Manaus, 6 de maio de 2024
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Cenário

Bancada do Amazonas repercute saída de comandantes das Forças Armadas

Os políticos amazonenses refutam a ideia de golpe e esperam por harmonia dos militares com Bolsonaro

Bancada do Amazonas repercute saída de comandantes das Forças Armadas

Foto: Reprodução

MANAUS – O Ministério da Defesa anunciou, nesta terça-feira (30), a saída dos comandantes das três Forças Armadas: Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Moretti Bermudez (Aeronáutica). A renúncia do trio no Governo Bolsonaro foi comentada pela Bancada do Amazonas, que defendeu o papel constitucional das Forças Armadas.

No comunicado não foi informado o motivo da saída dos três, nem quem serão os substitutos aos cargos. No dia anterior (29), Fernando Azevedo também deixou o cargo no Ministério da Defesa. A “baixa” inesperada de Azevedo teria sido recebida com preocupação pelos militares.

Ao Portal Amazonas1, o senador Omar Aziz (PSD) elogiou a atuação do general Fernando Azevedo na pandemia da covid-19, onde teria sido grande aliado no combate à doença no Estado. Ele cita que o ex-ministro ajudou com aeronaves e equipamentos de oxigênio no interior do Amazonas.

“Mas a decisão de nomear e exonerar sempre será do presidente Bolsonaro, goste ou não. O Senado não tem nada a ver com as mudanças em ministérios, incluindo o Ministério da Defesa”, afirmou Omar.

Conforme informações divulgadas pela Folha de S. Paulo, a renúncia conjunta ocorreu por discordarem do presidente da República, que vinha cobrando manifestações política favoráveis a interesses do governo. Além disso, “todos reafirmaram que os militares não participarão de nenhuma aventura golpista.”

Questionado sobre um possível golpe militar similar a de 1964, o senador descartou qualquer manifestação neste sentido. “O Brasil não tem condições. Hoje o mundo é outro e nenhum país apoiaria um ato radical e de força. Também não estamos vivendo uma crise no ponto de vista que aponte isso”, finaliza.

Já o senador Eduardo Braga (MDB) declarou que, independentemente dos nomes escolhidos para os comandos, seja da Marinha, Exército ou Aeronáutica, sempre defenderá o papel constitucional das Forças Armadas.

“É óbvio que é direto do presidente da República trocar qualquer ministro da Defesa, e, com isso, fazer a mudança que precisa ser feita. O que não se pode é desrespeitar a Constituição Federal”, disse Braga.

Na avaliação do senador Plínio Valério (PSDB), a saída conjunta dos três comandantes demonstrou uma insatisfação dos militares com Bolsonaro. Segundo ele, cabe aos parlamentares a função de tentar equilibrar esse cenário.

“Por um lado, um presidente achando que tem apoio das Forças Armadas e do outro, vemos um segmento insatisfeito com ele. Isso não é bom para a democracia e é preocupante sim. Por tanto, nós como legisladores, temos que atuar como mediadores e pacificadores”, comenta.

“Quando a democracia está em perigo é exatamente quando começa essas coisas que beiram ao radicalismo. E quando se trata das Forças Armadas, sempre é um assunto delicado. Temos que torcer e rezar para que nada aconteça. Nós queremos uma relacionamento, uma conversa sempre boa e Poderes sempre harmônicos.”, completou.

Também ouvido pela reportagem, o deputado federal José Ricardo (PT) informou não saber exatamente o que provocou o racha na relação das Forças Armadas com Bolsonaro. Ele aponta que militares ocupam muitos cargos no primeiro escalão no atual governo e que sempre apoiaram a administração do presidente.

“Eu espero que as Forças Armadas vejam que elas têm uma função constitucional e não estão a serviço dos caprichos do presidente. Portanto, espero que continuem com esta missão e cuidando da soberania do Brasil. A administração é de responsabilidade do Bolsonaro, que está mostrando que é totalmente incompetente e sem condição nenhuma para cuidar dos destinos da população”, disparou o petista.

A reportagem também tentou falar com os demais parlamentares que compõem a bancada federal do Amazonas, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.