A um ano da eleição, Arthur Neto investe em críticas ao governo federal

Ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (Foto: Alex Pazuello/ Semcom/ Divulgação)

Manaus (AM) – Sem cargo público desde 2020, quando não podia mais concorrer à Prefeitura de Manaus, por ter exercido dois mandatos consecutivos no comando da cidade, Arthur Neto tem investido em sua imagem, por meio de suas redes sociais, ao publicar regularmente assuntos atuais e polêmicos, principalmente, questões que envolvem o atual governo federal, que possui quatro meses no Poder.

O ex-prefeito da capital tem mantido um mesmo tipo de publicação, que agrada o chamado público de “direita”, “bolsonarista” ou simplesmente os que não apoiam o atual governo petista. Nas últimas eleições, Arthur declarou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Com a atitude, o ex-tucano pode conquistar a simpatia do eleitorado de “direita”, que de acordo com os números do pleito de 2022, é maioria em Manaus.

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro teve 622.846 mil votos na capital amazonense, vencendo o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que obteve 430.562 mil. Em todo o Amazonas, o petista conquistou 1.019.585 votos contra 880.087 do ex-militar.

Conhecido como profundo conhecedor e defensor da Zona Franca de Manaus (ZFM), o político endereçou, no início de abril, uma carta à ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, em que elenca dados que mostram a importância do Polo Industrial de Manaus (PIM) para o Brasil e o planeta, após a ministra ter falado, na Câmara dos Deputados, sobre os incentivos concedidos ao modelo econômico.

Na ocasião, a fala de Tebet foi interpretada como falta de apoio à continuidade desses incentivos fiscais, que diferenciam a ZFM de outras indústrias instaladas pelo país.

Simone disse que a busca por esses benefícios é uma “guerra fiscal” e que os incentivos “tiveram utilidade por um tempo.” Tebet defendeu, também, uma igualdade tributária entre os estados brasileiros.

Na carta publicada em suas redes sociais e em um site onde publica seus textos e opiniões, Arthur defendeu que, por conta da existência da Zona Franca, parte da floresta que cobre o Amazonas está preservada em 95%; que o PIM recebe de volta apenas 8% dos incentivos fiscais e que no fim de cada exercício, devolve muito mais do que isso para o Tesouro e que o Amazonas paga mais impostos do que todos os estados da Amazônia ocidental e oriental juntos.

O ex-senador do Amazonas continua o texto defendendo que o Polo Industrial necessita de investimentos em porto, aeroporto, especialização dos trabalhadores, formação de mais capital intelectual, hidrovias, telefonia, celular, internet e até pólos mais contemporâneos como o de drones, por exemplo.

Arthur fez outras publicações negativas sobre o governo petista, entre elas, um resumo dos 100 dias, citando revogações de decretos como o que reduzia tributos para empresas e do Marco do Saneamento; sobre a alteração na Lei das Estatais; projetos de censura; erros na política externa; sobre ataques ao Banco Central; alinhamento com ditaduras e outras.

O ex-prefeito já criticou também a proposta do novo arcabouço fiscal, a ida do líder do Movimento Sem Terra (MST), João Pedro Stédile à viagem na China jcom o presidente; a permanência na prisão do ex-ministro Anderson Torres e o PL 2630, chamado de PL das Fake News.

Não é o tempo

A reportagem do Portal AM1 conversou com Arthur sobre os assuntos abordados em suas redes sociais; críticas que tem recebido e uma possível pretensão em disputar as eleições municipais de 2024.

O ex-tucano disse ao Portal que cada pessoa pode opinar, falar do que gosta e do que não gosta e, que da mesma forma, respeita o direito de cada um em opinar sobre algo, em que pensa diferente. Enfatizou que gosta de escrever e disse que em breve lançará um livro com tudo que já escreveu.

“É proibido falar contra o Governo Federal, que erra o tempo todo, que vivia falando de amor e até agora só alimenta o ódio entre as pessoas? Sempre fui oposição ao Lula, ao PT, mas nunca fui mal educado, não fiz ou faço por pirraça”, explicou.

Ao ser questionado sobre sua possível pretensão em concorrer às eleições do próximo ano e se os seus posicionamentos podem contribuir para conquistar a simpatia do eleitorado de direita, Arthur afirmou que nunca precisou ficar de um lado da disputa para poder ganhar uma eleição.

“Na época em que eu era deputado federal recebi convite do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para disputar eleição pelo estado do Rio de Janeiro. Uma pesquisa revelou que eu era o nome mais conhecido no estado para a disputa de federal, mas eu não aceitei, porque o meu compromisso sempre foi com o Amazonas”, contou.

Arthur também disse à nossa equipe que, em 2012, quando conquistou o seu segundo mandato como prefeito de Manaus, havia se candidato a pedido das pessoas, do povo, mas que não pretendia mais concorrer ao cargo, que estava focado em disputar o Senado Federal.

Quando foi novamente questionado pelo AM1 se tem pretensão em disputar a Prefeitura de Manaus, o ex-tucano falou que preferia não se precipitar e que o tempo iria dizer.

“O tempo é o senhor da razão. Quando vou na zona Leste, zona Norte, em um shopping cerca de duzentas a duzentas e cinquenta pessoas pedem para tirar foto comigo, falam que não estão satisfeitos como as coisas estão sendo conduzidas”, pontuou.

As eleições de 2024 começam a se “desenhar” e os nomes cotados para o pleito, até o momento, são: David Almeida (Avante); Amom Mandel (Cidadania); Coronel Menezes (PL); Ricardo Nicolau (Solidariedade); Zé Ricardo (PT); Carol Braz (MDB); Roberto Cidade (União Brasil) e Capitão Alberto (PL).

Neste cenário, podem ser incluídos, ainda, os nomes de Joana Darc (União Brasil) e Chico Preto.

Sobre

Arthur possui 46 anos de vida pública, tendo estreado nesta no ano de 1977. Ocupou o cargo de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo de Fernando Henrique Cardoso, já exerceu o mandato de deputado federal e senador por 20 anos, no mesmo período foi duas vezes líder do presidente FHC no Congresso Nacional.

O ex-prefeito também foi líder da oposição no Senado por oito anos e três vezes prefeito de Manaus, capital onde nasceu. Além disso, o político é conhecido por ser um defensor da floresta amazônica e ZFM.

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