Manaus, AM – O vereador Elissandro Bessa (Solidariedade) usou a tribuna da Câmara Municipal de Manaus (CMM), nesta terça-feira (26), para denunciar supostos contratos com irregularidades na Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), pasta que é comandada pelo ex-vereador Alonso Oliveira. Bessa chegou a afirmar que a dona de uma das empresas contratadas é sobrinha do secretário.
“Eu venho a esta tribuna para relatar algumas irregularidades na Secretaria Municipal de Cultura e com relação a contratos feitos sem licitação. E encaminhei essa denúncia aos órgãos de fiscalização Ministério Público e Tribunal de Contas. Isso que está na tela foi outro processo de compra direta autorizado pela Secretaria Municipal de Cultura, pelo secretário Alonso Oliveira”, disse o vereador.
Ele denunciou que o Boi Manaus, evento realizado no último final de semana, em comemoração ao aniversário de 352 anos da cidade de Manaus, foi organizado pela empresa Uni Publicidade e custou R$ 876 mil aos cofres públicos. A contratação, segundo o parlamentar, foi feita com dispensa de licitação.
“A prática de compra direta ainda está acontecendo na secretaria, isso é muito grave, muito sério. O evento maravilhoso, um evento muito bonito, aniversário da cidade de Manaus, que teve para prestação de serviço ali de segurança, alimentação, com dispensa de licitação”, disse.
Na semana passada, Bessa já tinha relatado na tribuna denúncias que recebeu de artistas manauaras sobre os gastos milionários feitos por Alonso Oliveira. Entre outras coisas, os relatos apontam que estão sendo realizadas dispensas de licitação usando como justificativa o estado de calamidade pública em Manaus, em decorrência da covid-19.
Nesta terça, o vereador questionou a alternância de contratações da Manauscult entre as empresas UniPublicidade e a UP Fest. O Portal Amazonas1, aliás, já noticiou outros contratos firmados pela Manauscult com várias empresas, entre elas, as citadas por Bessa.
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“Por que que a Uni Publicidade e a Up Publicidade são as empresas que estão ganhando esses valores desde o início da gestão do seu Alonso Oliveira na secretaria. É a UP, é a Uni, é a UP, é a Uni. Essas são as interrogações que os órgãos de fiscalização irão fazer”, indagou.
A Up Fest foi contratada ainda neste mês por R$ 689,9 mil para aluguel de tendas, banheiro químico, grupo gerador, climatizador, iluminação, contêiner, etc. Em agosto, a mesma empresa também foi contratada por R$ 697 mil para organizar um evento que durou apenas cinco dias, na capital.
Na ocasião, o vereador também denunciou que a dona da UP Fest seria sobrinha do secretário Alonso. Trata-se de Cryslaine Souza de Oliveira, que aparece como uma das donas da empresa, no site da Receita Federal. Outro nome que também consta é o de Patrícia Oliveira de Souza.
“Recebi uma informação, que estão averiguando, que a sociaproprietária da UP Publicidade, a senhora Crislaine Souza de Oliveira, é sobrinha do senhor Alonso Oliveira, secretário do Manauscult”, afirmou.
Vale destacar que a possível inimizade entre Bessa e Alonso Oliveira, ambos aliados do prefeito David Almeida, se dá em razão de que o vereador pode perder o cargo na CMM para o secretário.
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Isso porque, após decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), o quociente eleitoral será alterado. O Tribunal decidiu aceitar o pedido de registro de candidatura de Rodinei Moura Ramos (Avante) e validou os votos dele.
Com isso, o Avante teria direito a mais uma cadeira na CMM. Essa vaga atualmente pertence ao vereador Bessa, ou seja, ele teria que deixar o cargo e a vaga ficaria com Alonso Oliveira. Este último, inclusive, é ex-vereador de Manaus, mas não foi eleito.
Em contrapartida, no início do ano, Alonso foi nomeado como presidente da Manauscult, o que gerou as primeiras críticas à gestão de David Almeida, porque além disso, o prefeito ainda nomeou outros três ex-vereadores para cargos na prefeitura. Mas, Almeida voltou atrás e decidiu tornar sem efeitos os decretos de nomeação. Porém, manteve Alonso no comando da Manauscult.
O Portal Amazonas1 procurou a Manauscult para o secretário se posicionar sobre as acusações feitas contra ele e a pasta. No entanto, não houve retorno até a publicação da matéria; espaço segue aberto para esclarecimentos.
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