Manaus, 12 de maio de 2024
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Cenário

Candidata do AGIR denuncia Nair Blair ao MPF e revela que pivô do caso Melo está isolada dentro do partido

A denunciante acrescentou que Nair chegou em Manaus três meses antes da eleição e criticou a atitude, afirmando que quem pretende pleitear um cargo ao Governo não age dessa forma

Candidata do AGIR denuncia Nair Blair ao MPF e revela que pivô do caso Melo está isolada dentro do partido

Fotos: Redes Sociais/Montagem AM1

MANAUS – A candidata ao governo do Estado pelo AGIR, Nair Blair, foi denunciada ao Ministério Público Federal (MPF) por Soraya Arruda, uma das candidatas do partido, ao cargo de deputada estadual. A denúncia foi feita no dia 8 de setembro e Soraya afirma que Nair cometeu crime de injúria e difamação, além de tentativa de impedir o direito de liberdade de expressão da candidata.

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De acordo com Soraya, Nair conseguiu ser a candidata majoritária da sigla no Amazonas após prometer que conseguiria recursos suficientes para que todos os candidatos pudessem formar suas equipes para trabalhar e viabilizar seus nomes junto ao eleitorado. Além de ter sido escolhida por ser amiga do vice-presidente da legenda, Silvio Maia.

“Ela veio para o partido e conseguiu ser a candidata na promessa de que teria conseguido mais de vinte milhões para o AGIR, e que grandes empresários estavam com ela apoiando sua candidatura. A indicação dela foi feita mesmo contra a vontade da maioria dos candidatos”, contou Soraya.

Soraya contou ao Portal AM1 que Blair recebeu o montante de R$ 400 mil da Executiva Nacional e só repassou R$ 3 mil para alguns candidatos e que pessoas consideradas “amigas” dela receberam entre R$ 6 a 16 mil.

A candidata contou ainda que grande parte dos pretensos candidatos do AGIR começaram a ameaçar desistência por não receberem o apoio prometido do partido. Após saber do descontentamento dos colegas, Arruda se solidarizou com os candidatos por meio de um grupo de WhatsApp, criado e administrado pela candidata ao Governo e foi nesse momento que foi excluída do grupo, na tentativa de ser calada.

“O nosso partido está numa situação extremamente grave hoje. A situação dos candidatos é lastimável, muito difícil. Nós sempre tivemos problemas graves no partido, desde o início, antes da convenção, porque essa senhora foi enfiada ‘goela a baixo’ contra a vontade de todos”, pontuou Arruda.

A denúncia do MPF é identificada pelo número::20220071288/2022 PR-AM-00050093/2022.

Isolada
A denunciante disse à reportagem que hoje, Nair Blair se encontra isolada dentro do partido por não possuir apoio da maioria dos filiados. Informou também, que a convenção oficial da sigla foi marcada por brigas e diversos problemas que, no decorrer do processo eleitoral, foram amenizados, mas voltaram à tona com ameaças de desistência, uma vez que os candidatos começaram a ficar desesperados por não terem recursos para suas campanhas.

“Eu fui no grupo dos candidatos e me solidarizei com os colegas de partido, porque realmente eu sei o que estamos passando e sofrendo. E ela, numa tentativa de me calar, cercear o meu direito de liberdade de expressão, me excluiu do grupo dos candidatos do AGIR e foi aí que eu formulei a denúncia contra ela por violência contra mulher, por tentar me calar. Depois disso, quando informei ao presidente e vice-presidente do partido que havia denunciado a candidata, as provas de muitas outras falcatruas praticadas por ela começaram a aparecer”, afirmou Soraya.

A candidata a estadual disse que antes de ser excluída, Nair mandou um áudio no grupo afirmando que a máscara de Soraya havia caído, o que fez a candidata fazer a denúncia.

“Ela causou um gravíssimo problema dentro do partido, se isolou e isolou todo mundo. Eu não aceito que digam que minha máscara caiu, eu sou ficha limpa, nunca fui presa pela Polícia Federal, nunca ‘baixei’ penitenciária, nunca fui investigada, julgada e condenada como ela. Que na realidade mentiu, enganou todo mundo no partido, porque ela é condenada criminalmente por peculato, falsidade ideológica em 2019 e nunca, jamais, em momento algum, deveria ter mostrado a cara dela aqui para ser candidata pelo nosso partido”, desabafou a candidata a deputada estadual.

Outras denúncias
Segundo documentos enviados ao Portal, além de não cumprir com as promessas de apoiar as candidaturas dos colegas de sigla, Nair pagou um ano de aluguel no próprio nome com o dinheiro do Fundo Eleitoral.

Outra denúncia feita por Soraya afirma que Nair Blair utilizou um documento com a logomarca do AGIR36 para fazer reservas em um hotel, despesa que só pode ser autorizada pela presidência ou tesouraria do partido.

Arruda afirmou também à reportagem, que a candidata ao Governo pelo AGIR contratou uma empresa de tecnologia e comunicação pelo valor de R$ 360 mil no nome do presidente, o candidato ao Senado Peter Junior Miranda, e que ele só tomou conhecimento da situação quando um representante da empresa ligou para cobrar os valores contratados.

A candidata a uma cadeira na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), disse também, que Nair comprou dois celulares com o dinheiro proveniente do Fundo Eleitoral. Um para ela mesma e o outro para a sua candidata a vice-governadora, Rita Nobre.

“Registrei um B.O (Boletim de Ocorrência) contra ela por injúria e difamação e processei para que ela responda civilmente e criminalmente. Eu não compactuo com pilantragem, com ilícitos, com ilegalidades, não admito, eu corto na carne seja quem for. Bandido de colarinho branco que atravessar o meu caminho vai ser denunciado, porque eu não vou ficar calada” frisou Soraya.

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A denunciante acrescentou que Nair chegou em Manaus três meses antes da eleição e criticou a atitude, afirmando que quem pretende pleitear um cargo ao Governo não age dessa forma. Soraya finalizou dizendo que “só vai parar quando toda a verdade for revelada, quando a investigação terminar e Nair for punida pelos crimes que cometeu”.

Caso Melo
No segundo turno das eleições de 2014, a Polícia Federal apreendeu cerca de R$ 11,7 mil, além de documentos que incluíam notas fiscais, listas de eleitores e recibos com assinaturas de Nair Blair e de Evandro Melo, irmão do ex-governador cassado, José Melo. A atual candidata ao Governo do Amazonas foi acusada de participar de um esquema de compra de votos na eleição de Melo, além de falsidade ideológica.

Nestas eleições, Blair declarou ter um total de R$ 5,3 milhões em bens.

Outro lado

O AM1 solicitou uma nota com o posicionamento da candidata Nair sobre as denúncias contra ela.

Por meio da sua assessoria de comunicação, a candidata ao Governo negou toda e qualquer denúncia sobre suposta violência e tentativa de cerceamento do direito de liberdade de expressão a qualquer um dos candidatos do AGIR.

Sobre a denúncia envolvendo recursos do Fundo Eleitoral, a nota afirma que o montante foi disponibilizado pelo Diretório Nacional e enviado em nome da candidata Nair Blair. E por esse motivo, toda e qualquer despesa deveria ser paga em nome da mesma e não de terceiros. A candidata afirmou que os gastos foram encaminhados ao órgão competente na prestação de contas, conforme disponível no Divulgacand, no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em relação às reservas em hotel, a nota afirma que Nair é secretária-geral do partido, e por isso, apenas autorizou as reservas no Hotel Da Vinci para os candidatos a senador, a vice-governadora e para uma deputada federal, a pedido do próprio partido, acrescentando que Blair nunca ficou hospedada no referido hotel.

A nota diz ainda que o recurso do Fundo Eleitoral foi disponibilizado para a campanha da candidata majoritária e que ela decidiu partilhar parte do dinheiro com os demais candidatos e arcou com os compromissos já firmados pela sigla. Afirma também, que os candidatos receberam material de propaganda eleitoral para a realização de suas campanhas.

Por fim, o texto nega que Nair está isolada dentro do AGIR e frisa que Soraya deverá provar o que diz e que, inclusive, poderá responder procedimento jurídico por calúnia e difamação.

Confira a nota na íntegra:

A candidata ao Governo do Amazonas, Nair Blair, nega toda e qualquer denúncia sobre suposta violência e tentativa de cerceamento do direito de liberdade de expressão a qualquer um dos candidatos do AGIR.

Sobre as denúncias relatadas, consideramos:

1 – O telefone da candidata foi hackeado e clonado, portanto, até ela ficou sem acesso às redes sociais e WhatsApp e precisou mudar de número.

2 – O Fundo Eleitoral disponibilizado pelo Diretório Nacional foi enviado em nome da candidata Nair Blair. Sendo assim, toda e qualquer despesa deve ser paga em seu nome e não de terceiros. O recurso e gastos foram encaminhados ao órgão competente na prestação de contas, conforme disponível no Divulgacand.

3 – Como secretária-geral do partido, ela apenas autorizou as reservas no Hotel Da Vinci para os candidatos a senador, a vice-governadora e para uma deputada federal a pedido do próprio partido. Nair Blair nunca ficou hospedada no referido hotel.

4 – Mesmo o recurso do Fundo Eleitoral sendo disponibilizado para sua campanha, a candidata decidiu partilhar parte desse dinheiro com os demais candidatos e arcou com os compromissos já firmados pela sigla. Além dos recursos individuais, os candidatos receberam material de propaganda eleitoral para a realização de suas campanhas.

5 – A agenda da candidata é divulgada todos os dias publicamente, com envio para todos os veículos de comunicação. Portanto, é infundada a denúncia de isolamento por parte dela.

6 – Negamos qualquer tipo de fraude ou violência como citado pela reportagem. Reiteramos que a denunciante deve provar o que diz, sendo inclusive cabível procedimento jurídico por calúnia e difamação.

Confira os documentos: