Manaus, 10 de maio de 2024
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Manaus, 10 de maio de 2024

Cidades

Crise na saúde do AM: pacientes do ‘João Lúcio’ em meio a caos

Segundo informações de enfermeiros e pacientes, a quantidade de macas não é suficiente para suprir a necessidade do hospital

Crise na saúde do AM: pacientes do ‘João Lúcio’ em meio a caos

Em meio ao caos da saúde pública no Estado do Amazonas e o atraso de quase 4 meses nos salários de terceirizados da Secretaria de Estado da Saúde (Susam), os principais afetados com toda essa situação acabam sendo os próprios pacientes. 

Vídeos retratando a realidade e o dia-a-dia de hospitais públicos de Manaus mostram um verdadeiro cenário de guerra, como é o caso do Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio, localizado na avenida Cosme Ferreira, zona Leste de Manaus.

Segundo informações de enfermeiros e pacientes, a quantidade de macas não é suficiente para suprir a necessidade do hospital e há relatos de que o aparelho de Raio X estaria quebrado, impossibilitando a realização exames.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviço de Saúde do Amazonas (Sindipriv-AM), a enfermeira Graciete Mouzinho, confirmou o caos no João Lúcio, e destacou que outras unidades como o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, Hospital Platão Araújo, Maternidade Balbina Mestrinho, Instituto da Mulher Dona Lindú, Maternidade Ana Braga, Hospital Francisca Mendes e Hospital Adriano Jorge estão passando pelas mesmas situações.

“É triste entrar nos hospitais. Se vocês pudessem entrar, iam ver a situação da população que precisa, que está doente, que está sentindo dor, que sofreram acidentes e que estão em cima daquelas macas. É horrível mesmo o que se vê, é crítica a situação. Quase 70% dos funcionários faltaram dentro nesses hospitais. No Adriano Jorge ficaram só duas pessoas na UTI, está um verdadeiro abandono, ninguém recebe, governador não faz nada, só diz que repassou o dinheiro”, explicou Graciete. 

A presidente do Sindipriv-AM afirma que os trabalhadores da saúde querem saber para onde foi o repasse do pagamento. “No Portal da Transparência aparece e depois some. Quando questionamos, dizem que a Sefaz que tem que liberar, a Sefaz diz que a Susam que tem que pagar, e a Susam joga para os hospitais. Afinal de contas quem é que paga quem e para onde esse dinheiro está indo, que o governador tanto fala que está pagando? Porque se ele (governador) estivesse pagando mesmo, ninguém estava faltando nos hospitais e nem fazendo manifestação”, completou Graciete, que lembrou que na próxima terça-feira, 17, os servidores irão realizar manifestação no Ministério Público do Amazonas (MP-AM). 

Neste domingo, 15, o vereador da Câmara Municipal de Manaus (CMM), Marcelo Serafim, trouxe a tona a denúncia do Hospital João Lúcio e mostra, também, que há uma grande quantidade de exames que os pacientes esperam para realizar.

“Além de todo esse caos, nós temos uma redução nas equipes de enfermagem em cerca de 70%, porque os profissionais estão há meses sem receber do Estado”, diz o vereador, cobrando resultados do governador Wilson Lima:

“Governador Wilson Lima, eu quero saber até quando que o senhor vai permitir que desmandos na saúde pública vitimem tantas pessoas. O senhor não tem vergonha de tudo o que está acontecendo?”, desabafa Serafim em suas redes sociais e faz um apelo para a saúde pública.

NOTA SUSAM

A Secretaria de Estado de Saúde (Susam) respondeu em nota que as imagens divulgas em vídeo tratam de uma situação atípica e temporária, e que nenhum paciente deixou de ser atendido ou veio a óbito.

Confira a nota na íntegra:

“A direção do Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio esclarece que as imagens divulgadas em vídeo sobre a unidade tratam de uma situação atípica e temporária.

A área mostrada no vídeo é o politrauma, a porta de entrada da urgência e emergência que normalmente tem um fluxo grande de pacientes recebendo os primeiros atendimentos, principalmente no fim de semana.

No sábado à noite, houve uma situação atípica depois que o tomógrafo parou de funcionar, o que fez com que em um determinado momento houvesse uma retenção de pacientes maior que de costume. Foi feito contato com o Hospital Adriano Jorge e os pacientes foram levados de ambulância para fazer exames naquela unidade.

Domingo pela manhã, o Raio X teve problema o que também  provocou uma retenção de pacientes no Politrauma. O equipamento  foi recuperado por volta de meio dia.

Nenhum paciente deixou de ser atendido e não ocorreu nenhum óbito por conta das duas situações, graças ao empenho de todos os profissionais da unidade.”