Manaus, 21 de maio de 2024
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Cidades

Avó de indígena morto em assalto a ônibus pede indenização de R$ 1 mi de empresa em Manaus

Segundo os advogados, a empresa está em uma posição confortável, enquanto a avó do indígena é uma mulher pobre, que tem como renda um benefício social

Avó de indígena morto em assalto a ônibus pede indenização de R$ 1 mi de empresa em Manaus

Jovem foi morto com um tiro na cabeça durante um assalto no ônibus da linha 444 (Foto: Reprodução)

Manaus, AM – A avó do indígena Melquisedeque Santos do Vale, Zurma Silva dos Santos, de 52 anos, entrou com uma ação na Justiça contra a Viação Nova Integração, após o neto ser assassinado dentro de um dos ônibus da empresa durante um assalto, em dezembro de 2021.

Na ação, a mulher pede a indenização de R$ 1 milhão da empresa, sendo o valor dividido entre R$ 250 mil por danos morais e R$ 799,9 mil de lucros cessantes, sendo o valor que a vítima receberia até completar 75 anos, considerando o salário que Melquisedeque recebia, de R$ 1,2 mil.

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De acordo com o documento, Melquisedeque era recém-contratado como jovem aprendiz em uma empresa de Manaus, e ajudava financeiramente a avó. “O jovem que morreu era quem trazia a sustentação financeira para o lar”, diz um trecho da ação.

Segundo os advogados que representam a avó do indígena, a posição da empresa é “extremamente confortável”, uma vez que explora o serviço de transporte público, sendo dona de uma frota de veículos razoável e de um patrimônio “considerável”. Por outro lado, Zurma é “uma senhora pobre, doméstica que tem como renda principal o programa Bolsa Família”.

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Segundo a ação, baseado no relato da avó, o ônibus realizou uma “troca brusca de itinerário”, o que não foi detecdado pela empresa responsável pelo veículo. Conforme os advogados, é possível que essa possível falha tenha colocado “a segurança dos usuários do transporte coletivo completamente alheia à sorte”.

A avó do indígena ainda afirma que houve “total indiferença da empresa (…) com a perda irreparável da vida do jovem”, além de não ter recebido nenhum tipo de ajuda. “Apesar do total desinteresse da ré em propor ajuda a família do de cujus, (…) a requerente se manifesta em ter interesse na realização de audiência de conciliação ou de mediação”, diz um trecho.

Relembre o caso

Vítima de um latrocínio que chocou Manaus em dezembro de 2021, Melquisedeque Santos do Vale, de 20 anos, tinha começado a trabalhar em uma loja de departamento em Manaus como jovem aprendiz. Ele foi morto com um tiro na cabeça durante um assalto no ônibus 444, no bairro Tarumã, zona Oeste, ao retornar para casa, após mais um dia de trabalho.

Melquisedeque era da etnia Sateré-Mawé e veio do município do Manaquiri para Manaus em busca do primeiro emprego. Há uma semana havia conseguido a vaga de jovem aprendiz na loja e no dia em que foi assassinado tinha recebido uma cesta natalina.