(Foto: Márcio Silva/ Portal AM1)
MANAUS, AM – Na semana em que a Secretaria da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc) foi alvo de graves denúncias sobre um suposto esquema de corrupção, na gestão do prefeito David Almeida, moradores do Educandos, na zona Sul de Manaus, relataram as dificuldades vivenciadas pela falta de assistência social na capital mais rica da Amazônia, onde a população ainda enfrenta problemas com o básico.
O bairro onde a reportagem do Amazonas1 esteve na última quarta-feira (11) foi um dos mais afetados pela cheia do Rio Negro e possui diversas famílias que moram em palafitas. Mesmo com a descida das águas do rio nas últimas semanas, os estragos causados pela cheia continuam, já que muitas casas ficaram com a estrutura comprometida.
“Eu tenho problema de epilepsia, sou casada, meu esposo é catraieiro. Minha casa tá [sic] dentro da água. Eu tô [sic] numa embarcação”, revelou a moradora Jocilene Ramos de Miranda, 39, que atualmente mora com o marido e os três filhos em um barco de aproximadamente 7 metros.
Jocilene teve que abandonar a pequena casa de madeira depois que a estrutura começou a ceder. A família chegou a receber uma parcela de R$ 300, 00 do auxílio aluguel, mas não foi contemplada com nenhuma cesta básica – das 15 mil que foram compradas pela prefeitura por meio de um contrato suspeito – ou qualquer outro benefício da Prefeitura de Manaus.
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Atualmente, a dona de casa corre contra o tempo em busca doações de madeira para reconstruir o pouco que restou da moradia, já que está com os dias contados para sair do barco, requisitado pelo proprietário que cedeu o local por compaixão. “O dono do barco já pediu a embarcação, ele vai levar segunda ou terça-feira”, disse.
Assim como Jocilene, a maior necessidade de outros moradores tem sido madeira para reconstruir as casas. Vale ressaltar que na próxima quarta-feira David Almeida inaugura o conjunto Cidadão Manauara ao lado do presidente Jair Bolsonaro, benefício que não passou por essa família.
Cestas básicas
Outros itens essenciais, como alimentos, também fazem parte da necessidade diária das famílias, já que muitos estão desempregados. Esse é o caso da moradora Nizonar de Sousa Gomes, 61. Ela mora com mais nove familiares em uma casa de palafita, e afirma que as filhas ficaram desempregadas durante a pandemia. A família contou exclusivamente com os auxílios oferecidos pelos governos estadual e municipal.
Contudo, a moradora revela a insatisfação com a falta de qualidade das cestas básicas doadas. “Aquele rancho nos ajudou muito, mas não era um rancho bom, para dizer a verdade. Tinha feijão que ‘tava’ tão duro que a gente nem conseguia cozinhar. Podia dar um alimento melhor por causa das crianças também”, disse.
Alimentos vencidos
A má qualidade dos alimentos foi uma das denúncias apresentadas pelo vereador Amom Mandel (sem partido), na última quarta-feira (11), na Câmara Municipal de Manaus (CMM).
Segundo um dossiê de 53 páginas apresentado por ele, a Prefeitura de Manaus, por meio da Semasc, liberou a distribuição e alimentos com prazo de validade vencido para a população mais carente, preço acima do mercado e até adulteração das cestas; tudo foi negado pela prefeitura.
Só o que não pode ser negado é o abandono dessas famílias.
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