Tabata Amaral, Erika Hilton e Duda Salabert acusam Nikolas Ferreira de transfobia (Foto: Câmara dos Deputados)
Brasília – Depois que o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) fez uso de uma peruca durante seu pronunciamento na tribuna da Câmara dos Deputados, na tarde desta quarta-feira (8), para criticar a conquista de mulheres trans em espaços femininos, a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) anunciou que vai entrar com pedido de cassação do mandato do parlamentar em ação conjunta com sua sigla, o PSB.
Para a deputada, Nikolas Ferreira usou uma “fala preconceituosa, criminosa, absurda e nojenta” em seu pronunciamento no Dia Internacional das Mulheres, ao dizer que “as mulheres estão perdendo espaço para homens que se sentem mulheres”.
Tabata ainda argumentou que a transfobia ultrapassa a liberdade de discurso garantida pela imunidade parlamentar, que, portanto, o deputado bolsonarista cometeu um crime.
“Quando você ofende uma mulher, você ofende a todas nós! Quando você faz uma fala criminosa como esta, você coloca a fala de todas nós em risco. Essa é a Casa do povo. Transfobia é crime e não podemos fingir que nada aconteceu”, denunciou a parlamentar, que ainda reforçou seu discurso, dizendo que não é preciso ser de direita ou esquerda para respeitar a dignidade de um ser humano.
“É direito de cada um que traz seus votos, que traz a representação do seu Estado, de atuar politicamente de forma segura, de forma livre”, completou.
A bancada do PSOL também informou que irá ingressar com uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o deputado seja responsabilizado pelo crime de transfobia.
“Nenhuma transfobia terá palco. E nenhuma transfobia passará sem respostas políticas e jurídicas à altura. Transfobia é crime”, disse a deputada Erika Hilton (PSOL-SP). Erika Hilton e Duda Salabert (PDT-MG) são as primeiras deputadas federais transexuais do país.
Transfobia
Desde 2019, a transfobia é considerada crime no país. O Brasil é o país que mais mata pessoas transexuais e travestis no mundo, pelo 14º ano consecutivo. A expectativa de vida de transexuais no país é de 35 anos, menos da metade da média geral (77 anos).
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