunciante aponta que obra é motivo de 'piada' por irregularidades técnicas e de segurança, causando um prejuízo de R$ 2,6 milhões

Velódromo entregue por Arthur Neto é alvo de investigação do Ministério Público

Foto: Valdo Leão / Semcom

Manaus/AM – A obra de R$ 2,6 milhões para construção do novo Velódromo de Manaus, entregue pelo ex-prefeito Arthur Neto (PSDB) no dia 24 de dezembro de 2020, está sendo alvo de investigação no Ministério Público do Amazonas (MP-AM). Um inquérito foi aberto para apurar possível desperdício de recursos públicos por conta de a obra ter indícios de falhas técnicas e de segurança, conforme a denúncia.

A denúncia apresentada pelo ciclista e engenheiro naval Clythio Backx van Buggenhout aponta erros no projeto como a inclinação e dimensões inadequadas da pista, o que inviabilizaria seu uso para provas profissionais. Além disso, o velódromo que fica localizado no Conjunto Aruanã, no bairro Compensa, também teria risco de segurança para os ciclistas.

O motivo da insegurança, além dos riscos pela pista ser inadequada, seria ainda maior, por conta da passarela que passa por cima da pista para dar acesso a uma quadra de tênis que foi construída no centro do velódromo. De acordo com a denúncia, o ideal seria que túneis tivessem sido construídos para o acesso à quadra, pois, se algo cair da passarela, pode afetar os atletas.

O velódromo foi entregue por Arthur Neto em dezembro de 2020 Foto: Valdo Leão / Semcom

“No entanto, diversos fatores desqualificam o projeto para a sua pretensa finalidade: a inaceitável geometria em forma de retângulo; a questão da passarela, descumprindo normas e impedindo que sejam cumpridas outras tantas (além de trazer risco aos ciclistas); a ausência do acesso obrigatório via túnel; a extensão total do percurso fora das alternativas oficiais para realizar competições”, argumentos trazidos pelo engenheiro naval na denúncia apresentada ao MP.

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O pedido de interrupção da obra foi apresentado ainda em agosto de 2020, mas a denúncia só foi transformada em inquérito apenas no último dia 24 deste mês, por decisão da promotora Wandete de Oliveira Netto, conforme portaria publicada no Diário Oficial Eletrônico do MP-AM dessa quinta-feira (25). O ciclista e engenheiro frisou que se a obra fosse concluída seria motivo de “piada”.

“Levado ao seu término esse projeto, Manaus terá queimado dinheiro público em algo inútil, de difícil recuperação, objeto de piada no mundo esportivo (isso já vem ocorrendo nas redes sociais em grupos de ciclismo, nos últimos meses), e exemplo de má gestão e perda de oportunidade”, sustentou o denunciante.

Ex-primeira-dama Elisabeth Valeiko testando a pista no dia de inauguração Foto: Valdo Leão / Semcom

Providências

A promotora Wandete Netto requisitou, da “Prefeitura de Manaus, cópia, em mídia digital, da íntegra dos Processos Administrativos de Contratação, Medição e Liquidação de Despesas do contrato celebrado para construção do velódromo localizado no Conjunto Aruanã, bairro Compensa”. Não foi estipulado um prazo para atendimento dessa solicitação.

Esclarecimento

A reportagem buscou informações da prefeitura sobre a investigação e se o espaço esportivo já está apto a receber ou se já recebe atletas para treinos e recreação. Confira a resposta:

“A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) e a Subsecretaria Municipal de Juventude, Esporte e Lazer (Semjel), ligada à Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc), informa que, a obra do Velódromo e Quadra de Tênis Professora Alzira Campos foi executada por uma empresa aprovada em processo licitatório e que foi responsável pela  construção de três prédios: a área de pista de ciclistas, quadra de tênis e a área administrativa.

A Seminf participou na fiscalização da construção da obra que foi  concluída no dia 23 de dezembro de 2020. De acordo com a Semjel, nenhuma irregularidade na estrutura da obra foi constatada, até o momento. O local está fechado para uso em razão das restrições sanitárias necessárias neste momento de pandemia”.

Portaria de abertura da investigação

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