Arthur defende o mesmo Bolsonaro que o chamou de 'bosta' quando foi prefeito de Manaus

‘Meu amigo’

O ex-prefeito de Manaus, Arthur Neto (sem partido), criticou o processo de inelegibilidade de oito anos do ex-presidente Bolsonaro (PL) e lembrou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que hoje integra o governo Lula, já duvidou da segurança do sistema eletrônico de votação. Agora, a pergunta que não quer calar: por que o ex-prefeito insiste em relembrar o passado? Esse discurso sobre a segurança das urnas não é de hoje, mas Arthur foi eleito deputado federal, prefeito e senador com a ajuda das urnas eletrônicas. Será que esses resultados não foram confiáveis?

“Esquecido”

Curioso é que, hoje, o ex-tucano sustenta um discurso totalmente alinhado ao bolsonarismo como de alguém que se agarra ao último tronco. O Bolsonaro que Arthur tanto defende com unhas e dentes, atualmente, é o mesmo que chamou o ex-prefeito de “bosta” em uma reunião ministerial de 22 de abril de 2020. Na época, Arthur chegou a afirmar à imprensa que ingressaria com uma queixa-crime por injúria contra o então presidente. Mas, parece que Arthur deixou as mágoas no passado e, hoje, sem partido, busca se chegar ao Partido Liberal (PL) em busca de espaço para as eleições de 2024.

Herdeiro em campo

Arthur deve disputar a prefeitura? É pouco provável que isso aconteça. Tanto é que ele já colocou o filho, o ex-deputado federal Arthur Bisneto (PSDB), na cola do prefeito David Almeida (Avante). Por enquanto, a estratégia tem passado despercebida por boa parte da imprensa, mas o herdeiro já marca presença em eventos com a equipe de comunicação e marketing do prefeito. Há dois caminhos: tentar emplacar o filho como vice de David ou enviar o herdeiro para a Câmara Municipal de Manaus (CMM), de onde talvez não deveria ter nem saído. Recentemente, Arthur destacou que o filho possui um “bom caráter, é boa pessoa e bom orador” e que ainda há de fazer de sua vida uma “sequência de grandes conquistas”.

Rejeição

Apesar de não conquistar as eleições de 2010 para senador, Arthur conquistou a Prefeitura de Manaus em 2012. Dois anos depois, conseguiu fazer do filho o deputado federal mais votado do Amazonas, e também o mais jovem. Mas Bisneto não soube ser grato ao povo, e o mesmo povo o retirou da Câmara Federal. Em 2018, Arthur bem que tentou fazer do filho vice-governador, mas o povo mostrou que rejeita o herdeiro.

‘Betinha’ não está morta

Outro nome que também precisará de um partido é o da ex-primeira-dama, Elisabeth Valeiko, a “Betinha”, que já se articula em suas redes sociais como um tipo de digital influencer – mostrando a rotina diária e tentando se aproximar ao máximo do eleitor. Ao que tudo indica, a ex-primeira-dama deve disputar uma das 41 cadeiras na Câmara Municipal de Manaus (CMM). Agora, ganhar é outros 500, porque nem Conceição Sampaio conseguiu retornar à Câmara Federal e à Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), com o apoio do ex-tucano. Está claro: Arthur está perdido, sem apoio e sem alianças políticas. 2024 promete ser um ano difícil para a família do Carmo Ribeiro.

Holofotes

Desde que o governador do estado, Wilson Lima (União Brasil), traçou estratégias com o governo federal para levar ajuda humanitária ao interior do Amazonas, que sofre com a estiagem severa deste ano, a bancada amazonense quer “mostrar serviço”. Mas, para o cientista político Carlos Santiago, esse é um dos momentos ideais para que a sociedade reflita sobre suas escolhas políticas. Conforme Santiago, já faz um bom tempo que, no Amazonas, não vemos ações voltadas para diminuir os impactos econômicos, sociais e ambientais da estiagem, como também, das alagações que assolam principalmente o interior do Estado.

Se não dá pra ajudar, não atrapalhe

O ex-vereador Chico Preto (Avante) deu a “brilhante” ideia de, em vez de o governo estadual e o governo federal enviarem mantimentos ao interior do Amazonas, no período da seca e estiagem, que transfiram os recursos diretamente para os cidadãos afetados. Chico só esquece que há comunidades no interior do Estado onde não há como sacar dinheiro, e famílias precisam se deslocar por quilômetros para sacar seus benefícios. A internet é outro ponto que não colabora, pois não funciona bem em regiões isoladas. E todos estão diante de uma seca histórica; aí o ribeirinho e o indígena não terão o barco como meio de transporte e o trajeto até outro município vai durar ainda mais. Sem contar que as regiões estão isoladas de abastecimento de alimentos e mantimentos.

Em alerta

Até o início da tarde desta segunda-feira (2), 21 municípios do estado estão em situação de emergência; 37 estão em alerta; e dois em atenção. A previsão é que, devido à influência do fenômeno El Niño, a estiagem venha a afetar mais de 50 municípios e 500 mil pessoas.

Interditada

O prefeito de Manaus anunciou, na manhã desta segunda, a interdição por 90 dias da praia da Ponta Negra, para o banho, em razão da vazante que atinge o Estado em 2023. Serão doadas cestas básicas e água potável para mais de 6,8 mil moradores de comunidades ribeirinhas que sofrem com os efeitos da seca severa.

Eleição

Os conselheiros do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) devem escolher, nesta terça-feira (3), em sessão especial, o novo corpo diretivo da Corte de Contas para o biênio 2024-2025. Os sete membros do Tribunal Pleno definirão, em votação, o novo presidente, vice-presidente, corregedor-geral, ouvidor, coordenador da Escola de Contas Públicas, além dos presidentes da 1ª e 2ª Câmaras do Tribunal.