Amazonas é o estado onde os políticos mais censuram jornalistas

(Foto: ABR/AM1)

Manaus (AM) – O Amazonas é o Estado que mais censura jornalistas, segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). A porcentagem de processos contra jornalistas leva em conta as eleições de 2022, que, apesar de o Amazonas contar com menos de 2% da população brasileira, concentra quase 25% dos processos.

Entre os Estados que tiveram pedidos de remoção de conteúdo deferidos em juízo em algum momento, destaca-se novamente o Amazonas, com participação percentual ainda maior entre os processos deferidos do que entre os processos gerais, concentrando 26,2% deles.

Os processos são contra jornais, rádio e televisão, blogs, perfis de redes sociais e, por último, as plataformas digitais como Facebook e X (antigo Twitter).

Ataques contra jornalistas

Neste ano, o Portal AM1 relatou ao menos dois episódios de tentativa de censura e de desqualificar o trabalho de profissionais da comunicação.

Um dos episódios envolveu o deputado Saullo Vianna (UB), que bloqueou a então, na época, uma correspondente do Portal AM1 em Brasília, após a jornalista publicar uma matéria sobre o deputado.

A matéria informava que Saullo Vianna disseminou fake news em suas redes sociais ao publicar uma foto antiga como se estivesse presente em uma reunião do Grupo de Trabalho (GT) da Reforma Tributária.

Por meio de ligação telefônica, Saullo assumiu que bloqueou a jornalista e não demonstrou arrependimento, pelo contrário, justificou a insatisfação com o trabalho da profissional e tentou colocar em xeque a reputação da jornalista.

“Bloqueei, sim. Não gosto de pessoas que usam a mentira para querer vender matéria. Muito menos pessoas que usam jornalistas para querer extorquir políticos e pessoas de bem. Eu irei entrar na Justiça contra esse tipo de abuso. As provas estarão documentadas na ação que eu vou entrar porque esse site quis fazer extorsão”, prometeu Saullo Vianna.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas (SJP-AM) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) divulgaram nota de repúdio à atitude do deputado federal Saullo Vianna.

“A FENAJ e o SJPAM condenam a produção e divulgação de notícias falsas, bem como ato de bloquear a jornalista no Instagram pois o deputado Saullo Viana se constitui em uma figura pública, e como tal, deve explicações de seus atos à sociedade, na condição de representante político com mandato. Por fim, nos solidarizamos com a jornalista, correspondente do Portal AM1, reafirmando a importância da ética na busca da verdade dos fatos e de informações de interesse público e social.”

Intimidação e violência

Recentemente, um caso de intimidação em plena Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) envolveu a deputada estadual Joana Darc (UB), que censurou a jornalista Rhyvia Araújo após ser entrevistada.

A deputada, que tem a causa animal como uma das bandeiras no mandato, havia sido questionada por participar de evento com rodeio e vaquejada, considerados maus-tratos a animais.

Na tentativa de impedir a sua publicação, Joana tomou o microfone da profissional e levou para a sua bancada dentro do Plenário Ruy Araújo. Após a apreensão do instrumento de trabalho da jornalista, Joana pediu ao seu assessor, que chamasse Rhyvia para “conversar”.

Segundo a jornalista, Joana chegou a comentar que se ela continuasse “batendo na base aliada do governador”, não teria mais respeito de outros políticos.

Rhyvia Araújo afirmou que registrou Boletim de Ocorrência (BO) contra Joana Darc e pretende denunciá-la à ouvidoria da Aleam. Procurada pelo Portal AM1, a fim de esclarecer o caso, a deputada não se manifestou.

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