Manaus, 2 de maio de 2024
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Brasil

Vídeo: sargento da Marinha fez última tentativa de retirar joias apreendidas

Militar argumentou que está "na correria" e que o caso é de "urgência"

Vídeo: sargento da Marinha fez última tentativa de retirar joias apreendidas

Sargento Jairo tenta retirar joias da Alfândega usando nome de braço direito do ex-presidente Bolsonaro (Foto: Reprodução/ G1)

A última tentativa para retirar as joias aprendidas pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos (SP), que foram presenteadas a Michelle Bolsonaro pelo regime saudita, foi encabeçada pelo sargento da Marinha, Jairo Moreira da Silva, em 28 de dezembro do ano passado.

A tentativa aconteceu às vésperas da posse de Luiz Inácio Lula da Silva e um dia antes da ida do ex-presidente Jair Bolsonaro partir rumo aos EUA.

Os vídeos das câmeras de segurança da Receita Federal foram disponibilizados pelo blog da jornalista Andréa Sadi.

O sargento foi enviado a Guarulhos em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para recuperar as joias. O militar apresenta ao auditor-fiscal do posto alfandegário um ofício enviado pelo tenente-coronel Mauro Cid, então braço-direito de Bolsonaro, ao chefe da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes.

Ao ter o pedido negado, Jairo supostamente liga para Mauro Cid, pede para que o agente aduaneiro, que diz não ter ciência do ofício, converse com o coronel. No que é rebatido pelo auditor. “Eu não posso falar no celular”.

‘Na correria’

O auditor explica ao sargento que, para retirar as joias, e qualquer item aprendido pela Receita, é necessário um Ato de Destinação de Mercadoria (ADM). Nessa hora, o militar argumenta que está “na correria” e que o caso é de “urgência”.

“É que tô na correria, cara. Passagem de comando, como se diz, né, um entrando, outro saindo”. O militar tenta justificar a liberação das joias com o argumento de que é uma questão burocrática relativa à troca de governo.

“Assim, lá fora, o pessoal gritando e a gente fazendo o que tem que fazer: passagem normal. Tanto que isso aqui faz parte da passagem, não pode ter nada do antigo para o próximo. Tem que tirar tudo, tem que levar. Não pode, é burocrático, é burocracia”, disse o sargento. A argumentação não convence e as joias seguem retidas até hoje.

Aparelhamento

As joias apreendidas foram avaliadas em R$ 16,5 milhões e seriam presentes do regime saudita para o então presidente e a primeira-dama Michelle Bolsonaro. Os itens estavam na mochila de um militar, assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que viajara ao Oriente Médio em outubro de 2021.

A primeira tentativa de recuperação das joias aconteceu em novembro de 2021. Bento Albuquerque acionou, em 3 de novembro daquele ano, o Itamaraty, pedindo “providências necessárias para liberação dos bens retidos”. A solicitação foi negada pela Receita.

Na mesma época, também houve pressão do comando da Receita Federal para a liberação das joias. A ação foi, mais uma vez, negada pelos auditores.

Em mais uma prova de aparelhamento do Estado para a retirada dos itens, foi a vez do Ministério da Economia, reforçando os pedidos até fins de 2022, afirma reportagem publicada pelo jornal “Estado de São Paulo”.

Em 28 de dezembro, um dia antes da ida do sargento Jairo a Guarulhos, o ex-presidente Jair Bolsonaro enviou um ofício à Receita para que as joias fossem enviadas à Presidência da República.

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