A anulação de todas as condenações proferidas contra o ex-presidente Lula, pela 13ª Vara Federal da Justiça Federal de Curitiba, pelo ministro Edson Fachin, nessa segunda-feira (8), pode ter impactos na configuração da esquerda no Amazonas nas próximas eleições, é o que afirmam alguns políticos e representantes partidários. Os posicionamentos, no entanto, já indicam uma divergência.
Segundo o presidente do Partido dos Trabalhadores no Amazonas (PT/AM), e líder da sigla na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), deputado estadual Sinésio Campos, a decisão de Fachin foi uma reparação que pode unificar os partidos de esquerda. “Eu entendo que as esquerdas, a centro-esquerda, estarão juntas em 2022”, afirmou.
Já o porta-voz da Rede Sustentabilidade Manaus, Luiz Corrêa, afirma que é preciso aguardar novos fatos, como o julgamento da suspeição do juiz Sérgio Moro, para saber o alcance real da decisão, todavia, não descarta que novas alianças se formem em torno do nome de Lula.
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“O presidente Lula tem um potencial político respeitado no estado e sua participação deve ser levada em conta nas alianças. Mas a eleição nacional é um panorama, a regional é outro. Somos oposição ao governo Bolsonaro e participamos de uma arco de aliança com outras legendas para construir um projeto de país longe do extremismo e da falta de respeito à vida e aos empregos de Bolsonaro”, disse Luiz.
Para o Psol, partido que fez aliança com o PT nas últimas eleições municipais, a decisão de Fachin torna a disputa mais favorável para a esquerda. “Sem dúvida, se compõe outro cenário para as eleições, talvez mais favorável para alternativa ao governo atual. Desta maneira, a decisão do STF trouxe um nome da esquerda de peso para disputa”, afirma Raoni Lopes, presidente estadual do Psol.
Raoni Lopes também afirma que a unidade da esquerda é fundamental não só para derrotar Bolsonaro nas próximas eleições, mas também para “consolidar uma alternativa à classe política revitalizada por Wilson Lima e David Almeida”. Ele destaca, contudo, que será necessário um esforço de todos, “inclusive da direção regional do PT”.
Sem possibilidades
Destoando desses posicionamentos, o ex-deputado federal e ex-vice-prefeito de Manaus, Hissa Abrahão (PDT/AM) – que teve o aval do presidenciável Ciro Gomes para disputar as últimas eleições municipais, mas acabou não concorrendo – a decisão de Fachin não mudará tanto o cenário político.
“Sua soltura não se deu por sua inocência, mas sim por um processo cheio de vícios. O que precisamos entender é que ou o Brasil vira a página e aposta em um novo projeto, ou continuaremos provando de 4 em 4 anos, que o fundo do poço tem subsolo”, afirmou.
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Para ele, a alternativa que pode derrotar Bolsonaro vem de um governo progressista, que não conta com o petismo de Lula. “Fica o questionamento: até quando discutiremos que, para fugir dessa necropolítica, precisaremos cair no ‘lulopetismo?’ O PT teve todas as chances para fazer mudanças estruturais no país, mas ao invés disso, utilizou de políticas compensatórias que ruíram ao fim do governo”, disse.
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