Manaus, 2 de maio de 2024
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Manaus, 2 de maio de 2024

Brasil

‘Alvo a ser abatido’, diz investigado sobre delegado Alexandre Saraiva, da PF

Superintendente da PF no AM era visto por madeireiros como um obstáculo: o alvo a ser abatido. Delegado entrou com notícia-crime no STF

‘Alvo a ser abatido’, diz investigado sobre delegado Alexandre Saraiva, da PF

Alexandre Saraiva foi um dos críticos da gestão de Ricardo Salles no Ministério do Meio Ambiente. Foto: Carlos Bolívar

BRASÍLIA, DF – Alexandre Saraiva, superintendente da Polícia Federal no Amazonas, foi citado em trocas de mensagens de madeireiros como um “alvo a ser abatido”. Os madeireiros queriam o delegado fora do cargo. As mensagens confirmam esse desejo.

Em 2 de setembro de 2019, o investigado Roberto Paulino encaminha uma foto do superintendente a um interlocutor de nome Guga e diz: “alvo a ser abatido”.

“A frase indica que todas as possibilidades para remover o superintendente da Polícia Federal no Amazonas estão sobre a mesa, ou seja, caso as vias políticas e/ou judiciais e disciplinares não surtam efeito, não está descartado o uso da violência”, diz a PF.

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Outra conversa de Paulino, essa com Humberto Jacob de Barros Oliveira, também expõe o descontentamento com o delegado e a vontade de tirá-lo do posto.

No diálogo, eles falam da necessidade em pedir ajuda a uma pessoa de nome Júlio para a tarefa. Em conclusão, ele seria representante dos madeireiros.

“Tem que pedir para o Júlio tirar esse cara daqui. Urgente”, diz Paulino. “Ele vai quebrar todos”, responde Humberto.

As conversas integram o inquérito da operação Arquímedes. Como resultado, a ação resultou na apreensão de 444 contêineres com madeira ilegal.

Alvo a ser abatido?

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, no domingo (4), Saraiva criticou a atuação de Salles em favor de madeireiros alvos de outra ação da PF, a Handroanthus GLO. Ela foi responsável pela maior apreensão de madeira da história do país.

O delegado disse que nunca tinha visto um ministro ser contra uma ação cujo objetivo é preservar a floresta amazônica.

Na quarta-feira (14), ele encaminhou ao Supremo Tribunal Federal uma notícia crime contra o ministro e o senador Telmário Mota (Pros-RR). Um dos motivos era a atuação em favor dos investigados. Depois disso, o novo diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, decidiu retirá-lo do cargo.

(*) Com informações da Folhapress.