Manaus, 3 de maio de 2024
×
Manaus, 3 de maio de 2024

Cenário

Dia dos Pais: políticos no AM deixam de herança o legado da política para os filhos

No Dia dos Pais, o Portal AM1 apresenta alguns políticos que construíram o legado para os filhos na política.

Dia dos Pais: políticos no AM deixam de herança o legado da política para os filhos

Foto: Reprodução/ rede social/ Facebook/ Instagram

Manaus – Celebrado no segundo domingo de agosto, o Dia dos Pais é um dia reservado para os chefes de família, para que este possa receber toda homenagem dos filhos e de todos da família. E cada vez mais, assim também é no mundo da política, o orgulho de ver o filho seguir os passos do pai também é uma forma de ser prestigiado, pois o legado político passa de geração a geração e se transforma em herança, transformando assim a dinastia familiar.

Leia mais: Em Maués, família Leite gasta mais de R$ 1 mi para reformar feiras

Em 2017, a revista Congresso em Foco apontou que 62% dos deputados e 73% dos senadores da época possuíam um parentesco com outros políticos que já haviam sentado na cadeira parlamentar. Passados cinco anos, o cenário se apresenta ainda mais evidente, e nas eleições de 2022 se torna ainda mais explícito. Filhos seguindo na mesma direção, ou ainda, ultrapassando as fronteiras de seus pais.

No Amazonas, por exemplo, diversos parlamentares têm arrastado para dentro das Casas Legislativas filhos e filhas, bem como outros membros da família. Como por exemplo, o deputado estadual Belarmino Lins, que quer passar como herança ao seu filho George Lins a cadeira que ocupa na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).

Leia mais: 32 anos após primeiro mandato, Belão abre mão da reeleição e tenta transferir o poder ao filho

Belão, como é conhecido entre os pares, está com 32 anos de vida parlamentar, e, embora seja muito ativo e demonstre boa saúde e disposição, quer transferir o legado político e decidiu que essa é a hora de se aposentar, porém, não sem antes transferir seus eleitores ao filho, que segundo ele próprio, tem todo o talento político do pai e do tio, que também é parlamentar, e pode dar sequência ao legado da família.

Leia mais: ‘Acredita que é uma mente brilhante só porque tem testa oleosa’, diz Chico sobre Menezes

Foto: Reprodução/ Leandro Castro

Candidato ao pleito de 2022, o herdeiro de Belarmino frisa que “é uma missão suceder o pai”.

“A casa da família Lins é a casa de todos vocês há 44 anos, quando meu tio Átila Lins começou sua vida pública”, escreveu.

Para George, “a missão de suceder” seu pai nessa caminhada é um desafio e é “por uma luta por um Amazonas melhor para o povo, e em especial aos amigos do interior”, onde sua família tem raízes.

Outro exemplo de herança política, e desta vez a família toda foi atraída para o cenário político, que iniciou na Prefeitura de Coari, mas que avança e a disputa promete altos voos, é da família Pinheiro. Naquele município, a família detém o poder do município há aproximadamente 20 anos, e ao que parece, vai continuar na família ainda por vários anos.

Ali, a dinastia iniciou pelo ex-prefeito da cidade, Adail Pinheiro, eleito em 2001, onde passou sete anos na cadeira e, mesmo que por motivo ignóbil tenha deixado o cargo, os filhos agarraram com afinco e não pretendem entregar a “herança”.

Leia mais: Casas, carros e poupança: Amazonino declara quase R$ 4 milhões em bens ao TSE

Foto: Reprodução / Instagram

Entre parentes que passaram pela prefeitura, o filho caçula de Adail, o filho ‘Adailzinho’ segue os passos do pai, se elegeu como prefeito de Coari em 2016, e arrastou sua irmã, a Dra. Mayara Pinheiro como sua vice, que logo buscou uma cadeira da Casa Legislativa tenta reeleição. Adail filho quer ser agora deputado federal.

Na Assembleia Legislativa do Amazonas, Mayara ostenta o título de candidata a deputada estadual mais votada do Estado no último pleito e tenta reeleição, já que o irmão tenta chegar à Câmara Federal e deixou o primo deles na Prefeitura de Coari, o ex-vereador e ex-presidente da Câmara de Vereadores, Keitton Pinheiro.

Lados opostos

O deputado estadual Serafim Corrêa também estendeu ao filho, o vereador Marcelo Serafim, a veia política e atuam, também, no cenário político do Amazonas.

Marcelo, que antes era filiado ao mesmo partido do pai, o PSB, deixou a sigla e se filiou ao Avante para ascender na carreira política.

Na saída do partido, Marcelo reconheceu o apoio do pai durante os 27 anos em que esteve na sigla. O período em que esteve debaixo das asas do pai serviu para compreender todo o cenário e se certificar que é esse o caminho que quer seguir.

“Quero agradecer de coração o apoio e o carinho que recebi de todos nesse momento, em especial ao meu pai, deputado Serafim Corrêa”, disse na ocasião de sua desfiliação.

Leia mais: Bolsonaro e Michelle se reúnem com Guilherme de Pádua e esposa em almoço privado

Foto: Reprodução / Redes Sociais

Eleito prefeito de Manaus em 2004, Serafim Corrêa apoiou o filho na disputa pela Câmara Federal em 2006, quando foi eleito com mais de 92 mil votos. Com Serafim na Aleam e Marcelo na Câmara Municipal de Manaus, os dois já somam cinco mandatos.

Agora, enquanto Serafim busca a reeleição como deputado estadual pelo PSB, o filho Marcelo Serafim tentará o cargo de deputado federal pela terceira vez em toda trajetória parlamentar.

Dinastia

Na família Virgílio, a presença no cenário político começou muito antes do ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto. A herança na política começou pelo avô e bisavô do tucano, que também tiveram carreira política no Amazonas.

Filho de Arthur Virgílio Filho, pai do candidato ao Senado nas Eleições de 2022, soma três mandatos como deputado estadual pelo Amazonas, um mandado de deputado federal e um de senador. Com as conquistas do pai, Arthur se desempenhou na vida política, na qual foi militante do PCB, e anos mais tarde fundou o PSDB.

Leia mais: Arthur Neto grava vídeo sobre “caso Flávio” e reclama de perseguição: ‘pessoas da baixa política’

Com mais de 40 anos de vida política, Arthur Neto já conquistou dois mandatos de deputado federal e um de senador, além de ter sido prefeito de Manaus por duas vezes e ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Foto: Divulgação

Seguindo os passos do pai também, Arthur Bisneto optou, como já era esperado, pela carreira política. Elegeu-se pela primeira vez para vereador de Manaus, cadeira que ocupou por dois anos e depois foi para a Assembleia Legislativa do Amazonas, onde esteve por 12 anos.

Logo depois, conquistou o mandato para deputado federal e ainda foi secretário-chefe da Casa Civil de Manaus na gestão do pai. Bisneto ainda defendeu o pai de uma polêmica com a Construtora Odebrecht envolvendo o nome da família.

Leia mais: Ex-ministro do STF Marco Aurélio revela voto em Bolsonaro ‘embora não seja bolsonarista’

O então deputado afirmou ter recebido R$ 500 mil em doação da empresa para a campanha de 2014 e, quando descoberto, o nome na lista constava apenas como “Arthur Virgílio”, que apontavam ser o ex-prefeito de Manaus.

Na ocasião, Bisneto afirmou que estavam tentando sujar a imagem de Arthur Neto nas eleições municipais.

Cenário nacional

Uma das famílias que está sempre nos holofotes, seja por polêmicas ou não, é a família Bolsonaro.

Com o pai na Presidência da República, Jair Bolsonaro (PL) puxa a fila ocupada pelos três filhos mais velhos, que conseguiram cargos de senador, deputado federal e vereador.

Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro assumiram o papel de defender o pai, não só como parlamentares, mas também como cidadãos, com ideais conservadores, colocando a família e a religião em evidência.

Leia mais: ‘Vamos ver como a Globo se comporta’, ironiza Bolsonaro sobre entrevista

Foto: Reprodução

Assumido como extrema direita na política do Brasil, Bolsonaro e os filhos construíram um império desde as eleições de 2018, quando ganharam força entre os eleitores e também nas redes sociais. Em 2022, por exemplo, a família conquistou 128 mil seguidores somente na rede social Telegram.

Nada diferente da família Bolsonaro, a família do senador Renan Calheiros tem uma grande influência na política em Alagoas. A herança – que vem de berço – passou de geração a geração na família Calheiros, se tornando uma das mais tradicionais no cenário político brasileiro.

Leia mais: Eleições 2022: prazo para registro de candidatos termina na segunda

O filho de senador, Renan Filho, seguiu o legado do pai e ocupou o governo de Alagoas, assim como o posto de deputado federal e prefeito de Murici, mesma cadeira ocupada por Renan Calheiros.

Foto: Reprodução / Twitter

Ações anti-republicanas

Ao Portal AM1, o cientista político Carlos Santiago alegou que a prática de passar o poder para a família está associada com a organização dos partidos políticos que, de acordo com ele, “são práticas patriarcais antidemocráticas”.

De acordo com o cientista, é difícil combater “essas ações anti-republicanas”, uma vez que é necessário mudar as formas de organizações partidárias, como os estatutos dos partidos. Porém, essa mudança não seria possível devido ao atual Congresso Nacional.

Leia mais: Omar Aziz destaca importância da Zona Franca para a educação no Amazonas

“Tais movimentações são realizadas por todos os partidos com ideologias diversas. Só tem um jeito de barrar: é o eleitor se conscientizar de novas lideranças, de novas práticas, de renovação política; que a política não seja a representação de interesses familiares e de grupos; e buscar políticos de qualidade, éticos, pois só assim a sociedade terá bons governantes”, destaca.

Foto: Divulgação

“A família Pinheiro é uma demonstração clara de que essa prática funciona no Amazonas. Um familiar na prefeitura, uma irmã na Assembleia Legislativa do Estado e agora Adail Filho pleiteando uma cadeira na Câmara Federal”, disse. Ainda conforme o cientista, o uso dos partidos para esses fins são financiados com recursos públicos, além de destacar que bancar as siglas com o dinheiro da população são práticas anti-republicanas.