Manaus, 5 de maio de 2024
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Cenário

32 anos após primeiro mandato, Belão abre mão da reeleição e tenta transferir o poder ao filho

O parlamentar já está em plena pré-campanha para que seu eleitorado vote no filho

32 anos após primeiro mandato, Belão abre mão da reeleição e tenta transferir o poder ao filho

(Foto: Reprodução/ Leandro Castro)

MANAUS – Após oito mandatos na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), o deputado estadual Belarmino Lins (PP) abriu mão da reeleição e está apoiando a candidatura do seu filho, o médico George Lins. O parlamentar já está em plena pré-campanha para que os votos antes destinados a ele sejam direcionados ao filho.

Segundo o cientista político Helso Ribeiro, talvez essa seja a primeira vez que um político deixa o mandato e articula a eleição de um filho como sucessor no Amazonas. Ele explica que, embora não seja possível garantir que todos os votos de Belão serão para o filho, o parlamentar tentará ao máximo influenciar seu eleitorado.

(Foto: Reprodução)

“É inquestionável que ele tem um grupo de eleitores que o seguem, contatos com prefeito do interior, ele vem com muitos votos do interior. O Belarmino Lins é um político tradicional, tem condições de passar para o filho dele alguns bons votos que ele teve, não sei se consegue a maioria”, analisou.

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Em 2018, Belão – que é natural de Fonte Boa – foi o deputado mais votado em Carauari, Barreirinha, Jutaí, Tonantins e Novo Aripuanã. Ele também teve votações expressivas em outros cinco municípios do estado, no entanto, Ribeiro destacou que o parlamentar “nunca foi um grande campeão de votos”.

Em março deste ano, Belão falou sobre a mudança e atribuiu a desistência da candidatura à idade: “Eu estou com 76 anos, por que então vou esperar mais quatro anos, quando vou completar 80 anos, e depois eu não poder fazer mais o que eu posso fazer hoje?” disse ao Portal AM1.

Tradição

Ribeiro acredita que a decisão está relacionada mesmo à idade, e analisou o cenário. “É um direito dele. Eu acho apenas que parece que é ‘feudo’. Acho meio estranho esse tipo de comportamento, mas cada um tem o comportamento que acha adequado e cabe finalmente ao eleitor decidir”, disse.

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Para o cientista político Carlos Santiago, o caso do político exemplica a tradição brasileira de ter grupos familiares na política.

“No Brasil, se tem uma tradição: os chamados ‘os donos do poder’, em que eles controlam e possuem poderes, um controle econômico de determinados grupos sociais”, afirmou, relembrando que a família Lins também tem representantes na Câmara Federal, na Câmara Municipal e Tribunal de Contas.

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