
MANAUS – O presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), vereador e candidato a deputado federal David Reis (Avante), repreendeu os trabalhadores de limpeza pública que foram buscar apoio na Casa parlamentar para receber seus direitos trabalhistas atrasados, nesta segunda-feira (22).
Os agentes de limpeza cobram os pagamentos da empresa Mamute Conservação, Construção e Pavimentação Ltda, que era terceirizada da Prefeitura de Manaus.
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Para chamar atenção dos parlamentares, eles começaram a bater nos vidros do plenário. Foi então que, dizendo estar preocupado que um acidente acontecesse, o vereador chamou a atenção deles.
“Eu gostaria que vocês da galeria não batessem, porque isso é vidro, vocês sabem que isso é vidro! Tem pessoas aqui embaixo. […] Aqui vocês não podem achar que é a Casa da mãe Joana. Peço respeito, nós temos trabalhadores aqui dentro. Vocês tem que procurar o TRT, é lá que vocês tem que buscar as ações trabalhistas!”, disse David Reis.
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No entanto, a reação do presidente da CMM foi questionada pelo vereador Rodrigo Guedes (Republicanos) e, logo em seguida, David Reis (Avante) saiu do plenário e mandou o colega “se mancar”. Reis é candidato a deputado estadual.
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“Pelo amor de Deus, presidente, falar que os garis estão tratando isso aqui como a Casa da mãe Joana, presidente?!”, disse Guedes. Pelo que David Reis respondeu: “Te manca!”.
Guedes ainda retrucou: “Te manca o quê, presidente? Respeite […] É só fazer o pedido. Aqui não tem nenhum desordeiro. Aqui são pais e mães de família”. O vereador destacou que todos os parlamentares da Casa já demonstraram apoio aos trabalhadores.
Ao Portal AM1, Guedes afirmou que, ao se referir aos trabalhadores de “forma pejorativa”, David Reis mostrou a falta de sensibilidade. Ele relembrou que a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Semulsp) estava sob o comanda do pai de David Reis, Sabá Reis, quando os contratos foram firmados.
“Ele envergonha o parlamento no momento em que ele agride os garis que estavam lá para reinvindicar seus direitos. E ele não fez nada. Hoje, ele estava lá, milagrosamente, que ele nunca vai para a sessão, ele não moveu absolutamente uma palha para judar os garis”, pontuou Rodrigo Guedes.
A reportagem solicitou explicações do presidente da CMM, mas ainda não obteve resposta; espaço segue aberto para os devidos esclarecimentos.
Entenda o caso
No último dia 17 de julho, a Prefeitura de Manaus informou que o contrato com a Mamute foi encerrado e a empresa Murb Manutenção e Serviços Urbanos foi contratada em caráter emergencial.
Mais de 1,5 mil trabalhadores da Mamute foram informados, no dia 15 de julho, pelos fiscais da empresa, que deveriam parar os serviços e aguardar em casa, até “segunda ordem”. Porém, na manhã do dia 16 de julho, eles foram informados de que o serviço passaria a ser prestado por uma nova empresa.
Agora, os trabalhadores cobram os direitos trabalhistas como pagamento de salários, seguro- desemprego e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). De janeiro a julho deste ano, a Mamute já recebeu mais de R$ 41 milhões da Semulsp, mas alega não ter como pagar os trabalhadores.
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Em nota, a prefeitura informou que os repasses para a empresa Mamute estão em dia e que o pagamento dos profissionais é de responsabilidade exclusiva da empresa. Mesmo assim, os trabalhadores seguem pedindo apoio dos vereadores. O Ministério Público do Trabalho (MPT) já instaurou um inquérito civil para apurar a extinção do contrato.
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