Covid-19: exercícios ajudam na recuperação de idosos em Manaus

Foto Arquivo Pessoal / Graciane Morais - Marluce Gonzaga

Manaus – Todos nós sabemos que a Covid-19 não só causou estragos pelo mundo, com centenas de milhares de mortos, mas que ela também deixou consequências nos pacientes acometidos pela doença. Quando não cuidadas, as sequelas podem se tornar um transtorno ainda maior porque a infecção afeta todo o aparelho respiratório. É exatamente aí que entra o trabalho dos fisioterapeutas, profissionais que são fundamentais no processo de recuperação dos pacientes, principalmente, dos idosos que representam sete em cada dez mortes durante a pandemia.

A atuação dos fisioterapeutas pode contribuir evitando que os idosos tenham complicações cardiorrespiratórias, além de influenciarem diretamente na recuperação da capacidade pulmonar e motora dos doentes.

Uma dessas profissionais é Graciane Mendonça Morais, que viveu a experiência da covid-19 pelos dois lados, como profissional e na família. Ela cuidou do sogro, Raimundo Morais de 66 anos, infectado pelo vírus em novembro do ano passado.

Embora a fisioterapeuta tenha passado apenas três dias cuidando da reabilitação dele, Graciane ressalta a importância dos exercícios fisioterapêuticos para uma recuperação mais rápida.

“Na verdade, com meu sogro consegui fazer só três dias de exercícios porque logo ele foi internado com a oxigenação baixa. Quando ele teve alta ficou fazendo a fisioterapia respiratória em um hospital particular. Hoje ele já faz os exercícios sozinhos, conforme a fisioterapeuta do hospital o ensinou”, contou ela.

Graciane Morais disse que os exercícios podem variar conforme o quadro e a condição física de cada paciente.

“Varia muito a escolha e séries de sessões que o paciente faz, porque cada um tem um quadro diferenciado de sintomas. Tem paciente que começa fazendo duas séries de dez repetições de exercícios no primeiro dia, assim como tem paciente que faz quatro séries de cinco repetições porque se cansa rápido. Então temos que respeitar o limite do paciente”, afirma a fisioterapeuta.

Ela também alerta para que os pacientes estejam atentos para os sintomas da covid-19, pois a sessões que podem ser feitas em casa, mas há também aqueles que necessitam de cuidados médicos e terapêuticos durante a infecção.

“Quando o paciente tem covid-19 de forma leve dá para realizar o tratamento em casa. Porém tem os com quadro grave e acabam por iniciar a fisioterapia no hospital. Depois que saem da internação, eles até que continuam as sessões em casa ou em clínica”, finaliza.

Seu Raimundo Morais continua com acompanhamento de um fisioterapeuta, pois teve uma pneumonia após contrair a covid-19. Ele ficou seis meses em tratamento, contou Graciane Morais.

Raimundo se exercitando em casa, após a covid-19

Leia mais: Afinal, quais as sequelas que podem ser adquiridas após contrair a Covid-19?

Quem também sofreu ao ver o esposo Francisco de Azevedo Barbosa infectado com a covid-19 foi a dona Marluce Gonzaga Barbosa. Ele, que tem 81 anos, foi severamente afetado pela doença devido à idade e as comorbidades que já possui.

Ela contou que ficou com apenas 50% do pulmão em funcionamento, o que lhe causou sequelas até os dias de hoje.

“Ele ficou internado por nove dias, precisou de oxigênio porque o pulmão ficou comprometido em 50%. Infelizmente, para ele foi muito difícil por conta da idade, pois tem 81 anos e é hipertenso. Ficou com sequelas no cérebro e nas pernas”, disse dona Marluce.

Dona Marluce também disse que se não fossem os exercícios com uma fisioterapeuta, ela não estaria de pé. Marluce também foi infectada, porém em grau mais leve da doença

“O meu esposo teve que fazer fisioterapia por um bom período e com o uso do BiPAP. Com certeza foi muito essencial em sua recuperação”, afirma ela.

Seu Francisco já apresenta um quadro de saúde melhor e segue a recuperação.

Seu Francisco já se recupera da covid-19

Uma série de fatores colaborou para que os idosos fossem os mais afetados nas duas ondas vivenciadas em Manaus, entre elas: sistema imunológico deficiente por causa da idade; vacinas tomadas anteriormente já não têm tanta eficácia e os anticorpos diminuem; pulmões e mucosas tornam-se mais frágeis, ficando mais vulneráveis às doenças virais; costumam se engasgar e aspirar mais, fazendo com que levem mais a mão à boca, o que aumenta o risco de contágio, além de irem com mais frequência aos hospitais, o que os deixam expostos a qualquer tipo de infecção.

Confira alguns exercícios para fortalecer a musculatura respiratória e aumentar a capacidade pulmonar:

Exercite a respiração normal: inspire pelo nariz (puxe o ar) uma vez e expire pela boca (solte o ar) uma vez. Faça três séries de dez repetições duas vezes ao dia (de manhã, após o café, e à noite, antes de dormir), com intervalo de um minuto entre as séries. Puxe o ar duas vezes pelo nariz sequencialmente e solte-o duas vezes pela boca da mesma forma. Faça duas séries de dez repetições, com intervalo de um minuto entre elas, duas vezes ao dia (manhã e noite).

Amplie o exercício anterior: puxe o ar três vezes pelo nariz sequencialmente e solte-o três vezes pela boca da mesma forma. Faça duas séries de dez repetições duas vezes ao dia (manhã e noite), com intervalo de um minuto entre elas.

Para manter o ar por mais tempo nos pulmões, incentivando o aumento da ventilação, puxe o ar pela boca uma vez e o segure de cinco a dez segundos. Libere o ar de uma vez pela boca, na sequência, de forma rápida. Faça duas séries de dez repetições pela manhã e à noite, com intervalo de um minuto entre as séries.

Para expandir a caixa torácica, puxe o ar pela boca uma vez enchendo bem o tórax, elevando os braços simultaneamente. Solte o ar lentamente, abaixando os braços. Faça duas séries de dez repetições pela manhã e à noite.

Sente-se, segure uma bola plástica leve entre as mãos e estique os braços para a frente, formando um ângulo de 90 graus com seu corpo. Levante e desça a bola, sempre com o braço esticado, associando o movimento à respiração, puxando o ar pelo nariz e o soltando pela boca. Faça duas séries de dez repetições.

Segurando a mesma bola entre as mãos, também sentado, estique os braços para a frente e dobre-os em direção ao tórax, sucessivas vezes e associando o movimento à respiração. Faça duas séries de dez repetições.

Em posição deitada, de barriga para cima e com o corpo esticado totalmente, flexione uma das pernas deixando-a apoiada no chão e eleve a outra, contando até cinco. Faça duas séries de dez repetições associando o movimento à respiração, puxando o ar quando a perna sobe e soltando quando desce.