Manaus, 26 de abril de 2024
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Manaus, 26 de abril de 2024

Cenário

Dança das cadeiras aquece bastidores de partidos políticos no AM

Políticos amazonenses devem migrar de partido ao longo do próximo ano em busca de apoio, visibilidade e fundo partidário

Dança das cadeiras aquece bastidores de partidos políticos no AM

MANAUS (AM) – A pouco mais de um ano do início da corrida eleitoral no Amazonas, especulações sobre a dança das cadeiras nos partidos políticos já começam a movimentar os bastidores políticos e novas tratativas para filiações começam a se formar para o pleito geral de 2022 no Estado. Para especialistas, a movimentação, mesmo que precoce, aponta indícios sobre o cenário eleitoral do próximo ano.

A troca-troca de partidos está marcada na história da democracia no Brasil, afinal, o país possui aproximadamente 33 partidos políticos e milhares de filiados. As mudanças, muitas vezes, sucedem quando os políticos filiados sofrem algum desgaste interno na sigla ou buscam mais força eleitoral para disputarem pleitos próximos.

Leia mais: Reviravolta: Amazonino deixa Podemos e vai para o DEM

Conforme explicou Breno Rodrigo, cientista político, a mudança de partidos em véspera de eleições ocorre principalmente com políticos que pretendem concorrer a cargos. Visando assim, mais visibilidade e força que a sigla pode proporcionar.

“A migração partidária acontece principalmente por conta das posições dentro do partido. As mudanças não ocorrem da noite para o dia, em muitos casos, o político perde disputas internas, protagoniza conflitos com o diretório partidário e pode até mesmo receber convites de filiações de outros partidos, dependendo de sua força eleitoral. No entanto, toda troca de partido se dá pelo deslocamento do eleitorado, principalmente, quando se trata de um político com um cabo eleitoral grande e está num partido pequeno, sem muito espaço. Com isso, a troca de partido envolve interesses para a disputa eleitoral, conquistar mais visibilidade, mais tempo de TV, mais recursos e mais campanhas de sucesso”, explicou.

Migração coletiva

Na última sexta-feira (9), mudanças partidárias agitaram o cenário político amazonense. Conforme o presidente do DEM e secretário municipal, Pauderney Avelino, já havia afirmado ao Portal Amazonas1, o ex-governador Amazonino Mendes deixou o Podemos e deverá se filiar ao Democratas nos próximos dias. A decisão foi confirmada pelo deputado estadual Wilker Barreto durante transmissão ao vivo.

Ao longo das tratativas, Pauderney confirmou que a candidatura de Amazonino, para 2022, é um dos planos do Democratas. “Caso ele vier [sic] para o partido, de fato, sem dúvidas, será para disputar as eleições do ano que vem e ser candidato ao governo em 22”, afirmou Avelino.

Pauderney e Amazonino caminham para uma aliança em 2022

Breno Rodrigo explicou que a migração de Amazonino para o DEM é devido à baixa presença eleitoral do Podemos.

“Amazonino é um político que possuiu um cabo eleitoral grande e está em um partido mediano, sem muitas campanhas de sucesso a nível nacional e que não possui muita visibilidade, então, ele não tem muita visibilidade. Por isso, o interesse de ir para o DEM, que possui uma musculatura mais consolidado, elegeu o presidente do Senado, possui ministério, governadores e que potencializa candidatos que queiram disputar eleições em cargos majoritários”, ressaltou.

Parlamentares devem migrar para o DEM junto ao ex-governador Amazonino Mendes

Com a mudança, os deputados Wilker Barreto, Dermilson Chagas, vereador Amom Mandel e a vereadora Professora Jaqueline também deixaram a sigla. Wilker chegou a afirmar que vai se filiar ao DEM junto ao ex-governador.

“Para onde o Amazonino for, eu vou acompanhá-lo, porque eu acredito no projeto que ele traz para o Amazonas. A ida de Amazonino para o Democratas estava construída com o Podemos, que serviria como um partido-satélite. Infelizmente, isso não deu certo”, afirmou.

Amom e Jaqueline ainda não comentaram qual partido vão se filiar.

Desfiliações

Outros nomes também devem protagonizar mudanças partidárias ao longo do próximo ano. De acordo com o cientista político Helso Ribeiro, as principais migrações devem ocorrer na base do governo estadual, começando pela deputada licenciada e secretária estadual de Assistência Social, Alessandra Campelo, que está enfraquecida no âmbito do partido MDB.

“Atualmente, Alessandra é uma das secretarias de Wilson Lima que deve disputar a eleição com Eduardo Braga, líder do MDB. A divergência entre Braga e Campelo dentro da sigla poderá provocar a saída de Alessandra, às vésperas da eleição. No entanto, ainda não há uma definição sobre qual partido ela deve se filiar”, comentou.

Questionado sobre a possível saída de Alessandra, o presidente estadual do MDB, Miguel Capobiango se limitou a dizer que desconhece qualquer tratativa nesse sentido.

O atual governador também deve deixar o PSC e avançar para um partido de ‘Centro’ com um orçamento de campanha maior.

“Já se fala que o governador do Amazonas poderá mudar de partido. Há especulações de que ele se filie ao Podemos ou ao PL, por exemplo. A mudança pode ser reflexo do baixo recurso do PSC. O partido não possui um fundo partidário longo, por isso, uma aproximação dos partidos de ‘Centro’ pode ser uma alternativa para a campanha do governador”, avaliou Helso.

Apoio presidencial

A atual busca do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para se filiar a um partido também poderá ter reflexo em candidatos que desejam seu apoio eleitoral. Bolsonaro está sem partido desde novembro de 2019, quando anunciou sua desfiliação do PSL, partido pelo qual foi eleito para o Palácio do Planalto. Desde então, ele tentou criar a própria legenda, o Aliança pelo Brasil, mas não obteve sucesso. No meio tempo, surgiram diversas especulações de siglas às quais o presidente poderia se filiar, mas nenhuma se concretizou até o momento.

O presidente demonstrou interesse em ingressar no Patriotas, mas a filiação ainda não ocorreu. Com isso, os políticos que desejam se lançar na eleição de 2022, com apoio presidencial, devem seguir para a mesma sigla que o chefe do Executivo.

“Há uma tendência dos candidatos bolsonaristas se filiarem ao mesmo partido que o presidente. Por uma questão estratégica de conquistar apoio e força para as eleições. Então, assim que o presidente definir um partido, seus apoiadores devem lhe acompanhar”, especulou Helso.

No Amazonas, o deputado federal Alberto Neto (Republicanos), o ex-vereador Chico Preto (sem partido) e o ex-candidato a prefeito, Coronel Menezes (Patriotas) declaram apoio a Bolsonaro.

Procurados pela equipe de reportagem, Menezes afirmou que seguirá para qual partido Bolsonaro for, já Alberto Neto negou a intenção de deixar o Republicanos.

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