Manaus, 19 de maio de 2024
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Política

Em entrevista, Bolsonaro defende LGBTs: ‘A pena tem que ser agravada’

Em entrevista, Bolsonaro defende LGBTs: ‘A pena tem que ser agravada’

Após vitória nas urnas, Jair Bolsonaro (PSL) deu uma entrevista ao vivo para o Jornal Nacional, na Rede Globo, nesta segunda-feira (29). Bolsonaro, que já causou muita polêmica ao falar sobre o assunto, desta vez, defendeu pena maior pra quem discriminar LGBTs.

Renata Vasconcellos, âncora do jornal, relembrou que Bolsonaro disse enfaticamente, não ter nada contra os gays e logo após disse que vai lutar contra aqueles que querem dividir o Brasil entre homos e héteros, entre brancos e negros, entre sulistas e nordestinos e  que há relatos concretos sobre apoiadores de Bolsonaro que têm agredido gays – verbal e fisicamente por todo Brasil.

Foi então que, Renata Vasconcellos, o questionou: ”Como presidente eleito, o que o senhor diria para aqueles que ousem ser preconceituosos e agressivos contra outro ser humano apenas por serem gays?”

O então presidente eleito respondeu: ” A agressão contra um semelhante tem que ser punida na forma da lei. E se for por um motivo como esse, tem que ter sua pena agravada.”

Segundo Bolsonaro, o que lhe fez ter ‘rótulo de homofóbico’ foi o famoso ‘kit gay’, que ainda é um tabu entre eleitores, e já foi desmentido pelo MEC. 

”Agora, deixo bem claro: eu ganhei o rótulo, por muito tempo, de homofóbico. Na verdade, eu fui contra a um kit feito pelo então ministro da Educação, Haddad, em 2009 para 2010, onde chegaria nas escolas um conjunto de livros, cartazes e filmes onde passariam crianças se acariciando e meninos se beijando. Não poderia concordar com isso, e a forma como eu ataquei essa questão é que foi um tanto quanto agressiva, porque eu achava que aquele momento merecia isso”, explicou Bolsonaro.

De acordo com Bolsonaro, o rótulo de homofobico, aconteceu durante o 9º Seminário LGBT Infantil na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, onde presentes estavam o então secretário de alfabetização do MEC, André Lazaro, que segundo Bolsonaro, ficou três meses discutindo para saber até onde uma menina enfiaria a língua na boca da outra para fazer um suposto filme lésbico, que teria intenção de combater a homofobia.

”Então, acredito que essa agressão contra a família e contra a inocência das crianças em sala de aula é que resultou na minha forma, um tanto quanto violenta, concordo, para tentar demover o ministério dessas cartilhas, desses filmes e desses cartazes”, completou Bolsonaro.

Kit Gay é falso

O “kit gay” que Bolsonaro sempre fala, é um projeto que fazia parte do programa ‘Escola sem Homofobia’, do governo federal, em 2004.

O livro apresentado por Bolsonaro em diversos lugares se trata do ”Aparelho Sexual e Cia”, dizendo que estaria no material do programa ”Escola Sem Homofobia” e foi desmentido pelo MEC e pela editora responsável pelo livro.

O programa não chegou ser colocado em prática e era voltado à formação de educadores e não tinha previsão de distribuição do material para alunos.  Elaborado por profissionais de educação, gestores e representantes da sociedade civil, o kit era um caderno, seis boletins, cartaz, cartas de apresentação para os gestores e educadores e três vídeos. A distribuição do material foi suspensa em 2011 por Dilma Rousseff.

 9º Seminário LGBT Infantil na Comissão de Direitos Humanos da Câmara não existiu

Foi organizado no auditório Nereu Ramos, da Câmara, o “9º Seminário LGBT no Congresso Nacional”, um evento realizado anualmente, que em 2012 foi feito em maio. Naquele ano, foram discutidos os temas “infância e sexualidade”, portanto, não existiu  “9º Seminário LGBT Infantil na Comissão de Direitos Humanos da Câmara”, como diz Bolsonaro.

O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) escreveu no pedido de autorização para organizar o evento que o objetivo era debater com a sociedade civil e o governo federal “sobre a infância e a adolescência de meninos e meninas que sofrem bullying e violência doméstica por escapar dos papéis de gênero definidos pela sociedade”. O lema do seminário era “Todas as infâncias são esperança”, que contava com a participação de especialistas em direito, educação, sexualidade, psicologia e cultura.