Manaus, 15 de maio de 2024
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Cenário

Cenário eleitoral em Manaus segue incerto, apontam analistas

Especialistas em pesquisas eleitorais, ouvidos pelo Portal AM1, afirmam que o cenário político envolvendo a sucessão municipal está indefinido

Cenário eleitoral em Manaus segue incerto, apontam analistas

Prefeitura de Manaus (Foto: Márcio Silva/Amazonas1)

As últimas crises instaladas no Palácio do Planalto agravadas com as saídas de importantes aliados políticos do presidente Jair Bolsonaro, como os ex-ministro da Saúde e Justiça, Luiz Henrique Mandetta e Sérgio Moro, respectivamente, não devem afetar a corrida dos pré-candidatos às eleições municipais 2020 em Manaus.

Pelo menos na avaliação dos principais especialistas em pesquisas eleitorais ouvidos pelo Portal AM1 sobre o cenário político envolvendo a sucessão municipal.

Seguindo as pesquisas

Na leitura do diretor do Instituto de Pesquisas Pontual, Eric barbosa, para chegar a essa conclusão é importante analisar o comportamento das pesquisas desde 2019 para entender o cenário atual.

De acordo com ele, nos seis primeiros meses da gestão do governador Wilson Lima (PSC) no ano passado, havia uma disputa equilibrada entre o presidente do Avante Estadual, David Almeida e o deputado federal José Ricardo (PT-AM).

No entanto, já no segundo semestre daquele mesmo ano, o ex-governador Amazonino Mendes (Podemos) começou a ganhar “velocidade” rumo à Prefeitura de Manaus, conforme conta Barbosa.

Na última pesquisa realizada pela Pontual, divulgada em março de 2020, Amazonino liderou com 29% das intenções de votos; David Almeida 14% e José Ricardo 6,3%.

O diretor defendeu, ainda, que a grande influência no cenário local parte, principalmente, da movimentação dos líderes do Executivo Municipal e Estadual.

“Tem que começar a perceber como vão se comportar o atual governador e o prefeito Arthur Virgílio para saber quem será ou não fortalecido, além disso tem a relação do aumento na reprovação do governo de Wilson Lima que tem influenciado Amazonino Mendes”, avaliou. 

“Mas é claro que não é possível afirmar nada ainda, porque uma nova pesquisa precisa ser feita para saber o que mudou diante da pandemia. Qual a tendência nesse período. Também é preciso considerar o adiamento das eleições para dezembro 2020”, concluiu o diretor do Instituto Pontual.

População desconectada 

O CEO do Instituto iMarketing, Durango Duarte afirmou que não existe um modelo de análise concreta sobre os impactos que as brigas políticas da esfera federal podem causar na municipal.

“Enquanto Mandetta e Moro caíram no governo Bolsonaro e houve o desdobramento de um impeachment contra o presidente, a maioria da população de Manaus estava ‘desconectada’ da questão eleitoral”, analisou. 

Segundo Durango, pelo menos 70% dos eleitores manauaras não consideram o momento importante para discutir sobre as eleições municipais, diante de temas consideradas por eles, mais relevantes como pandemia, desemprego, queda da renda, aumento da violência entre outros.

Ainda na avaliação do especialista, os nomes dos principais pré-candidatos a prefeitura de Manaus não devem mudar de posição com o eleitor nas próximas semanas, uma vez que eles vêm mantendo uma postura moderada e retraída neste período de isolamento social. 

“Para terem essa postura significa dizer que o cenário não mudou. Com isso, os agentes políticos só irão à sociedade civil se houver alteração nesse quadro e acredito que isso ocorra a partir do mês de junho, quando sair do pico mais grave da pandemia”, projetou o CEO do Instituto iMarketing. 

Reflexo nos discursos

Já o cientista político Israel Pinheiro Matos acredita que as brigas políticas no governo Bolsonaro, durante esse período da pandemia, devem refletir no discurso de alguns pré-candidatos ao cargo municipal.

Na leitura do analista, quem melhor “gerenciar essa crise” deve sair fortalecido para as eleições 2020. 

“Existe um eleitorado que viu no Bolsonaro uma saída para superar a corrupção no país, mas que se viu decepcionada, principalmente após a saída do ex-juiz Sérgio Moro. É justamente isso que vai acabar influenciando no próprio discurso dos candidatos que vão concorrer às eleições. Boa parte vai manter esse discurso anticorrupção”, analisou Matos.

No entanto, o cientista político afirmou que não há como elencar quem sairá fortalecido diante desse cenário.

“A pandemia evidenciou os problemas estruturais na saúde que deverão ser usados como palanque eleitoral”, disse.

“E quem de fato virar candidato terá que dar conta disso e criar um bom plano econômico, já que tudo indica que nós vamos enfrentar uma recessão pelos próximos cinco anos ocasionados pela doença. Tudo isso vai gerar desemprego e problemas sociais”, sentenciou o cientista político.