Manaus, 4 de maio de 2024
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Cenário

Adail Filho foi o deputado do Amazonas que menos discursou em 2023

Todas as falas de Adail foram na fase de ‘Breves Comunicações’, e em nenhuma delas, o deputado abordou o tema Zona Franca de Manaus.

Adail Filho foi o deputado do Amazonas que menos discursou em 2023

(Foto: Câmara dos Deputados)

Brasília (DF) – Dos oito deputados federais do Amazonas, o deputado de primeiro mandato e ex-prefeito de Coari, Adail Filho (Republicanos), foi o que menos discursou durante todo o ano de 2023. De fevereiro a dezembro, o político fez apenas cinco pronunciamentos em plenário.

As informações podem ser consultadas no Portal da Câmara dos Deputados ao pesquisar pelo nome do parlamentar, escolher o ano e, por último, verificar os dados em ‘Atuação no Plenário e Comissões’. O Portal AM1 realizou a pesquisa no dia 10 de janeiro.

De acordo com os dados públicos, o parlamentar discursou no plenário da Casa Legislativa nos dias 15 de fevereiro; 14 de junho; 30 de agosto; 3 de outubro e 28 de novembro.

Todas as falas de Adail foram na fase de ‘Breves Comunicações’, e em nenhuma delas, o deputado abordou o tema Zona Franca de Manaus (ZFM), mesmo fazendo parte do Grupo de Trabalho (GT) criado para analisar a proposta da Reforma Tributária em relação ao modelo econômico do estado.

No dia 15 de fevereiro, Adail agradeceu os votos recebidos e falou sobre o respeito a desigualdades sociais na elaboração de políticas públicas, isolamento do povo amazonense e pediu a união dos parlamentares pelo Brasil.

Em seu segundo discurso, registrado em junho, Adail deu boas-vindas ao seu pai, ex-prefeito de Coari também, Adail Pinheiro e ao atual prefeito da cidade, Keitton Pinheiro que estavam no Congresso na ocasião.

O pronunciamento de agosto foi para falar sobre o déficit enfrentado por municípios brasileiros, como a redução do repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), fez críticas ao Governo Federal e sobre desigualdades regionais e sociais.

Já em outubro, o político falou sobre a estiagem enfrentada pelo Amazonas e pediu ajuda do Governo Federal para o fornecimento de ajuda humanitária.

Em seu último discurso de 2023, no mês de novembro, o parlamentar repudiou as declarações da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva em relação a importância da BR-319.

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(Foto: (Foto: Reprodução/Câmara dos Deputados)

Segundo

Em segundo lugar na lista dos que menos se manifestaram durante o ano passado, aparece o deputado mais velho do Congresso, Átila Lins (PSD) com apenas seis discursos em plenário.

Átila, inclusive, é o campeão em gastos com aeronaves e passagens aéreas em 2023, segundo levantamento feito pela reportagem nos dias 4 e 5 deste mês.

O decano fez o seu primeiro discurso na primeira sessão da Casa Legislativa, no dia 1º de fevereiro, ocasião em que presidiu a reunião, em que os deputados federais escolheram Arthur Lira (PP-AL) como presidente do Parlamento.

Depois do primeiro discurso, Átila passou quatro meses sem se pronunciar, discursando novamente somente no dia 4 de julho. Nesse dia, o parlamentar falou sobre uma reunião da bancada amazonense com o governador Wilson Lima (União Brasil) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad sobre a ZFM.

No dia seguinte, o político discursou mais uma vez. O tema abordado foi o posicionamento do PSD pela exclusão do Fundo Constitucional do Distrito Federal em relação ao Projeto de Lei Complementar nº 93/2023, sobre a instituição do regime fiscal sustentável para garantia da estabilidade macroeconômica do país, assunto relacionado ao arcabouço fiscal (mecanismo de controle do endividamento que substitui o Teto de Gastos).

Átila fez um novo pronunciamento no dia 6 do mesmo mês na ‘Ordem do Dia’, quando votou a favor da Reforma Tributária.

O deputado discursou depois no dia 30 de agosto, momento em que fez um apelo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à ministra de Meio Ambiente, Marina Silva e ao ex-ministro da Justiça Flávio Dino que suspendessem a operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) no Rio Madeira, especificamente nos municípios de Humaitá, Manicoré e Apuí, alegando que as famílias moradoras destes locais estavam sendo afetados pelas operações do órgão.

A última manifestação em plenário de Lins foi feita no dia 5 de setembro e falou sobre diversos assuntos, entre eles, comentou a sua participação em solenidade no Palácio do Planalto que comemorou o ‘Dia da Amazônia’.

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(Foto: (Foto: Reprodução/Câmara dos Deputados)

Terceiro lugar

O terceiro lugar é do deputado Fausto Júnior (União Brasil), que fez apenas sete pronunciamentos em 2023, registrados nos meses de fevereiro, março, junho agosto e setembro. Sendo três em fevereiro e somente um nos outros meses.

No dia 9 de fevereiro, o político agradeceu os votos recebidos pelos amazonenses, defendeu a manutenção das vantagens competitivas da Zona Franca, no processo da Reforma Tributária e outros assuntos.

Fausto se pronunciou pela segunda vez no dia 14 do mesmo mês e fez um apelo à Petrobras para que autorizasse a exploração do potássio no município de Nova Olinda do Norte, defendendo a autonomia do Brasil em relação ao potássio produzido e importado pela Rússia.

No dia 28 de fevereiro, o parlamentar falou em plenário sobre o 56º aniversário da ZFM, falando ainda sobre preservação da floresta amazônica, bem como a adoção de projetos de geração de emprego e renda para o povo amazonense.

Em março, o político pediu ao Governo Federal a imediata liberação de recursos para Manaus e para todos os municípios do estado, para atendimento às famílias atingidas por enchentes.

Já no mês de junho, Fausto discursou no dia 1º sobre a não concessão do Ministério do Meio Ambiente de licença para a execução de obras de pavimentação da BR-319.

No dia 15 de agosto, o deputado falou novamente sobre a estrada, protestando sobre a exclusão de investimentos em sua pavimentação dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O último discurso foi realizado no dia 13 de setembro, quando ele falou sobre a abordagem do IBAMA à população amazonense em operação contra garimpos. Na ocasião ele reconheceu que é preciso combater a prática, mas falou da necessidade de políticas públicas que permitissem que essas pessoas trabalhassem dentro a legalidade.

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(Foto: (Foto: Reprodução/Câmara dos Deputados)

Quarto que menos discursou

O deputado Saullo Vianna (União Brasil) é o quarto no ranking dos que menos discursaram ano passado, totalizando apenas oito pronunciamentos. Vianna exerce o seu primeiro mandato no Congresso.

No dia 7 de fevereiro, Saullo agradeceu os votos recebidos nas eleições de 2022 e falou sobre o desenvolvimento econômico da região Norte do país; no dia 14 do mesmo mês ele comentou sobre a redução dos repasses financeiros ao Amazonas devido inconsistências e do Censo Demográfico, solicitando a recontagem da população do estado.

Após o discurso, o parlamentar voltou a se pronunciar três meses depois, exatamente no dia 16 de maio, quando ele discursou sobre a redução no preço do gás de cozinha e dos combustíveis, além disso, pediu a implantação do Programa Minha Casa, Minha Vida na capital e interior e a retirada de moradores de áreas de risco em Manaus.

Saullo discursou em plenário novamente no dia 4 de julho; depois no dia 26 de setembro, quando falou sobre a BR-319; no dia 3 de outubro sobre a situação da seca dos rios no Amazonas; depois falou no dia 24 do mesmo mês defendendo a ZFM após o modelo econômico ter sido criticado pelo economista Alexandre Schwartsman.

O último discurso de Vianna foi novamente sobre a Zona Franca e foi feito no dia 13 de dezembro.

Ao contrário de Adail, Saullo que também fazia parte do GT da ZFM se manifestou diversas vezes sobre o assunto em plenário.

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(Foto: (Foto: Reprodução/Câmara dos Deputados)

Quinta posição

Na quinta posição está Amom Mandel (Cidadania), que segundo o site da Câmara discursou dez vezes em plenário.

No mês de fevereiro, o deputado discursou quatro vezes; em março e junho uma vez, cada; em setembro registrou dois discursos; em novembro e dezembro somente um.

Dia 7 de fevereiro, Amom fez um pronunciamento protestando a violação de prerrogativas de mandatos parlamentares e anunciou uma proposta sobre a redução de gastos das Forças Armadas.

No dia seguinte falou sobre a Zona Franca, defendendo propostas de desmatamento zero e revogação de incentivos fiscais.

Em 14 de fevereiro, 9o parlamentar apresentou uma Moção de pesar pelo falecimento do ex-governador Amazonino Mendes e manifestou o voto favorável do bloco/Cidadania à aprovação da Medida Provisória nº 1.138/2022, que trata da alteração da alíquota do imposto sobre a renda retido na fonte.

Já no dia 22 de março, Amom falou sobre o Projeto de Lei nº 3.453/2021, que altera a Lei nº 8.038/1990 e do Decreto-Lei nº 3.689/1941 (Código de Processo Penal), para deliberação sobre o resultado de julgamento em matéria penal ou processual em órgãos colegiados e a concessão de habeas corpus.

Em junho, especificamente no dia 6, o político discursou sobre o Marco Legal que vem sendo descumprido por todos os municípios brasileiros. No dia 14 de setembro, ele falou sobre a mini reforma eleitoral e encaminhou o voto da bancada à Emenda nº 31 que tratava sobre o Código Eleitoral, Lei dos Partidos e Lei das Eleições.

No dia 7 de novembro, Mandel se pronunciou sobre o seu diagnóstico de transtorno do espectro autista e repudiou um parlamentar que criticou o projeto que garante acompanhante a autistas.

Amom fez seu último discurso no dia 20 de dezembro, quando criticou uma votação de urgência que criou o ‘Dia do Rei Pelé’. Na ocasião, o deputado destacou que os parlamentares ainda não tinham votado o Orçamento do país e estavam votando a urgência para a criação de uma data comemorativa.

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(Foto: (Foto: Reprodução/Câmara dos Deputados)

Mais discursos

Os que mais discursaram em 2023 foram: Capitão Alberto (PL), com 151 discursos; Sidney Leite (PSD), com 59 registros e Silas Câmara (Republicanos) que discursou 40 vezes em plenário.

Em fevereiro, Alberto discursou oito vezes; em março 23; abril falou seis vezes; em maio 20; em junho e julho fez dois discursos, em cada mês e em agosto se pronunciou 24 vezes.

No mês de setembro, o político fez oito discursos; em outubro dez; novembro mais dez e no último mês do ano realizou 38 pronunciamentos.

Já o deputado Sidney se pronunciou cinco vezes em fevereiro; outras cinco no mês seguinte; em abril três vezes; em maio cinco e em junho não discursou.

Em julho, Leite falou nove vezes; em agosto oito; em setembro sete; outubro cinco, novembro novamente cinco vezes e em dezembro discursou em sete ocasiões.

O deputado Silas discursou em fevereiro por duas vezes; oito vezes em março; três em abril; cinco em maio; seis em junho; uma em julho; dez em agosto; três em setembro e mais duas em outubro. Nos meses de novembro e dezembro, o parlamentar não fez discursos.

 

Outro lado

A reportagem do AM1 entrou em contato com os deputados Adail, Átila, Fausto e Saullo e os questionou sobre a quantidade de pronunciamentos e perguntou se para eles não seria um número abaixo da média.

O deputado com menos discursos em plenário, Adail Filho respondeu que achava “normal”. Fausto disse que responderia diretamente à diretoria-geral do Portal.

Já o deputado Saullo disse que “a quantidade de pronunciamentos não está relacionada à produção parlamentar, muito menos ao que um deputado federal pode ajudar o seu Estado”.

Confira a resposta do político na íntegra:

“A quantidade de pronunciamentos não está relacionada à produção parlamentar, muito menos ao que um deputado federal pode ajudar o seu Estado. Subir na tribuna para falar besteira, discutir ideologia política ou coisas que não são importantes para o bem da população e o futuro do país não é o meu estilo. Se você acha que oito vezes são poucas vezes, entre 513 deputados de todo o Brasil e sessão plenária às terças, quartas e quintas, para mim não é. E, vale lembrar que todas as vezes que eu usei a tribuna foi para trazer assuntos relevantes para o Brasil e para o nosso estado, onde buscamos e conseguimos trazer apoios e ajudas efetivas para o Amazonas. Ser representante de um estado na Câmara Federal é coisa séria, não é uma disputa de quem fala mais.”

Átila não respondeu. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

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