Manaus, 8 de maio de 2024
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Manaus, 8 de maio de 2024

Ainda não é um feliz Natal

Cristo nasceu para que um dia todas as crianças pudessem ter um feliz nascimento. Um Feliz Natal. Ainda não chegou esse tempo, quem sabe um dia.

Ainda não é um feliz Natal

Imagem: Freepik

(*) Por Fabrício Paixão

Certo dia, uma criança nasceu. Seu pai não desconfiou da mãe. Veio ao mundo no melhor quarto de hotel da região. O rei da época queria lhe dar os melhores presentes.

Não precisou aprender sobre o amor, pois seus mestres já praticavam tal virtude. Não precisou multiplicar pães, pois já havia distribuição igualitária de comida. Seus irmãos o admiravam.

Era bem recebido no lugar de adoração ao Deus de Moisés. Ninguém na cidade estava enfermo. Se alguém adoecesse, era bem tratado pelos médicos. Os aleijados não viviam mendigando. Seus amigos e discípulos eram fiéis.

O povo o amava tanto que no monte colocaram um trono para que ele fosse adorado. Morreu muito velho, de tanto carinho que recebeu em vida, e prometeu voltar.

Voltou como criança em 25 de dezembro de 2023. Percebeu que hoje é comum um pai desconfiar da paternidade. Fugir para não assumir um filho, e não tem anjo que o impeça. Nasceu num quarto que parece um estábulo. O rei não se interessa pela sua existência.

Amar é um verbo usado apenas nas músicas para se referir às atrações de acasalamento. Em meio aos mestres da religião, aprendeu o quanto é bom amar o dinheiro. Foi ensinar coisas do tipo ajudar ao próximo, recebeu o título de herege. Não podia entrar na igreja. Ficava do lado de fora batendo na porta.

Percebeu que a única forma de multiplicar pães era multiplicando dinheiro, senão, impossível seria comer. Os deficientes estavam na fila quilométrica do INSS. Hoje são incluídos, pelo menos nos shows de stand up comedy, motivos de risadas de uma plateia amante da liberdade de expressão.

Seus amigos e seus seguidores chegaram aos 200k. Sentiu-se traído quando seus amigos viraram haters. Por uma postagem, foi cancelado. Colocado no monte da vergonha.

Linchado virtualmente em todas as plataformas. Desamparado. Só restava sua mãe próximo. Enquanto milhares lá no espaço virtual pediam sua cabeça. Não resistiu, suicidou-se. Antes disso, falou: “o mundo já não é um lugar seguro para uma criança nascer”. Assim, 24 de dezembro se tornou o melhor dia.O dia em que alguém ainda está no útero. Depois disso, só ladeira abaixo. Por isso, toda criança chora ao nascer. Que diga o Filho de Deus. Um dia ele prometeu voltar para construir um novo mundo.

Quem sabe nesse dia toda criança ao nascer poderá abrir um sorriso e pensar: “aqui fora é melhor”. Hoje, talvez, a maioria queira voltar ao útero materno, mesmo que inconscientemente, por isso, choram em posição fetal.

Ali sentiam-se seguros, protegidos, amados. Voltar ao Jardim do Éden. Como Adão lutou a vida inteira por um tão seguro como o jardim, buscamos em vão. Se um dia fomos expulsos do paraíso (útero da mãe), voltar não tem como. Agora é presenciar homicídios por inveja, dilúvios, bestas feras e torres de babel.

A boa notícia é que Jesus prometeu uma espécie de útero melhor do que de nossas mães: o céu. Ali você poderá nascer e viver sem ameaças. Antes disso, devemos passar pelas maiores tentações, a minha é o ceticismo. Porém, numa história como a de Jesus até o maior dos céticos se rende.

Ele viveu sendo o único diferente no meio de pessoas, que, independente da época, são iguais. Ele nasceu para que um dia todas as crianças pudessem ter um feliz nascimento. Um Feliz Natal. Ainda não chegou esse tempo, quem sabe um dia.

 

(*) Professor, advogado, filósofo, psicólogo e teólogo

 

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