Manaus, 19 de abril de 2024
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Cenário

Amom e Guedes pressionam colegas na CMM: ‘não se opor ao erro é concordar’

Vereadores repercutem caso do 'puxadinho' de R$ 31,9 milhões e aluguel de picapes na tribuna da CMM, nesta segunda

Amom e Guedes pressionam colegas na CMM: ‘não se opor ao erro é concordar’

Foto: ARQUIVO CMM

Manaus, AM – Na primeira sessão plenária da Câmara Municipal de Manaus (CMM), após a Justiça do Amazonas barrar a licitação da construção do ‘puxadinho’ na Casa Legislativa, os vereadores Amom Mandel (sem partido) e Rodrigo Guedes (PSC), autores da ação popular, não deixaram de falar do assunto. De acordo com Mandel, ‘não se opor ao erro é concordar com ele’.

A crítica foi feita em pronunciamento nesta segunda-feira (20). Rodrigo Guedes levou ao telão da CMM exemplos de outras Câmaras Municipais do país, que devolveram o recurso recebido das respectivas prefeituras e questionou por que a CMM não poderia tomar a mesma atitude.

“Trago aqui a vocês alguns exemplos de Câmaras que devolveram recursos para as prefeituras. Coletei, juntamente à minha equipe, cerca de 300 exemplos de municípios onde Câmaras Municipais devolveram agora na pandemia recursos para as prefeituras respectivas. Aí eu pergunto: essas Câmaras estão erradas? […] Por que nós não podemos fazer isso também?”, questionou Guedes.

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O parlamentar lembrou que o momento atual, no país, está sendo marcado por diversos problemas, entre eles a fome, o desemprego e a inflação, em decorrência da pandemia de covid-19. Ele afirma que não entende por que a ideia de devolver o recurso parece ser um ‘bicho de sete cabeças’ para os demais vereadores.

“Essa não é uma luta minha e do vereador Amom Mandel, isso é um clamor da sociedade. […] de 100% da população. Estão aqui os exemplos, por que nós não podemos fazer o mesmo? Essas pessoas, esses presidentes de Câmaras e vereadores foram crucificados? Não! Por que a minha ideia e do vereador Amom é um bicho de sete cabeças?”. “Quer dizer que defender a devolução do recurso para a prefeitura é errado e defender a construção do prédio é certo? Não consigo entender isso”, disse.

Na ocasião, Guedes rebateu, de forma indireta, comentários feitos, também de forma indireta, por outros vereadores que são contra as ações tomadas por ele e Amom, os únicos que agiram para derrubar os gastos exorbitantes. “Aqui se chama Parlamento, visões divergentes. Não tem por que ficar atacando outro parlamentar por pensar diferente. Nós, eu e o vereador Amom estamos externalizando um que é do povo lá fora e aqui dentro também”, afirmou.

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O vereador Amom Mandel também discursou sobre o assunto e lamentou que o presidente da CMM, David Reis (Avante), que é aliado do prefeito David Almeida (Avante), e autor da proposta da construção do ‘puxadinho’ de R$ 31,9 milhões, não estivesse presente na tribuna.

“Hoje direciono meu discurso ao presidente da Casa, infelizmente, na sessão, não compareceu aqui, mas espero que esteja acompanhando on-line e que coloque a mão um pouco na consciência depois dessa fala”, afirmou.

“Ninguém quer morrer, mas esse é o destino inevitável de todos. Até quem quer ir para o céu não quer morrer para chegar lá. E morre o espírito público quando os representantes populares deixam de escutar a vontade do povo. Para representar devidamente é sempre preciso estar em contato com as pessoas e saber que os nossos maiores chefes são as pessoas que estão do lado de fora desta Casa”, continuou.

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Após quase duas semanas de tumulto por conta deste assunto, até agora David Reis não se posicionou a respeito. Ele chegou a defender a sua própria proposta milionária, durante sessão na semana passada, e demonstrou ter ficado ofendido com o termo ‘puxadinho’.

Mesmo após a decisão judicial, nem David Reis nem outros 36 parlamentares se posicionaram e preferiram o silêncio. O Portal Amazonas1 chegou a ir à sede da CMM para falar com o presidente, mas ele se recusou. “Não se opor ao erro é concordar com ele. E não defender a verdade é atacá-la!”, disse Amom Mandel, nesta segunda.

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Soluções

Ainda de acordo com ambos os discursos na CMM, os vereadores voltaram a dar exemplos de como o montante milionário poderia ser utilizado, de forma que beneficiasse diretamente a população.

Segundo Amom, o dinheiro daria para construir outro programa de habitação social, um ano de auxílio emergencial para famílias carentes, entre outras coisas.

“R$ 32 milhões e mais o que seria gasto em alugueis é o suficiente para mais uma etapa do Cidadão Manauara com cerca de 400 casas; é o suficiente para que 15 mil pessoas recebam por 12 meses o auxílio manauara; é o suficiente para que nós possamos reduzir a burocracia e a morosidade do Parlamento Municipal; é o suficiente para que a gente possa investir numa escola legislativa e levar o conhecimento de educação política que tanto falamos ao povo”, disse Amom.

“Nós temos aí R$ 32 milhões para construção do prédio e mais R$ 4 milhões para aluguel das picapes. A gente tem, nessa soma de valores, R$ 36 milhões. Isso pagaria auxílio emergencial para 20 mil famílias por um ano consecutivo, 12 meses pessoas recebendo, famílias recebendo R$ 200 com esse valor. Por que a gente não pode fazer o mesmo?”, afirmou Rodrigo Guedes.

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