Manaus, 17 de maio de 2024
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Manaus, 17 de maio de 2024

Cenário

Delegado Péricles afirma que sempre manteve postura de independência na Casa Legislativa

"Tenho liberdade para fazer críticas, muitas das vezes faço críticas duras, mas também aquilo que eu vejo que é bom eu elogio",pontua Péricles

Delegado Péricles afirma que sempre manteve postura de independência na Casa Legislativa

Fotos: Erick Bitencourt| AM1

MANAUS – Péricles Rodrigues do Nascimento, mais conhecido como Delegado Péricles, é deputado estadual, atual secretário-geral e presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e é pré-candidato à reeleição pelo PL. O parlamentar nasceu no dia 21 de agosto de 1977, em Manaus e cumpre seu primeiro mandato.

Em conversa exclusiva com o Portal AM1, o parlamentar afirmou que sempre manteve uma postura de independência na Aleam, em relação ao Governo do Amazonas e que por esse motivo tem boa relação com o Executivo Estadual, uma vez, não são meras críticas, evitando a máxima do ‘quanto pior melhor’, e prioriza a busca por soluções de problemas, e para isso, defende a união de forças para melhorias que alcancem a população.

Sobre o cenário pré-eleitoral, nacionalmente, o deputado declarado apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), acredita que uma terceira via não vai se consolidar e que a população apenas irá comparar o trabalho realizado no mandato do ex-presidente Lula (PT) e do atual presidente do país e tomar a decisão.

AM1: O deputado é pré-candidato à reeleição? Conte-nos um pouco da decisão de garantir sua cadeira na Aleam:

Péricles: Na verdade, a intenção é dar continuidade ao trabalho que a gente vem executando nesse período, ganhar também mais experiência, fiscalizar mais.

A gente sabe o quanto é importante a atuação do parlamentar aqui para fiscalizar, legislar e cobrar realmente. A população espera muito dos parlamentares e por conta disso, acredito que eu tenho muito a contribuir ainda para o estado e, por isso, sou pré-candidato à reeleição.

AM1: Vamos falar um pouco sobre um episódio da sua vida que com certeza deixou cicatrizes, mas que o senhor venceu. Naquela noite de domingo, dia 8 de outubro de 2017, quando o senhor foi baleado no rosto. Quando o senhor lembra desse momento, o que vem à sua mente? Fale um pouco sobre isso:

Péricles: Renascimento mesmo, a minha vida se transformou, mudou totalmente o rumo. Eu estava trabalhando em operação, fazendo aquilo que eu gostava de fazer como delegado de polícia, atuando, tanto que era um fim de semana que estávamos trabalhando. Isso era comum acontecer, nós estávamos sempre em operação, durante à noite, não tinha dia, hora, inclusive, tenho muita saudade daquele período.

AM1: O senhor tem, vontade de voltar à função, fazer o que fazia?

Péricles: Um dia se Deus quiser voltarei. Agora estou cumprindo uma outra missão, mas realmente foi um momento que mudou a minha vida. Graças a Deus hoje estou bem e nessa outra missão, que eu encaro como um propósito.

AM1: O senhor foi presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Saúde na Aleam. O senhor se sente com o dever cumprido em relação a isso?

Péricles: Sem dúvidas. Houve um reconhecimento em relação ao meu trabalho, ao trabalho de todos os membros da CPI da Saúde. Nós conseguimos mostrar várias irregularidades que acontecem na Saúde, de muitos e muitos anos, passando de vários Governos, vícios na Administração que precisam acabar.

Nós recomendamos várias situações, o trabalho da CPI resultou em várias operações, que aconteceram aqui, da Polícia Federal, em denúncia da Procuradoria Geral da República, em que citam o relatório da CPI. Então sem dúvida a gente se sente com o dever cumprido. Até pelo que envolveu a CPI, a forma como foi conduzida, aquele período, as pessoas começaram a acompanhar.

Eu como presidente da CPI, decidi transmitir ao vivo e as pessoas realmente começaram a acompanhar tudo aquilo que acontecia. Porque todo mundo sabia daqueles vícios, dos problemas que existiam na Saúde, mas ninguém tinha coragem de mostrar e a CPI da Saúde mostrou um pouco dos erros que acontecem. E sempre com a finalidade de resolver, levar soluções para melhorar a saúde do nosso estado.

AM1: E os relatórios que foram entregues ao Ministério Público e Tribunal de Contas do Amazonas. Eles já se manifestaram em relação a isso?

Péricles: Nós fechamos o relatório com cinquenta agentes públicos, com pedidos de indiciamentos, encaminhamos aos órgãos de controle que devem dar continuidade nas investigações. Em alguns casos pontuais houve esse aprofundamento da investigação, como é o caso dos respiradores, que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal deram andamento, que resultou, como eu disse, em algumas operações.

O Tribunal de Contas não vi ainda ato de investigação, controle em relação aos gastos, mesmo mostrando o que aconteceu anteriormente. Já no Ministério Público houve apenas uma denúncia em relação a uma empresa, por várias irregularidades.

Conversei recentemente, com o promotor da Promotoria de Patrimônio Público e ele disse que estão dando continuidade, investigando alguns casos. Até porque nós tipificamos bem os casos que investigamos na CPI, foi bem detalhado e ele falou que está trabalhando nisso.

AM1: O deputado hoje faz parte da base do Governo do Amazonas, oposição ou independente?

Péricles: Eu sempre me coloquei como independente. Tenho uma boa relação com todos, inclusive, os colegas deputados, mas também não sou base do Governo, até porque eu tenho liberdade para fazer críticas, muitas das vezes faço críticas duras, mas também aquilo que eu vejo que é bom eu elogio.

Não é simplesmente, situação ou oposição. A oposição na verdade, é um alinhamento a um outro grupo político que existe e por isso, que fazem a oposição àquele grupo que hoje está no poder. Então não é esse o caminho, nem a forma que eu exerço o meu mandato, e sim, com independência, buscando soluções para os problemas do nosso estado.

AM1: No final de abril, o vereador Sassá da Construção Civil (PT), apresentou um indicativo para pedir a suspensão do título de Cidadão Amazonense concedido ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi uma propositura sua, que foi entregue ao presidente em abril do ano passado. Qual a sua opinião sobre esse indicativo?

Péricles: Na verdade, o vereador Sassá tem que procurar o que fazer lá na Câmara (Municipal de Manaus), porque isso é assunto da Assembleia Legislativa, foi aprovado na sessão, por meio de projeto aqui da Assembleia, está pacificado e por uma questão pontual, ele vem fazer isso para chamar atenção. Ele tem que mostrar a capacidade de trabalho dele como parlamentar na Câmara Municipal e não interferir em assuntos da Assembleia Legislativa, até porque fica estranho.

E agora que o presidente anunciou que 19 mil escolas do interior do Amazonas vão ter conectividade, vão ter internet? isso é um grande problema que a gente enfrenta há anos, sabemos o quanto é difícil a internet no interior.

Agora que possivelmente teremos um fábrica de automóveis elétricos na Tesla, isso está caminhando para que aconteça aqui na Zona Franca de Manaus e ele (Sassá) vai ficar nessa? Ele vai mandar alguma mensagem aqui, agradecendo ao presidente por essas ações pelo Amazonas? O presidente veio sábado (Marcha Para Jesus) ao Amazonas, já veio várias vezes.

Acredito que nenhum presidente veio tantas vezes ao nosso estado, mostrando toda a consideração, respeito que ele tem pelos amazonenses, além de citar o Amazonas, Manaus, Manacapuru, conhecendo as nossas dificuldades.

Então isso para mim é um absurdo, vêm de pessoas que não têm o que fazer e querem chamar a atenção.

AM1: Em dezembro do ano passado, o senhor e o deputado Wilker Barreto tiveram uma pequena discussão em plenário devido a abertura ou não da chamada ‘CPI da Asfixia’. Na ocasião, Wilker cobrou a abertura da Comissão e o senhor falou que era o autor da mesma. O senhor afirmou que os colegas tinham liberdade para assinar ou não e que a insistência do deputado era motivada por grupos políticos. Comente um pouco sobre esse episódio, por favor:

Péricles: A CPI da Asfixia eu também sou autor, assim como a CPI da Saúde, que foi instaurada. Há a necessidade de oito assinaturas, um terço dos parlamentares da Assembleia. A primeira, a qual presidi, nós conseguimos, a segunda não temos as assinaturas suficientes, então, o deputado Wilker até por interesses políticos também, nós sabemos, que ele, eu queremos investigar mais irregularidades que aconteceram na Saúde no nosso estado, eu compreendo, mas infelizmente eu não tenho como obrigar os colegas assinarem um pedido de CPI.

E reforço, que eu sou o autor e compreendo o papel de cada um e também, o do deputado Wilker como fiscalizador, assim como eu, das coisas públicas, até porque ele teve conhecimento de muitas irregularidades que aconteceram na Saúde.

AM1: Agora fale um pouco a sua opinião sobre o cenário político atual no Amazonas e no Brasil:

Péricles: Aqui nós temos candidatos ao Governo, três se destacando há alguns meses, em pesquisas, que é o ex-governador Amazonino (Mendes), Eduardo (Braga) e o atual governador Wilson Lima. Acredito que dentro daquilo que a gente percebe que acontece no cenário nacional, da polarização, esses três, cada um vai tomar um lado, não sabemos de que forma eles vão atuar aqui no Amazonas, dentro dessa polarização entre Bolsonaro e Lula.

A polarização realmente está muito forte no Brasil, teremos uma eleição bem diferente das outras. Isso, inclusive, a gente percebe que atinge até famílias, amizades e é bem complicado. Eu cito o exemplo aqui na Assembleia, onde se há um respeito, independente das opiniões, das ideologias, é preciso ter o respeito, tanto que tenho respeito aqui, tenho uma boa relação com todos os deputados, inclusive, com os de esquerda e da mesma forma eles me respeitam.

Acho que está faltando um pouco disso no cenário nacional. Há uma polarização e eu acredito que não haverá uma terceira via, ficará realmente entre o Bolsonaro e o Lula, apresentando as propostas e apresentando aquilo que eles fizeram durante os seus mandatos.

O presidente Bolsonaro vem fazendo um trabalho, inclusive, histórico. Por exemplo, nunca se teve ministérios técnicos como hoje. Sempre em muitos governos, os ministérios eram aparelhados por partidos políticos, ele (presidente) acabou com essa prática a nível nacional, então é uma grande conquista. Não temos nenhum escândalo de corrupção no Brasil hoje, como havia em outros governos do PT. Então isso aí está para a população avaliar, analisar o que se fez em cada governo e tomar a sua decisão.

AM1: Vamos falar um pouco do seu mandato, ações, projetos que pode destacar:

Péricles: Desde o início a gente vem trabalhando de forma incisiva no combate à corrupção, da moralidade, da transparência, nas ações da Administração Pública. Como exemplo disso, no início do meu mandato eu fiz um processo seletivo para contratar pessoas técnicas para o meu gabinete, isso deu um resultado muito bom para mim, porque com isso tenho pessoas técnicas, qualificadas aqui no meu gabinete.

Ao longo de todo o meu mandato, tenho apresentado projetos de combate à corrupção, buscando dar transparência às ações e também ser incisivo na fiscalização, que é o meu papel e encaro como um papel parlamentar fundamental e o principal, que é realmente fiscalizar e mostrar os problemas, levando soluções, não é simplesmente criticar só por criticar. Não é aquela máxima de ‘quanto pior melhor’, não é isso.

O objetivo é levar soluções, tanto que sobre o Governo, eu tenho uma boa relação com ele por esse motivo, eles me respeitam porque faço críticas, mas também levo soluções para os problemas que enfrentamos, porque sabemos que o resultado disso é na ponta, ou seja, para as pessoas, levar uma saúde melhor, uma segurança pública melhor, uma educação melhor e esse é o nosso interesse. Por isso, defendo que devemos reunir forças para isso.