Manaus, 6 de maio de 2024
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Cenário

Desde 1992 eleições majoritárias em Manaus são decididas no 2º turno

O cientista político Gilson Gil destaca que em poucas vezes, o prefeito com mandato ou o indicado dele não obteve sucesso.

Desde 1992 eleições majoritárias em Manaus são decididas no 2º turno

(Foto: Redes Sociais/Reprodução)

Manaus (AM) – Os moradores da capital amazonense escolhem desde o ano de 1985 o prefeito da cidade por meio de eleição direta, mas somente após quatro anos da promulgação da Constituição Federal, os pleitos em Manaus passaram a ter segundo turno, ou seja, em 1992.

A partir disso, os vencedores das eleições majoritárias na capital só foram definidos no segundo turno e, grande parte dessas disputas, foram marcadas por votações acirradas, resultados inesperados e até derrotas inimagináveis.

No ano de 1994, por exemplo, o ex-governador Amazonino Mendes, que era prefeito, renunciou o mandato para concorrer ao cargo de governador e ganhou a eleição. Nessa época, o atual senador Eduardo Braga (MDB) era prefeito e os dois firmaram uma parceria, conhecida com ‘Ação Conjunta’ e, então, lançaram à prefeitura Alfredo Nascimento (PL), que na ocasião era senador, mas ainda não tinha histórico na carreira política.

Alfredo aparecia em pesquisas com apenas 1% das intenções de votos em maio de 1996. Já Serafim Corrêa com 7%, Gilberto Mestrinho com 38%. Na disputa em primeiro turno, Nascimento conseguiu 34% dos votos e no segundo turno saiu vencedor contra Serafim. Ou seja, Serafim e Alfredo que tinham as menores chances passaram para a segunda etapa da disputa, vencendo o que tinha o menor percentual conforme as pesquisas.

Em 2004, Serafim venceu o segundo turno com 51% contra 49% de Amazonino Mendes, o que demonstrou que houve uma votação acirrada. O mesmo aconteceu em 2001 entre Braga e Alfredo, Braga perdeu para Nascimento por menos de 1%.

Já no ano de 2008, a diferença de votos no segundo turno foi bem diferente. O prefeito na época, Amazonino ganhou de Serafim por 57% contra 43%.

Últimos pleitos

Nas eleições de 2012, disputaram a vaga de prefeito no segundo turno, Arthur Neto (Sem Partido) e a ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB). No primeiro turno, Arthur teve 385.855 votos (40,55%) e Vanessa 189.861 votos (19,95%).

Em segundo turno, o ex-tucano saiu vencedor com 603.483 votos, ou 65,95% contra 311.607 votos (34,05%) da ex-senadora. Neto ganhou por 291.876 votos a mais.

A disputa municipal de 2016 ficou novamente entre o ex-prefeito Arthur e, dessa vez, contra o ex-deputado Marcelo Ramos. Em primeiro turno, o atual prefeito na época obteve 364.487(35,17%) votos e Ramos 257.698 votos (24,86%).

Já no segundo turno Arthur foi reeleito com 55,96 dos votos (581.777 votos) e Ramos perdeu ficando com 44,04%, o que representou 457.809 votos. Nesse caso, o ex-prefeito permaneceu no cargo por 123.968 votos a mais que seu adversário.

Em relação ao último pleito municipal, realizado em 2020, quem foi para a disputa no segundo turno foi o atual prefeito David Almeida (Avante) e o ex-governador Amazonino Mendes. Sendo que no primeiro turno o ‘Negão’ contava com a preferência dos eleitores.

Amazonino ficou saiu na frente com 24,31%, o que significava o total de 234.088 votos e David com 22,74%, o que correspondia 218.929 votos. Uma diferença de apenas 15.159 votos de um para o outro.

O jogo virou no segundo turno, já que Almeida obteve 51,27%, o que totalizava 466.970 votos e Amazonino ficou com 48,73% dos votos, ou seja, 443.747 votos. A disputa foi vencida por David por 23.223 votos a mais.

O pleito em Manaus é decido em segundo turno, uma vez que apenas nessa fase da disputa é possível que um candidato receba mais de 50% dos votos válidos.

Especificidades

Para Gilson Gil – que é sociólogo, cientista político, especialista em eleições e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) – as eleições municipais da cidade de Manaus, são marcadas pela busca de lançamento se candidatos próprios pelos partidos, sem fechamento de tantas alianças e, por esse motivo, já se chegou a ter até onze candidatos em eleições anteriores.

Gilson explica que é uma forma das legendas partidárias se promoverem, pensando em pleitos futuros, mostrando suas ideias e tentando se posicionar na mente do eleitor.

O especialista enfatiza que devido ao número expressivo de nomes, fica difícil acontecer uma decisão em primeiro turno. “Manaus costuma decidir em dois turnos, porque é quase impossível num cenário tão diversificado que alguém consiga ter mais de cinquenta por cento dos votos”, destacou.

Gil disse ainda que outra característica da eleição municipal local, é que apesar dos vários nomes, é comum que alguns nomes se destaquem, ganhando maior visibilidade, principalmente àqueles que são apoiados pela ‘máquina pública’, ou seja, por quem está no poder no momento.

Ele destaca que em poucas vezes na história das corridas eleitorais na cidade, o prefeito com mandato ou o indicado dele não obteve sucesso.

“Quem está no poder possui vantagem, já que dispõe da máquina pública e pode usar das obras que realizou como propaganda, por exemplo, mas claro, que enquanto ainda é permitido. A exposição de quem já está no poder é real e isso faz a diferença e faz com que o eleitor, apesar das opções, vote nesses candidatos”, pontuou o professor.

Em relação às eleições de 2024, Gilson disse que já é possível ver pelo menos de seis a sete nomes postos como candidatos.

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