Manaus, 27 de abril de 2024
×
Manaus, 27 de abril de 2024

Cenário

Direita e esquerda do AM divergem de opiniões sobre pesquisas presidenciais

Eleições ocorrem dia 2 de outubro, quando brasileiros vão às urnas para eleger presidente, governadores, senadores e deputados federais e estaduais

Direita e esquerda do AM divergem de opiniões sobre pesquisas presidenciais

Foto: Reprodução

MANAUS, AM – Com o ano de 2022 marcado pelas eleições, os movimentos de direita e esquerda se mobilizam, tanto em alianças políticas como nas intenções de votos dos brasileiros.

A recente pesquisa Exame/Ideia publicada na última quinta-feira (24) mostrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, continua liderando a corrida eleitoral. Mas novamente percebe-se uma aproximação do atual presidente Jair Messias Bolsonaro, do PL.

Mas será que os correligionários amazonenses do ex-presidente Lula e do presidente Bolsonaro acreditam nas pesquisas de intenção de votos que estão sendo publicadas quase que semanalmente?

O que diz a esquerda

O Portal AM1 entrevistou, durante a quinta-feira (24) e sexta-feira (25), o deputado estadual Sinésio Campos (PT) e o deputado federal José Ricardo (PT).

À reportagem, Sinésio afirmou que a sociedade tem como um legado tudo o que o ex-presidente Lula fez e que ele sempre esteve presente na região Norte. Para Campos, as pesquisas recentes não mentem.

“A sociedade tem um legado de tudo o que ele [Lula] fez. A sociedade faz uma análise de tudo o que ele fez como exemplos: conjuntos habitacionais, programas sociais, apoio aos pescadores e população indígena, os indígenas tem ele como total referência”, disse o deputado.

Para Sinésio Campos, o presidente Bolsonaro é um “sem noção” e Lula é um visionário à frente do seu tempo, destacando que, enquanto o ex-presidente Lula deixou um legado de programas em prol da pobreza, Bolsonaro vai à Rússia e, em seguida, o país bombardeia o seu vizinho, a Ucrânia.

“Eu vejo que o Lula sempre esteve presente na nossa região. Lula tem empatia, uma linguagem para com a sociedade. Bolsonaro até semana passada estava com o Puttin [Presidente da Rússia], e hoje teve essa tragédia, Bolsonaro é um sem noção. Lula está muito à frente do seu tempo e ninguém pode negar seu legado como Bolsa Família, Primeiro emprego, Saúde e outros”, destacou.

Para o deputado, o ex-presidente Lula fez um governo inclusivo para todos e uma pré-campanha limpa. E, de acordo com sua visão, a presença de Lula à frente das pesquisas é a mais pura verdade.

“Lula fez um governo para todos, a sociedade, hoje, tem um olhar diferente agora. Lula está fazendo uma pré-campanha limpa, os números estão aí informado isso”, ressaltou o deputado mencionando os números obtidos nas pesquisas.

Por fim, o deputado estadual afirmou que, como brasileiro, não quer o presidente Bolsonaro no poder novamente.

Já o deputado federal José Ricardo (PT) disse que desde o ano passado, o ex-presidente Lula tem se mantido à frente nas pesquisas eleitorais e afirmou que o povo o quer de volta no poder.

“A gente percebe que, desde o ano passado, o Lula está em primeiro lugar nas pesquisas. Ele realmente tá [sic] crescendo. As pesquisas recentes mostram que ele ganharia no primeiro turno, e esse é o sentimento da população: frustração no governo Bolsonaro e a lembrança de um ótimo governo do Lula”, ressaltou o parlamentar.

“No governo Lula diminuiu a pobreza, combateu a fome, gerou emprego; construiu casas; deu vaga na faculdade; universidades e escolas técnicas para a juventude, ou seja, fez com que diminuísse a desigualdade social e cresceu a perspectiva de vida, salário mínimo com aumento real, prorrogação da Zona Franca de Manaus, portanto, muitos benefícios. O Amazonas teve investimentos para resolver o problema de água, construção de portos, e é isso que o povo quer de volta”, disse o petista.

“A população quer de volta os projetos sociais e econômicos que o Lula implantou e deu certo. E é essa tendência que o povo quer, e nenhum outro candidato tem essas propostas”, finalizou o deputado federal.

Leia mais: Ex-superintendente da Suframa, Menezes diz que IPI é questão da bancada federal, da autarquia e do Governo

Sinésio Campos e Zé Ricardo são duas representatividades da esquerda no Amazonas e em Brasília. Foto: Montagem AM1

O que diz a direita

O AM1 entrevistou também o deputado estadual Delegado Péricles (PSL) e o empresário e ex-candidato a prefeito de Manaus, Romero Reis, para falarem sobre as atuais pesquisas, já que os dois são bolsonaristas assumidos e representam a direita no Amazonas.

Para o deputado estadual Delegado Péricles, o presidente Bolsonaro estando no poder é a maior prova de que pesquisas erram. O delegado disse não estar preocupado com os números neste momento, pois ao sair às ruas, Bolsonaro é quem é ovacionado por multidões.

“O presidente Bolsonaro na presidência, hoje, é a prova de que pesquisas erram. Elas não me preocupam. Basta ver quem é ovacionado nas ruas e quem não pode estar em público e tiraremos uma rápida conclusão”, disse o deputado.

Péricles fez questão de lembrar que a gestão do Partido dos Trabalhadores (2003-2016) foi marcada por escândalos de corrupção, que respingam até hoje sobre o país.

“A população não esquece a roubalheira no período do PT. A esquerda, mais uma vez, tenta distorcer e manipular com o apoio de muitos que querem voltar ao poder. Não conseguirão!” frisou Péricles.

O empresário Romero Reis disse que as pesquisas realizadas no Brasil deixam suspeitas, principalmente as que são realizadas no período pré-eleitoral.

“De uma maneira geral, as pesquisas no Brasil deixam suspeitas de manipulação, principalmente as que são feitas no período pré-eleitoral, usadas como instrumento para induzir a intenção de voto do eleitor”, iniciou o empresário.

Leia mais: Por R$ 250, conservadores oferecem palestra e almoço com Daniel Silveira em Manaus neste sábado

Romero também comentou que o perigo dessas pesquisas é quanto às amostragens feitas, citando que, por exemplo, elas podem ter sido recolhidas em um reduto de um determinado candidato e, assim, de fato, influenciar no resultado final.

“Ressalto que o aspecto mais importante de uma pesquisa é a escolha da amostra de pessoas que irão representar o universo pesquisado. Aí é onde mora o perigo das distorções e resultados manipulados dessas pesquisas. Imagine que um determinado bairro é reduto eleitoral de um certo candidato, e se algum instituto de pesquisa coletar a intenção de voto ali, certamente vai distorcer o resultado”, afirmou.

Para o empresário, a sociedade está doente e muitas pessoas da sociedade estão sujeitas a ter seus votos comprados, relatando os 35% que afirmam votar no Lula.

“A sociedade brasileira está doente [..] 35% da população admite votar em ladrão, então, me atrevo a dizer que o percentual que efetivamente vota em ladrão é muito maior, somado a esse absurdo o fato de que pessoas desempregadas, subempregadas, necessitadas e vulneráveis ficam sujeitas a compra do seu voto, por rancho, por dinheiro, por emprego e todo tipo de promessas inescrupulosas, cometendo crime”, relatou.

Para Romero, a sociedade deve refletir em suas ações e a quem depositar seu voto. Ele também relembrou que Lula foi condenado em três instâncias.

“Com todos os pontos que listei, a sociedade, através das pessoas que a compõem, devem refletir. Escolhendo e votando em pessoas dignas, sem ações populistas, que agem como caçadores de votos; que busquem a política como um instrumento de transformação e não de carreira; defensores do livre mercado e fim das estatais, privatizando-as; que acredite em Deus, na família; e que pratique a conduta de busca da prosperidade através do trabalho árduo, dizendo ‘não’ à corrupção”, disse Reis.

Ele ainda ponderou entre Bolsonaro e Lula. Para Romero, Lula é péssimo exemplo aos brasileiros. Já Bolsonaro, por sua vez, erra e acerta; porém, reeleito, contribuirá para a melhoria do país.

“Lula foi condenado pela Justiça brasileira em três instâncias; péssimo exemplo. Bolsonaro, longe de ser mito, tem acertos e erros, mostrando saldo positivo em sua conduta, e sendo reeleito, continuará a contribuir com o longo processo de melhoria da sociedade brasileira e de todo nosso Brasil.”

Deputado Péricles e Romero Reis afirmam que as pesquisas são errôneas e que, nas ruas, o termômetro é outro. Foto: Montagem AM1

O que pensam os movimentos:

Para Sérgio Kruke, líder do Movimento Conservador Amazonas, Lula não tem tanta força perante o povo e a resposta para isso é o dia a dia.

“Sobre as pesquisas, eu posso falar que me baseio pelo que vejo no dia a dia, e não vejo essa força do Lula no meio do povo. Nas últimas eleições, só erraram. Em 2018, nem no segundo turno colocavam o atual presidente, mas basta você olhar as mídias sociais e as andanças de cada presidenciável, ontem, em São Paulo, uma multidão aguardava o Bolsonaro e saíram às ruas em outra motoceata, enquanto os outros se escondem do povo ou se aparecem em público são vaiados e alguns até atacados com ovos e tomates podres”, disse Kruke.

Questionado se as pesquisas são possivelmente manipuladas, o líder conservador disse que, clareza, estas não possuem. “Clareza elas não tem, isso podemos afirmar”, finalizou.

Leia mais: Reforma tributária e IPI: ‘é o início do fim da Zona Franca de Manaus’, diz Omar Aziz

Foto: Reprodução/ Sergio Kruke e Bolsonaro

Para Gabriel Mota, que é secretário de Movimentos Sociais do PCdoB/Amazonas, a pesquisa indica uma perspectiva boa para que o país se mobilize e continue drenando qualquer possibilidade de voto que coloque Bolsonaro na disputa.

“Eu acredito que a pesquisa indica uma perspectiva muita boa para que o país se mobilize e continue drenando qualquer possibilidade de voto que coloque Bolsonaro nessa disputa. Claramente, o ex-presidente Lula é o nome que se destaca como o mais forte para derrotar Bolsonaro”, disse Gabriel.

Para Gabriel, as pesquisas moldam as eleições a partir da mudança do eleitorado, quando enxergam que Bolsonaro “não dá mais” para prosseguir na cadeira de presidente da República.

“Acredito também que a pesquisa mostra uma mudança de postura do eleitorado, que, sentindo os impactos da falta de gestão do governo atual, onde percebe-se uma carestia em alimento, transporte, energia e até mesmo em atividade de lazer, vem entendendo que com Bolsonaro não dá mais”, afirmou o secretário.

O secretário de movimentos sociais diz que é necessário prudência em todas as pesquisas e que não se deve acomodar politicamente, já que não é certa a vitória de Lula.

“Acredito que é necessário prudência em cada pesquisa divulgada. Primeiro, porque nunca se sabe quais golpes de marketing e mídia podem sair de dentro do governo Bolsonaro, segundo, porque não sabemos quais cartas Bolsonaro e seus aliados têm na manga para fortalecer seu governo até as eleições e, terceiro, porque nenhuma pesquisa pode ser tomado como uma forma de se acomodar politicamente”, alertou.

Prudência e disciplina são as receitas indicadas por Gabriel Mota para não “dormir no ponto” e perder uma eleição, pois números mudam e a melhor forma é conversar com parentes e amigos na conquista do voto certo.

“Embora Lula esteja na frente, a vitória não está dada. Por isso, é necessário que todos e todas que não aguentam mais o governo atual continuem conversando com seus familiares, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, sobre os impactos negativos que Bolsonaro trouxe ao Brasil e como isso pode piorar caso ele seja reeleito. É preciso prudência e disciplina para seguir criando unidade em torno da derrota de Bolsonaro”, finalizou Gabriel Mota.

Gabriel diz que prudência e disciplina são boas nessas horas. Foto: Gabriel Mota/ Secretário de Movimentos Sociais do PCdoB/AM

Advogado diz que pesquisas não refletem realidade

O advogado Paulo Maffioletti disse que pesquisas eleitorais realizadas até o presente momento não refletem, em hipótese alguma, a realidade dos fatos.

“As pesquisas eleitorais realizadas até o presente momento, que supostamente mostram o ex-presidiário e petista, Lula, à frente do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, na corrida presidencial 2022, a meu ver, não refletem em hipótese alguma a realidade dos fatos”, afirmou o advogado.

“O que há é uma tentativa de reinventar o ex-presidiário e torná-lo aceitável perante a sociedade brasileira através de pesquisas encomendadas, colocando-o na liderança das pesquisas, sem qualquer evidência robusta, mas tão somente para induzir a população ao erro no sentido de que, se Lula está à frente de Bolsonaro na corrida presidencial 2022, é porque o povo voltou a depositar confiança no petista”, disse.

Para o advogado, todo esse cenário é um total engano, já que o ex-presidente Lula não sai às ruas. Ele também questionou por onde anda o petista, além de afirmar que Bolsonaro é aclamado pelo povo.

“Isso é um engano! Lula não sai às ruas; ninguém vê esse cidadão sendo ovacionado e recebido por onde anda, aliás, por onde anda Lula? Ao contrário, o presidente Bolsonaro é aclamado pelo povo brasileiro onde chega, em qualquer cidade, capital, município é recebido por uma multidão de brasileiros com grande alegria e festividade – o que mostra que Bolsonaro tem apoio da sociedade brasileira. Lula tem apoio de sua militância extremista da esquerda petista, tem apoio de um bolha ideológica”, frisou.

“A verdadeira pesquisa popular e eleitoral vem do povo nas ruas em apoio ao presidente Bolsonaro, então, na minha leitura da realidade dos fatos, Lula nunca esteve à frente de Bolsonaro. Por acaso, se as pesquisas no final comprovarem que Lula está à frente da corrida presidencial, é sinal que uma parcela da população encontra-se entorpecida pelas falácias ‘lulopetista’ [sic] e o Brasil em estado terminal em sua democracia ao depositar sua confiança em um ex-presidiário”, finalizou Maffioletti.

Foto: Advogado Paulo Maffioletti OAB-AM

Contraponto: Lula vence no 1º turno

Já o advogado, João Victor Tayah, acredita que Lula vença a disputa da Presidência da República em primeiro turno, afirmando que as pesquisas refletem sim a realidade atual do país. “Sim, eu acredito sim nas pesquisas. E acredito inclusive, que Lula tem chances de vencer no primeiro turno, diante da insatisfação geral que o povo brasileiro demonstra, pelos retrocessos e prejuízos econômicos e sociais que o governo federal atual têm imposto à população”, disse o advogado.

João Victor também é delegado de Polícia Civil

Sobre a pesquisa

Segundo informações do Exame/Ideia, as pesquisas foram feitas por telefone, entre os dias 18 e 22 de fevereiro. Foram entrevistadas 1.500 pessoas. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Foto: Reprodução

Cenário da pesquisa

No primeiro cenário, Lula (PT) tem 42% das intenções de voto. Bolsonaro (PL) tem 27% e Sergio Moro (Podemos) tem 10%. Ciro Gomes (PDT), 8%; João Doria (PSDB) tem 2%. André Janones (Avante), 0,9%. Rodrigo Pacheco (PSD), 0,8%. Felipe D’Ávila (Novo), 0,5%. Simone Tebet (MDB), 0,4%. Alessandro Vieira (Cidadania), 0,3%. Aldo Rebelo (sem partido), 0,2%. Leonardo Péricles (Unidade Popular), 0,1%.

Na rodada de janeiro, com uma lista de candidatos ligeiramente diferente, Lula tinha 41%, o que indicaria, portanto, uma subida de um ponto percentual, dentro da margem de erro. E Bolsonaro tinha 24%, subindo agora três pontos percentuais, no limite da margem de erro.

Um segundo cenário é apresentado sem alteração com relação aos principais candidatos na disputa: Lula (42%); Bolsonaro (27%); Moro (10%); Ciro Gomes (8%); Doria (3%); Eduardo Leite (2%); Janones (0,5%); Tebet (0,4%); D´Ávila (0,4%); Alessandro Vieira (0,3%), e Aldo Rebelo (0,1%).

Bolsonaro tem a maior taxa de rejeição. De acordo com a pesquisa, 47% não votariam nele. A taxa de rejeição de Lula é 37%.

Segundo a pesquisa realizada, Lula venceria em todas as simulações de segundo turno. Contra Bolsonaro, o placar seria 49% contra 35%. Bolsonaro vence em uma única situação: se o segundo turno fosse com João Doria. Nesse caso, o presidente teria 32% e o governador de São Paulo, 29%.