Apesar de bom desempenho nas urnas, e Manaus ser bolsonarista, pesquisas rebaixam Coronel Menezes

Manaus (AM) – Nas últimas eleições, observamos um desempenho sólido nas urnas por parte de Coronel Menezes (PL), especialmente na cidade de Manaus, conhecida por sua inclinação bolsonarista. No entanto, mesmo diante desse cenário, pesquisas recentes têm lançado uma sombra sobre a popularidade do político.

O Instituto Pesquisa Perspectiva Mercado e Opinião retirou o nome de Menezes da última pesquisa para prefeito de Manaus, divulgada no último dia de 2023.

O intrigante é que o mesmo instituto, desde quando começou a divulgar pesquisas de intenção de votos para a eleição deste ano, sempre mantinha o nome do aliado de Bolsonaro, que sempre aparecia em terceiro lugar na disputa.

Menezes levanta questionamentos sobre a pesquisa e acredita que essa omissão possa ter a intenção de induzir as pessoas a interpretações equivocadas.

“Qualquer pesquisa eleitoral que seja divulgada sem conter o meu nome não pode ser levada em consideração, uma vez que meu nome apareceu em todas as sondagens realizadas na cidade de Manaus, inclusive, em pesquisas nacionais. E como podem fazer um levantamento sem considerar o meu nome? Acredito que seja para induzir as pessoas ao erro e ou ocultar a realidade dos fatos”, enfatiza.

Em outra pesquisa, realizada pelo Instituto Direto ao Ponto Pesquisas, divulgada no dia 30 de dezembro de 2023, Menezes aparece na quarta posição, sendo ultrapassado pelo presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), Roberto Cidade, que ocupa o terceiro lugar.

Entretanto, o bolsonarista afirma que em campanhas passadas as sondagens não davam muita importância para ele, mas sempre se surpreendeu com a votação e não será agora que irá se abalar. “Quem manda é a população!”, enfatiza.

Quem é Coronel Menezes?

Menezes vem de uma crescente política. Ele estreou na vida pública, em 2020, justamente em uma disputa para prefeito de Manaus. No pleito, o coronel ficou em quinto lugar com 110.805 votos. Mesmo com a posição, ele já começava a demonstrar força, ficando à frente do deputado federal Capitão Alberto Neto e do ex-ministro e ex-prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento.

Já na eleição para o Senado, em 2022, ele deu um salto e não venceu por pouco. No pleito, Menezes teve 737.875 mil votos, crescimento de 566% de uma eleição para outra, desse número 544.262 mil votos foram somente na capital amazonense. Omar Aziz, que foi reeleito, obteve 784,007 mil, porém, em Manaus, só teve 251.630 mil votos. No geral, a diferença foi a menor registrada em todas as 27 unidades federativas, com distância de 2,43 pontos percentuais.

Vale lembrar que Menezes não ocupava cargo público na época das candidaturas, não tem experiência como parlamentar e nem vem de família com tradição política. Entretanto, ele conseguiu um grande feito: migrar os votos que o ex-presidente Jair Bolsonaro teve na capital. Dos 622.846 mil votos que Bolsonaro obteve, Menezes conseguiu conquistar praticamente 100%.

Trazendo para o cenário atual, uma vez que a influência de Bolsonaro ainda é grande em Manaus, Menezes se torna um grande nome na disputa pelo poder municipal.

Inclusive, caso se concretize a composição da chapa Alberto Neto e Menezes, que deve ser abençoada por Bolsonaro, a coligação bolsonarista tem grandes chances de chegar ao segundo turno.

Bolsonarista raiz

Autointitulado “bolsonarista raiz”, Menezes diz que com ele não tem mimimi e afirma: “se tem alguém no Amazonas que tem o DNA do Bolsonaro, este sou eu”.

“Busco ser direto e verdadeiro. Não faço rodeios. As pessoas que me conhecem e me acompanham, sabem como eu sou, como penso, já as que não me conhecem, convido a me conhecer para depois julgar. Muitos eleitores se identificam comigo e outros não, isso faz parte do processo democrático e eu respeito, faz parte”, disse ao ser questionado sobre a relação com o eleitorado bolsonarista na capital.

Menezes acredita que as experiências nos pleitos passados podem influenciar positivamente a campanha deste ano e diz que Manaus ainda não teve um prefeito que resolvesse problemas pontuais que a população enfrenta diariamente.

“As pessoas estão cansadas de gestões desastrosas. Não tivemos um prefeito que resolvesse o problema do transporte coletivo, por exemplo, uma questão crônica na cidade e que prejudica a população diariamente. Sem falar de problemas estruturais como pequenas intervenções viárias que poderiam evitar esses alagamentos vividos durante o inverno amazônico e melhorariam o trânsito. Enfim, sou gestor e conheço a administração pública. Me preparei ao longo da minha carreira militar e acredito que isso pode sim influenciar positivamente na hora do eleitor escolher o candidato mais preparado para gerir Manaus”, pontua.

Pesquisa pode confundir eleitor

Wilson Pedroso, analista político e consultor eleitoral com MBA em Gestão e Marketing, destaca a importância de apresentar claramente o nome dos candidatos nas pesquisas eleitorais. A ausência ou a colocação estratégica de candidatos nas sondagens pode induzir o eleitor a interpretações equivocadas, levando-o a acreditar, por exemplo, que um candidato desistiu da corrida eleitoral.

“Não incluir o nome do candidato ou posicionar um concorrente aparentemente forte em terceiro lugar, enquanto outro figura em primeiro, confunde e direciona o eleitor. Muitas vezes, o eleitor prefere votar naquele que parece ter mais chances de vencer. A classificação de um candidato em primeiro lugar pode levá-lo a ser percebido como mais competente, e isso afeta especialmente aqueles que possuem menos informações. Isso é prejudicial, pois deixa a pessoa desorientada em relação ao que está realmente acontecendo no momento eleitoral”, esclarece Pedroso.

Com vasta experiência na área pública e na coordenação de campanhas de figuras relevantes como João Doria, Bruno Covas e Rodrigo Garc, Pedroso enfatiza a importância das pesquisas eleitorais como ferramenta fundamental para compreender o cenário político. No entanto, ele ressalta que alguns institutos, por estarem alinhados a determinados candidatos, podem influenciar negativamente o eleitor.

“A maioria das pesquisas fornece uma orientação precisa. Existem institutos confiáveis que não apenas orientam o eleitor, mas também as coordenações de campanha. No entanto, há casos em que determinados institutos têm relações próximas com candidatos específicos, o que acaba desorientado o processo e comprometendo a imparcialidade”, conclui Pedroso.

Registros de pesquisas

A partir do dia 1º de janeiro, todas as entidades ou empresas que realizarem pesquisas de opinião pública sobre intenção de voto em eventuais candidatos às Eleições Municipais de 2024 devem fazer o registro prévio do levantamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O registro da pesquisa na Justiça Eleitoral deve ocorrer até cinco dias antes da divulgação dos resultados e deve ser acompanhado das informações previstas no artigo 33 da Lei das Eleições (Lei n° 9.504/1997). Apesar de ser necessário o registro dos levantamentos, a divulgação dos resultados não é obrigatória.

As pesquisas eleitorais são uma conhecida ferramenta para verificar a viabilidade de possíveis candidaturas, bem como de avaliação sobre os temas mais sensíveis que a população gostaria de ver em debate durante a campanha. Em 2022, por exemplo, o Portal do TSE contabilizou mais de 600 pesquisas eleitorais relativas às eleições daquele ano.

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