Caso Davi Lucas: família diz que madrasta tentou cortar pênis do enteado

Manaus (AM) – O julgamento do “Caso Davi Lucas”, previsto para ter início nesta segunda-feira (21), em Manaus, foi adiado. O pai e a madrasta do pequeno Davi Lucas, de 5 anos, que, atualmente, vive em estado vegetativo, são réus no processo. Uma nova data para o julgamento ocorrer ainda não foi divulgada.

A família de David por parte de mãe acusa a madrasta por agressão e o pai por omissão e diz ter provas de que a mulher tentou cortar o pênis da criança.

A mãe, Davi Lucas e os familiares chegaram ao Fórum Henoch Reis, no bairro Aleixo, zona Centro-Sul, por volta das 9h da manhã de hoje.

Em frente ao Fórum, familiares de David se reúnem com cartazes e blusas com a foto do pequeno e as frases de “Justiça por David Lucas” e “Não foi um acidente doméstico”.

Entenda o caso

Conforme os familiares de Davi, o pequeno morava com a mãe, mas precisou ir para a casa do pai, por causa da guarda compartilhada determinada pela Justiça.

Na casa do pai, Davi ficou sob os cuidados da madrasta enquanto o pai havia ido trabalhar.

Nesse período, a madrasta teria alegado que criança acabou se engasgando com uma tampa de creme dental, que ficou presa na garganta, em junho de 2022, quando Davi tinha apenas quatro anos de idade.

O pequeno David, então, foi levado para um hospital, onde deu entrada na Unidade de Trauma Intensivo (UTI) e precisou ser reanimado.

David sobreviveu, mas hoje vive em estado vegetativo. Ele foi submetido a uma traqueostomia para poder respirar.

A família dele, por parte de mãe, alega que houve falhas da polícia e da Justiça.

Segundo os familiares, antes da agressão que causou a internação de Davi na UTI, a mãe chegou a registrar um Boletim de Ocorrência (BO) contra a madrasta, mas a polícia demorou para chamar a denunciada e o companheiro (pai da criança).

Família alega que criança foi torturada

“David foi vítima de tortura. O laudo pericial constatou que ele foi torturado. Inclusive, ela [madrasta] tentou cortar o pênis dele. Não tem como uma criança de apenas quatro anos ter caído dentro do banheiro e ter se machucado do jeito que a perícia afirmou que houve agressões”, conta a tia de Davi, Brenda Lins.

Ainda segundo a tia, Davi apresentava hematomas no rosto e na barriga. “Quando saiu o exame de sangue, o fígado dele estava inchado. Inicialmente, o médico achou que ele [Davi] estava desenvolvendo uma hepatite, mas depois foi comprovado que as lesões no fígado foram por causa de pancadas na barriga dele”, acrescenta Lins.

Em frente ao Fórum, uma irmã de Davi, uma adolescente de 12 anos, também falou sobre o caso à imprensa. Ela relata que o outro irmão, identificado como Moisés, também estava com Davi na casa do pai e da madrasta e diz ter presenciado parte das agressões.

“Antes de ele [pai] conhecer ela [madrasta], ele era um ótimo pai. Mas, depois, as coisas mudaram e ele se distanciou. Ele ligou pra minha mãe dizendo que o Davi tinha caído no banheiro e estava internado na UTI, mas o Moisés [nosso outro irmão] disse que viu a madrasta agredindo o irmão, inclusive, chegou a presenciar ela agarrando o pênis do irmão para ele não fazer xixi”, relatou a adolescente.

Ainda segundo a adolescente, o irmão Moisés teria relatado, ainda, que estava saindo com o pai de carro para ir à escola, quando ambos ouviram os gritos de David, que estava apenas na companhia da madrasta. Horas depois, a criança deu entrada na UTI.

Conforme a adolescente, Moisés diz que a madrasta brigou com David por ele não querer acordar cedo para tomar banho.

Não só Davi, como também Moisés foi vítima de agressões por parte da madrasta, conforme relatou a família ao Portal AM1. Moisés, inclusive, apresenta marcas no pescoço, que, segundo a família materna, foram ocasionadas pela madrasta ao tentar enforcar o enteado.

Moisés e Davi são filhos do mesmo pai e da mesma mãe, porém, por decisão judicial, Moisés era criado pelo pai enquanto Davi morava com a mãe. Em dias alternados, o casal compartilhava a guarda dos filhos.

‘Vakinha’ arrecada doações para tratamento

Uma ‘vakinha’ online arrecadou R$ 1.037.585,44 para auxiliar nas despesas do tratamento de saúde do pequeno Davi Lucas. A meta era arrecadar apenas R$ 200 mil, mas a repercussão do caso na mídia e a gravidade das lesões da criança sensibilizaram o país. Agora, o resgate do valor deverá acontecer dentro de 40 dias contados após a data do encerramento da vakinha, que foi finalizada em 20 de agosto deste ano.

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