Manaus, 2 de maio de 2024
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Manaus, 2 de maio de 2024

Política

Com terceira via polarizada, Lula se mantém como único candidato contra Bolsonaro em 2022

Para especialista, a terceira via só é viável se conseguir 'desidratar' o atual presidente e o petista Lula

Com terceira via polarizada, Lula se mantém como único candidato contra Bolsonaro em 2022

Foto: Reprodução

MANAUS, AM – A menos de um ano das eleições, a corrida pela Presidência da República está ficando cada vez mais quente. O ano de 2022 será decisivo para o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que deve tentar se manter no cargo, mesmo com a imagem arranhada devido às polêmicas durante o seu governo. Apesar disso, apenas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é apontado como seu principal opositor político.

Até agora, o petista faz mistério se deve mesmo protagonizar a corrida eleitoral contra Bolsonaro; todavia, segundo bastidores, ele tem conversado com dirigentes de partidos do ‘Centrão’ em Brasília e afirmou vai fazer todas as alianças que puder.

Pesquisas têm mostrado o ex-presidente liderando a disputa, enquanto os números de Bolsonaro despencam. É o caso da simulação realizada pela Ipespe, divulgada nessa sexta-feira (26), na qual mostrou que Lula se mantém à frente, tanto no primeiro turno quanto no segundo.

Lula diz que Bolsonaro é o maior aliado da covid-19
Foto: Reprodução

De acordo com os dados coletados, Lula registrou 42%, em primeiro turno e Bolsonaro aparece com 24%. Em um possível segundo turno, Lula ganharia com mais de 50% das intenções de votos, caso enfrentasse Bolsonaro.

Para o cientista político Afrânio Soares, os números mostram pouca variação para qualquer um dos candidatos nas simulações de primeiro turno e destaca que o fato do presidente ter apenas 1/4 dos votos quando ele já esteve na posição atual de Lula, não quer dizer que Bolsonaro não possa recuperar o prestígio entre os eleitores brasileiros.

“Até porque a estratégia que me parece mais bem-sucedida, digamos assim, do presidente tem sido os auxílios. O Congresso vai aprovar o Auxílio Brasil no valor de R$ 400 e isso vai impactar. Essa manobra já foi usada por outros governos, principalmente os de esquerda que têm esse lado mais das políticas sociais e agora a direita, que sempre criticou esse assistencialismo, faz uso do mesmo método em busca da melhoria dos votos”, avaliou.

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Por outro lado, o ex-juiz Sergio Moro é o candidato mais competitivo contra o ex-presidente Lula em um 2º turno nas eleições de 2022. Esse cenário foi mostrado por uma outra pesquisa, desta vez, da PoderData realizada de 22 a 24 de novembro de 2021. Se as eleições fossem hoje, Moro ficaria 17 pontos percentuais atrás do petista, perdendo por 48% a 31% em um confronto direto.

Desde que confirmou sua filiação ao Podemos, nessa semana, Moro é visto como um possível personagem importante na “terceira via”. Com isso, ele desponta com a maior probabilidade de virar candidato na corrente ”anti-Lula” e ”anti-Bolsonaro” em 2022.

Com 10,7% das intenções de voto, Moro vira maior rival de Lula e Bolsonaro
Foto: Divulgação

Mas na leitura do especialista ouvido pelo Portal Amazonas 1, uma eventual consolidação de Moro – que é fora do eixo direita-esquerda – nas eleições do ano que vem, depende mais do enfraquecimento do presidente Bolsonaro.

“O Moro começou com 5% e agora está na casa dos dois dígitos em quase todas as simulações e ele alcança cerca de 30% em um segundo turno contra o Lula. No entanto, um cenário entre eles dois, só passaria a existir se houvesse uma desidratação muito grande do presidente Bolsonaro”, avaliou Afrânio.

“A questão é que o presidente usa a máquina do governo, que querendo ou não é poderosíssima. O Moro vai fazer um belo papel na eleição, mas vai continuar em terceiro e provavelmente não deve apoiar nem Lula e nem Bolsonaro. Já seu eleitorado, certamente, vai migrar na maior parte por falta de opção para o presidente”, completou.

Entres outros nomes que se unem ao “bolo” da terceira via, estão o ex-ministro Ciro Gomes (PDT); o cientista político Luiz Felipe D’Ávila (Novo) e os governadores João Doria, de São Paulo e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, envolvidos em uma disputa para representar o PSDB nas urnas. O ex-prefeito de Manaus, Arthur Neto – que tenta a vaga com os dois tucanos – também aparece como alternativa.

O partido liderado por Bruno Araújo passou por um racha após as prévias que sucediam no último domingo (21) terem que ser interrompidas por falhas no aplicativo de votação. Durante a semana, o PSDB anunciou que uma nova empresa foi contratada para finalizar a eleição interna, com previsão de retomada para este sábado (27).

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Voltando para a lista da terceira via, também estão incluídos nela o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM); o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e outros dois senadores: Alessandro Vieira (Cidadania) e Simone Tebet (MDB).

Terceira via viável

Afrânio Soares afirma que o caminho para a terceira via prosperar no pleito presidenciável do próximo ano é “desidratar” os principais candidatos na corrida eleitoral, no caso, Lula e Bolsonaro.

“Se nós estivermos falando de Moro, teria que tirar votos de Bolsonaro, porque a tendência dos eleitores de centro-direita é mais liberal. Já os eleitores de Ciro Gomes já são mais progressistas, mais de esquerda. Para o Ciro crescer, o Lula precisaria desidratar, mas ele está, de certa forma, consolidado, porque uma boa parte do público que está votando hoje nele, vota por conta de um certo arrependimento e por achar que é um ‘senso de Justiça”, comentou.

No entanto, o especialista pede prudência ao bater o martelo sobre o ex-presidente petista e diz que tudo pode acontecer durante a campanha eleitoral de 2022, na qual, segundo ele, os candidatos – como é o caso de Bolsonaro – devem apostar na distribuição de projetos sociais “com a intenção de angariar bônus para os governos”.

O especialista também prevê que o embate ferrenho pelo Palácio do Planalto não tem a menor possibilidade de ser resolvido em um primeiro turno.

“Acredito que o Lula não deve conseguir crescer um patamar superior a 50% dos votos, assim como o Bolsonaro ou qualquer outro candidato. E seguindo a tradição, a eleição presidencial será de dois turnos”, finalizou o cientista político.

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