Da Redação – Mesmo com o prefeito Arthur Neto (PSDB) fazendo investimentos milionários na construção de creches desde quando assumiu a Prefeitura de Manaus em 2013, a capital amazonense é responsável pelos baixos índices de crianças matriculadas no Ensino Infantil, no Estado. A pesquisa consta no Anuário Brasileiro da Educação Básica 2017, lançado nesta semana pela Organização Não Governamental (ONG) Todos pela Educação.
O estudo da ONG aponta que o Amazonas é o estado brasileiro com o segundo menor percentual de crianças com idade de 0 a 3 anos, com acesso a creches, perdendo apenas para o Amapá. Enquanto em São Paulo, 43,5% da população nessa faixa etária frequenta creches, no Estado, são apenas 9,7%. Na comparação com a média brasileira, de 30,4%, o Amazonas fica 20,7 pontos percentuais atrás.
A construção de creches é de responsabilidades das prefeituras e o baixo índice do estado amazonense é puxado, principalmente, pela situação da capital. A análise considera dados da série histórica de 2001 a 2015 e aponta, ainda, que apesar de ter havido um crescimento de 0.9 pontos percentuais nos últimos 15 anos, que elevou de 7.8% para 9.7% o número de crianças com acesso a creches no Estado, de um ano para o outro (2014 para 2015), o acréscimo foi de tímidos 0.6%. Na região Norte, Roraima, Pará e Amapá, apresentaram reduções de um ano para o outro.
O cenário negativo persiste quando a análise abrange crianças de 4 a 5 anos, com acesso à escola. O Amazonas ficou com a terceira colocação entre as unidades da federação que apresentaram menores percentuais: 75,8%. O estado ficou atrás do Amapá (70,2%) e do Acre (74,2%). No comparativo com a média brasileira, o Amazonas fica 14,7 pontos percentuais atrás. Ainda assim, entre 2014 e 2015, houve uma pequena reação de 1,3% para mais.
Contratos suspeitos
No dia 19 de abril de 2015, o prefeito Arthur Neto homologou o contrato com o consórcio “Pró-Infância Brasil”, no valor de R$ 48 milhões para a construção de creches. Na época, sites de Manaus visitaram o endereço da instituição, cujo registro estava registrado na Receita Federal, e no lugar funcionava apenas uma loja de turismo.
O escândalo virou tema de discussão na Câmara Municipal de Manaus (CMM) no ano de 2015, cujo pedido de investigação foi levantado pelo ex-vereador Professor Bibiano (PT). Na época, a maioria dos parlamentares que pertencia à base governista de Arthur Neto conseguiu barrar a investigação e não se ouviu mais falar sobre o assunto.
Um ano antes, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a anulação de processo licitatório por vícios encontrados no edital de licitação para a construção de cinco creches, autorizadas pelo prefeito Arthur Neto.
O processo restringia a competitividade do processo de licitação, alterava o projeto básico. O TCU também sugeriu alterações em outras nove licitações a fim de sanar irregularidades no processo. O valor desse contrato que o TCU anulou o processo licitatório é de R$ 7.260.654,25 e o município corre o risco de perder o recurso uma vez que o convênio foi firmado.
Projetos em andamento
Em Manaus, cidade que concentra a maior população entre os municípios amazonenses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Secretaria Municipal de Educação (Semed) informou, via assessoria, que são atendidas 4,2 mil crianças em idade de creche (1 a 3 anos). O número corresponde a apenas 3,2% das 129.820 crianças nessa faixa etária, se considerado o último censo do IBGE, realizado em 2010.
Segundo a Semed, elas estão distribuídas em 53 unidades de ensino, das quais 20 são Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis), 19 são escolas municipais e 14 são creches. A secretaria também informou que a prefeitura gerencia o Projeto de Expansão e Melhoria Educacional da Rede Pública Municipal de Manaus (Proemem), que desde 2014 aguardava autorização, junto ao governo federal, para empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) com o intuito de construir novas unidades escolares.
“A autorização para contratar a operação de crédito foi publicada na edição do dia 19 de maio de 2017, do Diário Oficial da União (DOU), e aprovada pelo Senado Federal, no dia 17 de maio também deste ano. A liberação para o empréstimo também já havia sido aprovada no dia 16 do mesmo mês, pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e recebeu unanimidade de votos no plenário da Casa”, informou a secretaria em nota.
Os US$ 52 milhões, aproximadamente R$ 150 milhões, aprovados para a Prefeitura de Manaus, como empréstimo junto ao BID, possibilitarão a construção de 29 unidades escolares e a consequente ampliação de vagas na rede. Após a assinatura do contrato junto ao BID, a Semed terá cinco anos para a execução das metas estabelecidas pelo Proemem. Das 29 unidades escolares previstas, 11 serão escolas municipais de Ensino Fundamental, 11 de Educação Infantil e sete creches.
As novas escolas aumentarão em 20 mil vagas a oferta. Além dessas unidades que serão construídas pelo Proemem, também estão em construção 14 creches, das quais três estão previstas para serem entregues ainda no segundo semestre deste ano.
Não deixe de curtir nossa página no Facebook, siga no Instagram e também no X.