Manaus, 6 de maio de 2024
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Cidades

Cirurgias cardíacas serão suspensas por inadimplência do Estado

Paralisação começa na segunda-feira, 25, mais 600 pacientes que aguardam na fila para fazer o procedimento cirúrgico serão prejudicados

Cirurgias cardíacas serão suspensas por inadimplência do Estado

Pelo menos 29 crianças morreram no hospital, neste ano, à espera de uma cirurgia cardíaca (Foto: Arquivo/AM1)

Cirurgias cardíacas realizadas no Hospital Universitário Francisca Mendes (HUFM) serão paralisadas, em nível ambulatorial, a partir de segunda-feira, 25, informou a cooperativa médica Socceam (Cirurgia Cardiovascular do Amazonas Ltda), que presta serviço nesta unidade hospitalar.

O motivo, conforme ofício enviado à Secretaria de Estado da Saúde (Susam) e divulgada à imprensa, é a inadimplência quanto aos serviços prestados e a situação precária em que se encontra o hospital

De acordo com a notificação da Socceam, a contratante “Susam” está devendo os serviços realizados nos meses de outubro e dezembro de 2017, novembro de 2018 e agosto e setembro de 2019, o valor líquido da dívida ultrapassa 1,9 milhão. A empresa societária é constituída por médicos cirurgiões cardiovasculares, e presta serviço de média e alta complexidade em cirurgia cardíaca adulto e pediátrica. 

“Nós estamos suspendendo não é por que queremos, é porque realmente a situação está insustentável”, afirmou o diretor técnico da Socceam,  George Butel. Segundo ele, 14 cirurgiões fazem parte da equipe da empresa e estão sem estrutura e remuneração para continuar trabalhando.

Ele informa ainda que há 23 pacientes adultos internados no hospital aguardando por cirurgias e mais 487 pacientes adultos e 200 crianças na lista de espera. 

Os serviços serão suspensos parcialmente por 30 dias, conforme afirma o ofício, ficando apenas uma equipe de cirurgia para atendimentos de emergência, o atendimento aos pacientes cirúrgicos internados e, as cirurgias em caráter de emergência e egressos dos pacientes no pós-operatório mediato. Após esse prazo, a empresa promete encerrar completamente as atividades no hospital, caso os pagamentos não sejam honrados.

Prejuízos

As constantes suspensões de cirurgias cardíacas, a não marcação de procedimentos por falta de estrutura e insumos, somado à inadimplência dos pagamentos por parte da Susam está prejudicando a empresa e comprometendo o atendimento, segundo declarou George Butel. 

“Não estamos conseguindo alcançar a produção cirúrgica suficiente que compense manter equipes de cirurgiões disponíveis para o atendimento pleno ao Hospital Francisca Mendes, sendo necessário dispensá-los a fim de que procurem outros serviços para a manutenção de sua sobrevivência”, disse o dirigente no ofício enviado à Susam.

A situação caótica do Hospital Francisca Mendes, inclusive, vem sendo denunciada diuturnamente pelo vereador Marcelo Serafim (PSB). “Essa é mais uma demonstração clara da falta de compromisso e de responsabilidade do governo do estado com saúde pública do Amazonas. O sucateamento acontece em todas as áreas e quando vemos cirurgias serem suspensas é porque estamos no fundo do poço”, disse. 

O Amazonas1 procurou a Susam e enviou alguns questionamentos sobre essa decisão da cooperativa de cirurgiões em paralisar as atividades, mas até a publicação desta matéria não obteve nenhuma resposta.

 

Situação precária

O Hospital Francisca Mendes tem sido alvo de diversas denúncias nos últimos anos. Cirurgias reduzidas, pacientes esperando mais tempo na UTIs, serviços não pagos, atrasos no atendimento básico, são as principais reclamações. 

No último dio 14, o Ministério Público do Amazonas (MP-AM), o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público de Contas do Amazonas (MPC-AM) pediu que o Governo assumisse a gestão do hospital, em mais uma tentativa de solucionar os problema.